Ultraviolence;

Fucked My Way Up to the Top

Lay me down tonight
I'm your favorite girl.

Como aquele garoto era ridículo. Bobo, tolo, fácil de iludir. Antigamente essa era minha vida. Nunca chegaria aos pés de quem eu era hoje. Forte, determinado, indestrutível. Usei do sexo para chegar onde estou? Claro, muito haviam o feito. De muitos usei para chegar onde estou. Tudo que eu podia fazer era rir deles. Usei cada um daqueles homens como degraus, era o que esperavam de mim, não? Estavam todos certos. Deixei aqueles homens, senhores, de alto escalão, me usarem de vadia. Fiquei de quatro para cada um deles, e hoje estava onde estava, no mais alto ponto, no zênite da sociedade. E por quê? Porque o mundo era assim, composto daqueles que iludem e dos que são iludidos. E se eu consegui chegar a quem sou hoje por meio de transas, e daí? Que se foda, eu já fiz isso mesmo. Está feito. Eu venci.
Um por um, impiedosamente usados, caindo de joelhos sob meu olhar, sucumbiam fácil, eram fracos. Casados, solteiros, viúvos, todos, seduzidos com qualquer enredo que eu jogasse em suas direções. Alpinista social, diziam. Aproveitador, talvez. Maquiavel tinha belas palavras. Eu usei da foda para chegar ao topo, este é meu método. Preciso de você, eu dizia entre beijos, preciso agora, querido. Não vou deixá-lo, me respondiam. É claro que não iam, eu faria isso de bom grado. Gravatas e paletós eram tão mais agradáveis de despir. Magnatas eram tão melhores de convencer. Era fácil e foi o que fiz. Lá de cima eu os podia ver, ainda se arrastando, desolados, quebrados, enfurecidos. O que podiam fazer agora? Nada, eu estava acima deles, onde não conseguiam me alcançar. Meu antigo eu não detinha disso, mas agora, era ainda melhor.