Gastei as últimas horas que tínhamos na Corte realizando algumas tarefas domésticas que eu não conseguiria normalmente. Levei minhas estacas para serem afiadas profissionalmente, também para reforçar sua magia. Não era algo que precisasse fazer com frequência, mas era muito mais fácil fazer essas coisas aqui na Corte que na Academia. Eu até fui comprar alguns itens familiares no mercado internacional e sentei para conversar com a babushka gentil da padaria. Não ajudou que eu pudesse sentir o cheiro de outra fornada de pão preto assando do começo da rua. Eu juro que ela estava assando eles apenas para me atrair até lá mais uma vez.
Eventualmente, no entanto, chegou a hora de dar adeus a ela e a própria Corte. Agradecido que o julgamento inteiro tivesse acabado muito mais rápido e com muito menos drama do que eu antecipara inicialmente, estava feliz em arrumar meus poucos pertences e voltar para a relativa familiaridade da Academia. Não pude conter o pensamento de que logo este lugar seria meu novo lar.
Era praticamente garantido que Vasilisa, sendo a última de sua linhagem, passaria algum tempo no epicentro governamental do nosso mundo. Não seria surpresa se nos mudássemos para cá permanentemente.
Eu não era muito de política, e minha voz não importava realmente mesmo se eu fosse, mas acho que existem lugares piores para eu passar minha vida. Não seria muito diferente da Academia em vários aspectos e teria uma grande quantidade a mais de tempo livre que teria se Lissa morasse fora das wards. Era uma ideia boa, mas por mais que eu tentasse, tinha uma voz ranzinza me lembrando que eu não teria ninguém para passar aquele tempo livre comigo. Fiz meu melhor para silencia-la com trabalho.
O avião estava sendo preparado para partir logo e eu comecei a juntar meus itens no saguão, vi que Christian e Eddie faziam o mesmo.
“Espero que as garotas voltem a tempo.” Parecia um comentário bastante inocente, mas chamou minha atenção. Até onde eu sabia, elas estavam de volta aqui, de preferência arrumando as malas como o resto de nós.
“Como assim? Elas ainda não voltaram da visita a Rainha?” Perguntei para Eddie, que estava concordando com Christian. Alberta ouviu o pedido pela Princesa Voda e contou para mim. O fato de que eu não sabia especificamente onde estavam Lissa e Rose neste momento me deixou ligeiramente nervoso.
“Ah, parece que a princesa agendou algo para elas no SPA diurno. Ela pediu que Christian e eu juntasse as coisas delas e as levasse para o avião. Elas disseram que nos encontrariam lá antes do voo.”
Eu assim, não ficando surpreso que as garotas estivessem passando um tempo juntas hoje, especialmente já que tinham tão poucas oportunidades agora. Se Eddie não parecia preocupado, então eu também não deveria. Uma checada rápida no relógio mostrou que a contagem regressiva para a decolagem estava passando rápido, no entanto.
“Elas não disseram um horário específico em que estariam de volta?”
“Não,” Christian balançou a cabeça, “Lissa achou que elas estariam de volta cerca de dez minutos atrás, mas soou mais como uma estimativa.”
“Mas estou pensando em ir lá dar uma olhada nelas,” adicionou Eddie apressado quando viu minhas sobrancelhas franzirem de preocupação.
Eu não estava questionando a decisão de Eddie de ficar longe de Lissa no momento, Alberta e eu tínhamos lhe dado permissão para fazer isso e ele a deixara nas mãos muito bem capacitadas de Rose enquanto ele assumia o cuidado de Christian. Em todo o caso, ele tinha feito tudo da maneira mais correta. Tão rápido quanto ele foi para tranquilizar minha possível desaprovação, eu me apressei em tranquilizar sua preocupação também, “Não. Fique aqui com Christian. Eu vou procurá-las se não voltarem em cinco minutos.”
Com todas as malas agrupadas e a caminho do bagageiro, cinco minutos passados no relógio, comecei a caminhar em direção ao SPA diurno que eu tinha passado na frente apenas um dia atrás na avenida principal. O sino tocou enquanto eu abria a porta, chamando a atenção da jovem recepcionista atrás do balcão. Seus olhos arregalaram mas ela se recuperou rapidamente.
“Olá. Bem-vindo ao Serenity. Você tem horário marcado?”
Sorri com o absurdo de eu poder aproveitar um lugar como aquele, mas respondi graciosamente. “Não, mas estou procurando por alguém que tinha. A Princesa Dragomir ainda está aqui? Ela e Rosemarie Hathaway estavam usando seus serviços está tarde.”
Outra mulher, alta e esguia, caminhou para trás do balcão e deu um sorriso gelado para a recepcionista. “Obrigada, hun. Pode ir para seu intervalo agora. Eu assumo até você voltar.”
A primeira garota corou com a atenção, mas assentiu. “Espere apenas eu terminar de ajudar esse senhor e então sigo meu caminho. Você disse que estava procurando pela Princesa Vasilisa e sua convidada?”
Resmunguei em concordância quando ela começou a folhear a agenda mas a mulher alta falou primeiro. “A Princesa Dragomir? Ambrose levou ela e a outra menina para visitar a tia dele agora a pouco.”
“Eve! Por que você permitiria que ele fizesse isso?!” A primeira parecia tão chocada com a notícia que eu comecei a me sentir mal enquanto esperava por uma próxima explicação.
“O que mais eu poderia fazer? Ele estava conversando com a dampira bonitinha e mencionou que a tia era uma vidente. Alguma coisa sobre descobrir o que ela estava “realmente destinada a ser” ou alguma baboseira dessas. A Princesa ficou interessada e pediu para ir. Eu tentei dizer algo, mas eles insistiram.”
“Onde elas estão agora? Você sabe?” Eu interrompi a pequena discussão das duas antes que se tornasse mais calorosa.
“O Ambrose não voltou ainda, então acho que ainda estão na Ronda. Ela trabalha nos escritórios das Salas Vermelhas, do outro lado do prédio. Você sabe onde é?”
Suprimi um grunhido. As Salas Vermelhas eram um dos piores segredos mantidos na corte. Tecnicamente, eram só outra parte do mesmo complexo de salas que este SPA funcionava, mas aquela área específica era mais diversificada. Basicamente, aqueles que trabalhavam nas Salas Vermelhas com frequência ofereciam serviços que eram muito procurados mas nem sempre considerados apropriados para se discutir entre pessoas educadas. A vidente Ronda era uma em meio aos outros proprietários. Outro proprietário basicamente comandava um bordel sob o disfarce de um clube de cavalheiros e, se você dissesse que estava indo nas Salas Vermelhas, a maioria das pessoas assumiriam que você estava visitando esse lugar.
Empresários Moroi eram os clientes mais comuns, mas eu sabia que eles estavam contentes em servir guardiões de folga também. Me contaram sobre o lugar nos primeiros dias da minha visita a Corte e, mesmo eu pessoalmente não sentindo a necessidade de tomar partido deste tipo de conforto, eu involuntariamente escutei as histórias dos meus colegas de trabalho que foram. Basicamente, não era o tipo de lugar que Rose ou Lissa deveriam ser vistas.
“Sim. Por favor, me diga, vocês tem uma saída nos fundos?”
A recepcionista principal, não a Eve, pareceu ligeiramente condescendente. “Sim, vou naquela direção agora. Levo você até lá.”
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Sala 135. 135. Onde está a sala 135?
Sophie tinha me dado instruções gerais e o número de uma sala, mas não havia nenhum diretório, então eu estava simplesmente seguindo os números e esperando pelo melhor. A maioria dos cômodos não dava nenhuma ideia do que poderia estar acontecendo por trás deles, embora eu tenha ouvido batidas muito distintas e rítmicas atrás de uma parede que eu me apressei em passar.
Finalmente, encontrei uma pequena e quase escondida ramificação do corredor principal com apenas alguns cômodos. No final, estavam os três pequenos números dourados que eu procurava. Eu bati uma vez antes de entrar, esperando encontrar as garotas do outro lado. Em vez disso, era outra recepcionista; uma muito mais hostil que a anterior.
"Outra sem agendamento? Eu tenho que dizer, é o máximo de interesse que vimos em meses." As habilidades dela de atendimento ao cliente precisavam de alguma melhoria.
"Na verdade, estou procurando alguém. Duas jovens vieram aqui? Disseram que estavam visitando a vidente Rhonda."
"Sim, Ambrose trouxe elas alguns minutos atrás. Eles estão bem atrás daquela porta. Você gostaria de esperar por eles aqui fora?" Ela gesticulou para um par de cadeiras de aparência rígida no canto que forneciam mais decoração para a sala do que tudo o resto combinado, mas isso não dizia muito.
"Na verdade, estamos com um cronograma apertado. Temos que pegar um voo em alguns minutos, então tudo bem se eu entrar?"
Ela pareceu pessoalmente descartada pela sugestão, mas assentiu para mim de qualquer forma.
Em comparação com a área de recepção, passar pela porta foi como entrar em outro mundo. Um tapete oriental exuberante, um luxuoso sofá de veludo vermelho carregado de travesseiros em tons de escarlate a vinho, e um papel de parede adamascado escuro. Com todas as várias cores de sangue no espaço, me fez pensar se essa era a razão real pela qual eles chamavam esses escritórios de Salas Vermelhas.
Através da espessa fumaça de incenso, eu podia ver Rose e Lissa sentadas em algumas almofadas diante de uma mulher que eu assumi ser a vidente e o homem observando o trio do sofá. Ele era um pouco mais novo que eu, e eu o conhecia mais pela reputação do que por qualquer outra coisa. Ambrose, o massagista da Rainha... massagista pessoal. Todas as quatro cabeças se voltaram para o som da minha súbita interrupção.
"Ah, disseram que vocês estavam aqui." Cumprimentei Rhonda com um aceno de cabeça antes de me dirigir a ela: "Desculpe interromper, mas preciso levar essas duas para o avião."
A maneira estranha que ela olhou para mim era muito familiar e enviou um arrepio pela minha espinha. Os cachos escuros de Rhonda ficaram cinzentos e ralos, sua pele tornando-se o rosto enrugado e desgastado de minha avó. A única coisa que permaneceu igual eram seus olhos. Escuros, mas afiados e penetrantes. Ela não estava apenas analisando minha aparência, ela estava analisando minha alma.
Um momento depois, ela sorriu e a ilusão foi quebrada. "Não há nada para se desculpar. Mas talvez você tenha tempo para uma leitura?"
Eu sabia que não era uma oferta, mas uma sugestão, mas ainda assim hesitei. Em geral, eu era cético em relação a esse tipo de coisa. Eu não acreditava no sobrenatural, mas seria negligente esquecer a maneira como minha avó tinha sonhos e premonições. Mais frequentemente do que não, eles se tornavam realidade e, se ver a imagem de Yeva momentos atrás era qualquer indicação, então não faria mal ouvir o que essa mulher tinha a dizer para mim.
Sentei-me na almofada vazia ao lado de Rose, desajeitadamente dobrando minhas pernas debaixo de mim no pequeno espaço. "Obrigado."
"Eu serei breve," ela assegurou, já colocando as cartas da mesa de volta na pilha e embaralhando-a antes de me oferecer o baralho um momento depois. Depois que eu cortei, ela deu três cartas.
A primeira era de um homem, um cavaleiro, montado a cavalo com uma longa lança. O segundo era um círculo, quase parecido com um relógio, mas não completamente, cercado por nuvens. A última carta era um homem, usando uma capa e de costas, enquanto cinco taças derramavam-se em volta dele. Eles não significavam nada para mim, mas eu podia ver os olhos de Rhonda piscando de um lado para o outro entre mim e as imagens na mesa.
"Você vai perder o que mais valoriza, então aproveite enquanto pode." Não havia emoção em sua voz, mas havia um aviso silencioso em seus olhos.
As palavras me perfuraram, circulando de novo e de novo em meus pensamentos, e senti o impulso de me defender contra eles. Na minha cabeça, tentei dizer a mim mesmo que não era nada, que as cartas não tinham mais poder do que a almofada em que eu estava sentado. Fiquei em silêncio e educado, mas já estava tentando encontrar uma maneira de desconsiderar todo o assunto em minha própria cabeça, por nada mais do que era perturbador demais pensar que ela poderia estar certa.
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Tocada pelas sombras - por Dimitri Belikov
FanficA vida de Dimitri nunca foi para ser dele. Fora sempre prometida à proteção dos Moroi. Ele viveu sua vida por eles mas, pela primeira vez, sente o desejo de compartilhar sua vida com outra pessoa. Ressentido com as cartas que recebeu e vagarosamente...