Brooklyn Baby

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They say I'm too young to love you.

Você apareceu. Outro entre tantos, surgiu você. Mais experiente, talvez acima da idade, levando alguns a admitir muito juventude por minha parte, nos separando. Eles não entendiam, e me julgavam novo demais, me acusando de não entender as liberdades da década de 70. Eu diria que sou bom demais para isso, e você rebatia dizendo que sou frio, até mais que gelo. Era questão de tempo até estarmos juntos e mergulharmos de cabeça em nossa união. Eu embriagado em poesia beat e alto por anfetaminas.
Para poucos eu contava que você fazia parte de uma banda, e que, pela noite, você tocava violão para mim, enquanto eu dançava na sua frente, com penas na cabeça e cantando Lou Reed e deixando peças irem, cada vez mais expondo para você, o adulto, o antigo, o velho, aquele que mais sabia, meu amante, meu amor. Você sabia a melhor forma de me atingir, dizendo que eu estava atrasado, que devia viver no meu tempo, que não sabia algo ou que não compreendia alguma coisa. Por esta razão, me julgavam mais e mais, nos vendo juntos, mãos e dedos unidos, julgando-me como uma livro de fotografias, apenas pelas cores, sem nem mesmo ter lido. Diria que éramos como água e fogo, mar e vento. Opostos. Em cima e embaixo, você cego e eu via. Você queimava e eu congelava. Mas, acima de tudo, eu era livre, e você se prendia a tudo ao seu redor. Eu era livre.
Eu adorava cada noite com você. Nossas transas, conversas, discussões. Quando debatemos, quando falei sobre essa nação nova, sobre a nova geração, você repudiava, querendo estagnar nos velhos tempos, nos seus anos dourados. Nossos, eu corrigia. Ele apenas me mandava calar a boca e acendia mais um baseado, tragando e me passando o fumo, pouco depois sua mão ia para minha nuca, guiando minha boca para sua ereção. Uma forma de me fazer parar de falar sobre o que ele não entendia. No outro dia, tudo apenas repetia, às vezes mais monótono e às vezes mais selvagem, com sexo desesperado e citações de Allen Ginsberg. Nus, nos abraçavámos e dançavámos, sentindo a pele um do outro, febril e crua.
Era uma dança da qual eu já sabia os passos. Um dueto do qual eu já sabia a letra. Eu era seu querido do Brooklyn, seu jovem, seu garoto-amante, seu amor, seu substituível caso. Apenas mais um, mas, mesmo sendo assim, eu ficaria na sua mente, marcado eternamente como a imagem daquele que dançava, cantava e transava com você. Você não podia me esquecer, e eu apenas me deixava levar para longe. Eu era mais um aficionado pelo passado, pelo antigo, pelo velho, pela beleza de tempos passados, por movimentos que não vivi, por acontecimentos que não presenciei, por você.

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