Plano maquiavélico

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- Como ele soube que eu estava no seu quarto?
- Eu disse a ele.
Rodrigo me respondeu, me fazendo olhar para ele com cara de espanto. Notando minha surpresa, continuou:
- Ele não te encontrou em canto nenhum. Estava preocupado demais e não evitei. Disse que você tinha ido para o meu quarto por ter tido um pesadelo e não poderia ir ao encontro dele por estar com a esposa.

Sorri fraco, com desdém. Me infantilizou, mas pelo menos, deu certo:
- Ainda bem que papai não é maldoso. Achei você muito corajoso em fazer isso. Já pensou se ele me encontrasse nua deitada em sua cama?
Ele coçou a cabeça, olhando rapidamente para baixo:
- Suspeitava que você estava vestida, pois sei que não curte ficar muito tempo pelada depois de transar.

Ri, achando muito bom por ele ter reparado naquilo.
- Mas mesmo assim, foi muito arriscado. Pega o queijo para mim, por favor. - pedi, vendo-o se levantar e ir em direção a geladeira, pegando um dos ingredientes da lasanha. Havia me pedido para fazer aquela receita e é tão fácil que parecia brincadeira.
- Certo! Não faço mais isso. Mas que bom que tudo deu certo. Assim nossa suspeita de Ricardo desconfiar de algo foi anulada.

- Verdade!- concordei e de fato, era um alívio. Meu pai via Rodrigo como uma companhia que não podia ser e não como um possível amante. Ainda bem! Se descobrisse qualquer coisa, nossa família, que já não era das melhores, seria completamente desestrurutada.
Assim que terminei as camadas da lasanha, a coloquei no forno enquanto Rodrigo lavava as louças.
- Que bom que hoje comeremos uma lasanha feita por você. Estou ansioso para provar seu tempero.
Eu sorri, dessamarrando o cabelo e parando atrás dele, abraçando-o.
- Tenho certeza que você vai gostar.
- Também tenho. Antes de te vê crescida, já era curioso, afinal Ricardo não parava de dizer que você tinha se tornado uma ótima cozinheira.
Ele deixou o resto da louça na pia e mesmo com a mão molhada, virou -se para mim e me ergueu pela cintura, me fazendo sentar na bancada. Abri minhas pernas para que pudesse ficar entre elas e envolvi meus braços no seu pescoço.
- Cíntia que me perdoe, mas ela vai encontrar louça para lavar amanhã.

Gargalhei daquilo. Só tivemos tempo de ficar juntos naquela hora, durante a noite, pois o dia todo passou resolvendo algumas coisas da sua tão sonhada empresa de designer que logo sairia do papel.

- Acho que ela não vai se importar muito.
Nossos rostos se aproximaram e beijou meu rosto devagar, depois beijando minha boca com um carinho evidente. Suas mãos apertavam minhas pernas e respirei fundo:
-Nossa, como eu te amo!
Ele sorriu fraco, me puxando mais para ficar mais perto.
- Também amo você, minha linda.
Então nos beijamos calorosomente, nos abraçando com ânimo, ali mesmo na cozinha sem nos importamos se alguém aparecesse. Após o contato, ele ergueu a cabeça e parecendo perceber algo, se distanciou de mim tão depressa que me assustou.
- O que foi, Rodrigo?
- Nada! - respondeu depressa, voltando a me olhar.
- Nada? Como nada? Você fez essa cara de espanto de repente. Alguém nos viu?
- Não, meu bem! Claro que não. - voltou a se aproximar, me abraçando com muita força e apoiando o queixo no meu ombro. De cenhos franzidos, passei a mão em suas costas, me focando em esquecer aquele comportamento repentino. Mas o que será que havia acontecido? Será que havia visto alguém e não queria me contar? Mas não poderia ser, pois se tivesse sido isso, não voltaria a me abraçar. De repente, segurou o meu rosto devagar e me fitando muito, disse com uma carinha linda:
- Você é perfeita pra mim.
Emocionada mais uma vez, o beijei com muita vontade. Nossos corpos se aproximaram e parecia que um imã nos obrigava a nos manter juntos. Bastava um simples contato para ascender o desejo incontrolável de tirar nossas roupas e transarmos sem medo. No entanto, um sonzinho repetido interrompeu nossas carícias, informando que nosso jantar já estava pronto. Ele se desprendeu de mim e parecendo animado, disse:
- Estava sonhando com esse momento. Vamos comer?
Gargalhei daquilo. Adorava quando estava divertido, pois mostrava-se espontâneo e relaxado. Dessa vez, não fomos comer na mesa, pois já havia passado o horário de jantar. Todos já haviam se alimentado do que Cíntia havia feito e aquela massa foi feito especialmente para ele.
Depois, fomos para o meu quarto, onde ficamos conversando. Apesar das minhas investidas, não quis transar. Mesmo sem ter me contado algo, sabia que não estava bem. Muitíssimo estranho.
No entanto, o momento de diálogo foi agradável. Falávamos sobre tantas coisas, aquilo que nem imaginava que teria assunto. Até que um momento, abriu a minha janela e ficamos vendo as poucas estrelas levemente escondidas pelas nuvens de chuva, em silêncio enquanto seus dedos acariciavam meus cabelos. Não demorou muito para eu pegar no sono e só durante um despertar na madrugada que percebi sua ausência. Mais uma noite que não quis dormir comigo. Logo hoje que meu pai nem estava... O que aconteceu, afinal?

AQUILO QUE SAMANTA NÃO VÊ

Sentada sobre o balcão da cozinha, Samanta beijava a Rodrigo sem perceber que os mesmo olhos claros os observava em silêncio. Aqueles olhos só não esperavam que após o contato íntimo, Rodrigo iria percebê-los, deixando-o desorientado. Rapidamente, aquele que os olhava saiu dalí, vindo retornar só quando percebeu o rapaz saindo do quarto da sobrinha mais tarde.
Rodrigo passou a mão nos cabelos e lembrou que deveria ir a um barbeiro cortá-los. Caminhou pelo corredor devagar e desceu as escadas lembrando da sua doce amada quando assustou-se com um vulto que parou na sua frente em meio à escuridão. Ao notar quem era, esbravejou:
- Mas o que você quer?
- O que eu quero? Está brincando, Rodrigo?
Ele respirou fundo, empurrando aquela pessoa para sair da sua frente. Ela veio atrás dele enquanto tentava chegar no seu quarto:
- Quer dizer que você está se apaixonando pela pirralha, Rodrigo. É isso?
Parecia não se importar muito com aquelas palavras irritantes que o perseguiam.
- Se você se apaixonar, nosso plano não vai dá certo.
-Nosso? - praticamente gritou, virando -se para a pessoa - Sempre soube que isso nunca daria certo. Mesmo que ela receba 50% da herança do Ricardo, não terei como ficar com a parte dela oficialmente, pois não dá pra casar com minha sobrinha.
- Mas apaixonada por você, poderia deixar a parte dela para você por escrito.
- Meu Deus, já está esperando a morte da garota? Não te basta pensar só no Ricardo, não?
- Nunca! - exclamou, entrando no quarto junto com ele, vendo-o tirar a camiseta na sua frente. - Eu quero todo o dinheiro da sua família.
Rodrigo tornou-se para ela com cara de nojo:
- É por isso que está comigo, não é?

Pareceu surpresa, correndo até ele para abraça-lo:
- Claro que não. Eu amo você, Rodrigo. Desde o dia que te vi pela primeira vez. Nós fazemos um casal perfeito. Somos ambiciosos e impiedosos. Podemos conquistar o que quisermos com nossa beleza.
Rodrigo sorriu fraco, convencido.
- Está certo!
- Mas não estou mais gostando do seu envolvimento com a pirralha. Quero que você termine com ela.
Ele franziu as sobrancelhas, realmente surpreso:
- Como é que é?
- Isso mesmo. Conto tudo para Ricardo e nem mais amor de irmão você terá.
- Está louca, mulher?
Ela o soltou e ficando de costas para ele, contou:
- Não. Você sempre foi a ovelha negra da família por conta das suas loucuras e logo agora, que voltou a ter o reconhecimento do seu irmão mais velho, vai querer perder assim? Imagina a reação dele ao saber que o caçulinha está trepando com sua própria filha? Que decepção horrível.
Rodrigo pareceu vivenciar aquilo em seus pensamentos, mas mesmo assim, sorriu com sarcasmo, indo até ela e a puxando pelo braço, fazendo-a virar-se para si:
- Vilma, você é muito sem noção.
Riu faceira, se aproximando e passando a mão no seu abdômen, enquanto ele a encarava:
- Nós dois juntos podemos ficar com todo dinheiro dele. Agora que, milagrosamente, o Vinicius está gostando dela, você não precisa mais se sujeitar a isso. Tudo está saindo melhor do que planejei, pois meu filho fica com ela e assim, não precisarei mais te dividir com ninguém.
- Me dividir, é? - gargalhou e sem esperar, Vilma pulou sobre ele, prendendo suas pernas na cintura masculina. Com os corpos colados, sussurrou bem próxima à boca dele, o fitando:
- Vai dá tudo certo, meu amor. Logo teremos dinheiro suficiente para vivermos bem longe daqui, longe disso tudo.
- Está dicidida em matar meu irmão mesmo? - quis saber depois de receber um selinho.
- Claro que sim. Em breve, a filhinha dele também e a empresa será toda nossa, como deveria ter sido desde o início: com você no comando.
Rodrigo ergueu as sobrancelhas, percebendo o quanto era maquiavélica e a beijou, fazendo-a vibrar. Vilma tinha um plano e estava decidida em executá-lo.

IRMÃO DO MEU PAIOnde histórias criam vida. Descubra agora