Só havia uma parada de verdade entre St. Vladimir e a residência dos Voda, para onde estávamos indo. Era um pequeno posto de conveniências na intersecção da montanha que cruzava o cenário paisagístico da estrada simples em que estávamos dirigindo e o trânsito mais pesado da rodovia interestadual. Não havia muito mais do que um posto de gasolina, uma lanchonete de alguma franquia e o que aparentava ser uma espécie de área de descanso para caminhoneiros que viajavam regularmente. Pelo que parecia, o local não estava muito ocupado no momento, apenas algumas carretas estavam paradas no estacionamento dos fundos, o que podia ser bom.
Rose teve outro pesadelo na noite passada. O guarda noturno patrulhando seu dormitório enviou uma mensagem para mim depois de seu turno acabar. Aparentemente, ele tinha ouvido gritos vindos do quarto dela. Gostaria que ele tivesse me contado assim que aconteceu, eu teria ido até ela novamente. Não seria a primeira vez. A primeira vez que Alberta me ligou sobre Rose acordar no meio da noite tinha sido cerca de uma semana após o funeral de Mason e ela não conseguia fazer Rose parar de tremer. Levou horas para que voltasse a dormir e, quando finalmente conseguiu, acabei ficando com ela o resto da noite. Ela tinha adormecido em meus braços e eu não queria interromper o que poderia ser o primeiro sono quase decente que ela tinha tido desde o hotel.
A noite passada devia ter sido um de seus piores pesadelos, porque ela não estava nem falando comigo. Ela sempre se recusou a me contar sobre os pesadelos, mas eu sempre sabia quando as lembranças de sua captura e a morte de Mason assombravam seus sonhos. Ela ficava quieta, reservada, bem o oposto de Rose. Mas normalmente, ela ainda se abria para mim sobre outras coisas. Hoje, ela mal tinha falado três frases para mim até agora em nosso caminho. Talvez tivesse conversado mais com a pessoa que fez seu sanduíche do que comigo durante todo o dia, e isso só porque ela insistiu que queria mais picles do que o que eles ofereceram originalmente.
Nós não tínhamos muito tempo para gastar no posto, então eu disse a Rose que comeríamos no carro enquanto terminávamos a subida. Porém, quando terminei de encher o tanque de combustível, não a encontrava em lugar algum. Esperei alguns minutos no lado do carro, com esperanças de que ela tivesse apenas entrado para usar o banheiro, mas logo ficou claro que alguma outra coisa estava acontecendo. Eu estacionei o carro longe da bomba de gasolina e olhei na pequena loja de conveniência, na praça de alimentação da lanchonete e até mesmo verifiquei os banheiros. Minha mente estava começando a conjurar todos os tipos de histórias horríveis sobre ela sendo levada enquanto eu estava de costas, revivendo meu pior pesadelo e eu tive que me lembrar mais uma vez que ela era totalmente capaz de se defender contra qualquer ameaça mortal.
Finalmente, quando virei atrás do prédio, eu a vi. Ela estava olhando para a extensão de árvores e montanhas desertas que pareciam completamente intocadas pelo mundo ao nosso redor. Tão de repente quanto a encontrei, ela caiu, virando de modo que pousasse de costas na neve imaculada.
Eu corri por instinto, fechando a distância entre nós em segundos e apressadamente procurando pelo que tinha causado a queda. Qualquer pensamento sobre uma potencial ameaça foi dissipado por sua risada. Eu não a ouvia rir em tanto tempo que me surpreendeu e me fez parar perto de onde ela estava deitada.
Com os olhos fechados e um sorriso nos lábios, Rose moveu os braços para trás e para frente para criar uma forma distinta na imagem. Minhas irmãs e eu costumávamos fazer anjos de neve no quintal depois da primeira nevasca no inverno, mas abandonamos essa tradição há mais de uma década. Ver Rose fazendo isso agora, era como dar uma olhada na infância que ela perdeu crescendo na Academia. Finalmente, ela parou e apenas olhou para o céu como se não tivesse nada melhor para fazer do que observar as nuvens passarem.
Eu finalmente tomei coragem para interromper seu momento de paz. "O que você está fazendo? Além de esfriar seu sanduíche." Andei alguns passos mais perto, minha sombra cruzando sua forma, e ela olhou para mim.
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Tocada pelas sombras - por Dimitri Belikov
FanficA vida de Dimitri nunca foi para ser dele. Fora sempre prometida à proteção dos Moroi. Ele viveu sua vida por eles mas, pela primeira vez, sente o desejo de compartilhar sua vida com outra pessoa. Ressentido com as cartas que recebeu e vagarosamente...