Ultraviolence;

Florida Kilos

White lines, pretty baby, tattoos
Don't know what they mean
They're special, just for you.

Meu belo cowboy, de flanela e jeans, de arma e faca, rude e bravo. Você, em seu serviço de pó, plantas e pedras, me puxou para seus braços, não ligando para nada além de me ter. Sua boca ainda tinha traços de um baseado, e em seu nariz ainda se podia ver vestígios de coca. Sua venda pelo estado ia muito bem. O estado do sol. Florida.
Ah cowboy, eu gemia quando o tinha beijando minha nuca e estocando dentro de mim. Você adorava olhar meu rosto quando gozava. Porra, você era gostoso. Sempre em festas, me exibindo como um troféu, cheirando carreiras com seus parceiros, fumando, injetando, mostrando a qualidade de seu produto com tanta convicção.
O futuro prometia ser repleto de tecnologia e inovação, mas conseguíamos nos perder na simplicidade da coisa. No ato de se deixar envolver pela música, leve, e o de sentir que seu corpo se esvai em fumaça após fumar maconha com você. Adorava quando só você e eu usávamos, sozinhos no quarto, antes do sexo. Era viciante, literalmente, e você apenas queria mais. Adorava quando seu nariz, ainda com pó branco, se alojava em meu pescoço, junto de sua boca que umedecia minha garganta. Eu ainda podia sentir o doce da droga na sua língua toda vez que o beijava.
Nos perdemos, não? Creio que foi isso. Eu me perdi mais ainda no seu mundo de vício. Você era bonito, forte, mas tinha muitos defeitos. Já havia cometido crimes graves, até mesmo derramamento de sangue. Não podia arriscar mais do que já arriscava, então, em uma noite, decidi dar meu adeus. Você sentiu que eu iria embora? Talvez o tenha feito, mas aceitou, pois sabia que era o melhor a ser feito. Eu sentei no seu colo e tudo que você pôde fazer era me despir, com olhos frios e boca severa, vendo cada parte de meu corpo surgir por debaixo da roupa. Seus dedos gentis subindo pela lateral de minha coxa, dobrando na curva de meu quadril, se perdendo ali, enlouquecendo. Foi nossa última noite. Nosso último tudo.
Eu disse que iria embora, cowboy. Era um adeus, para sempre. Seu corpo nu ainda deitado ao lado do meu, continuava quente e vermelho. Olhei bem seu rosto antes de sair e caminhar sem destino pelas ruas escuras. Era, definitivamente, um adeus. Um adeus para o seu mundo, para as drogas, os crimes, as armas, e você. O adeus mais difícil que precisei dar.