Doze

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Rose, 
Fiquei tão feliz em saber da sua chegada... Tenho certeza de que isso tornará o processo amanhã muito mais interessante. Há muito tempo tenho ansiado por notícias sobre Vasilisa, e as suas escapadas românticas são sempre diversão garantida. Mal posso esperar para compartilhá-las no julgamento de amanhã. 

Lembranças, 
V.D. 

Li duas vezes antes que Rose falasse.

"VD-"

"Sim, eu sei", eu tentei controlar minha preocupação crescente e a brusquidão que a acompanhava. Rose era apenas o mensageiro, não o inimigo. "Victor Dashkov."

"O que vamos fazer? Quero dizer, nós conversamos sobre isso, mas agora ele está realmente dizendo que vai nos entregar." Ela olhava para mim buscando respostas e eu procurava desesperadamente por qualquer coisa que eu pudesse oferecer para confortá-la.

Meu primeiro pensamento foi o desejo inútil de que ela tivesse ficado para trás. Talvez Victor não sentisse a necessidade de ameaçá-la - ameaçar a nós - com a exposição. E mesmo que ele tivesse decidido nos revelar, ela teria sido poupada do pior da cena.

Mas não valia a pena insistir em algo que não poderia ser mudado agora. Se Rose de repente se recusasse a testemunhar, isso apenas levantaria suspeitas e pioraria as coisas.

Eu andava na frente de Rose, agora em pé e pronta para seguir qualquer plano de ataque que eu tivesse.

Você pode simplesmente deixar ele falar e deixar as cartas caírem onde devem. Minha mente traidora espiralou, enchendo minha cabeça com pensamentos que me impediam de encontrar qualquer outra solução. Você merece isso, pela forma que agiu em torno de Rose. A maneira como você pensa nela e sonha com ela. Ela ficaria melhor sem você e você estaria onde você pertence: desonrado e atrás das grades.

Não. Talvez se eu realmente pensasse que Rose ficaria melhor com a nossa história levantada no tribunal, então eu deixaria ao acaso decidir meu destino. Porém, eu conhecia Rose bem o suficiente para saber que ela lutaria para defender a si mesma. Ela lutaria para me defender. A cena se tornaria um circo, e não havia dúvida de que o moinho de boatos alimentaria a história por dias a fio. Se a Academia podia ser dura, o mundo maior era brutal.

Eu tinha que falar com ele. Ele deve querer algo dela. Por que mais ele enviaria um bilhete? Era óbvio que ele estava atiçando, jogando a isca para ela ir vê-lo. Talvez a coisa mais sábia fosse apenas ignorá-lo, mas eu sabia que a curiosidade de Roza já estava atiçada e, para ser sincero, a minha também. Seria melhor que eu a acompanhasse do que ela fosse vê-lo sozinho. Ele estava atrás das grades, nós tínhamos o domínio da bola, por assim dizer e, se pudéssemos descobrir o que ele queria, estaríamos um passo à frente. Se eu conseguisse persuadi-lo a manter a boca fechada no processo ... então que seja.

"Me dê um instante." Peguei meu telefone, discando um número que havia sido armazenado por anos sem uso.

Soltei um suspiro ofegante quando ouvi uma voz a muito esquecida me cumprimentar em uma linguagem familiar: "Belikov! Ouvi dizer que você estava vindo para a Corte".

"Grigory, já faz muito tempo. Gostaria de poder dizer que estou ligando em circunstâncias melhores, mas preciso pedir um favor."

Grigory riu, sua natureza jovial dos dias de nossa academia ainda intacta. "Não posso dizer que eu não lhe devo mais do que alguns favores. O que posso fazer pelo homem que é o único responsável por eu passar em Literatura Russa?"

"Eu preciso falar com um prisioneiro. Victor Dashkov." Eu pude ouvir a risada morrer em seu peito enquanto eu pronunciava o nome. "Você ainda trabalha guardando as celas, correto?"

Tocada pelas sombras - por Dimitri BelikovOnde histórias criam vida. Descubra agora