Até mais, Vini!

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Já haviam se passado dois dias desde o trágico ocorrido em nossa casa. Inicialmente, tudo estava soturno e nem nossas reuniões na hora das refeições estavam acontecendo. Eu e tio Rodrigo fomos chamados na delegacia para prestar depoimentos contra Vilma. Meu pai, por ainda ser marido, foi ouvido como informante apenas. O carro foi levado como prova em um reboque, afinal, foi constatado manuseamento inapropriado nos freios. Se meu pai não tivesse decidido ir com esse amigo, com certeza estaria morto...
As investigações estavam a todo vapor e até nos surpreendemos com uma irmã da Vilma que se pronunciou, trazendo um advogado para defendê-la. Nem sabia que tinha parentes além de seus filhos...
Ela acabou ligando pra casa querendo falar com meu pai. Pediu desculpas como se tivesse pisado no nosso pé ( mas valeu a intenção) e que queria os irmãos para viver com ela. Meu pai apenas concordou. Eu ainda quis discutir com ele, saber porque não havia dito que poderiam ficar conosco. Pacientemente me explicou que somente a família poderia ter a guarda dos mesmos.
Fiquei muito triste. Começou a surgir inúmeras questões em minha mente ligada à 220 volts: será que não veria mais Vinícius? Será que ele voltaria a se isolar? E se nossa amizade não fosse mais a mesma?
Ontem foi o dia da sua partida. Acordei muito cedo e entrei no seu quarto, sem lhe chamar, nem nada. Caminhei até a janela e abri as cortinas, gritando para que acordasse:
- Vamos acordar, meu albino preferido! Vamos tomar um café bem gostoso e aproveitar o lindo dia juntos.

De olhos fechados, apenas sorriu e cobriu o rosto com o edredom, me fazendo correr e pular sobre ele, fazendo-o gargalhar muito. Puxei o pano do seu rosto e ainda estava de olhos fechados. Disse bem próxima pondo metade do meu corpo sobre o dele:
- Bom dia, lindo! Hoje preciso ter você todinho pra mim até a hora de ir embora.
Sorriu um pouco, passando a mão no rosto:
- Nossa, como você é chata!
Ao ouvir aquilo, fingi aborrecimento e dei-lhe um pequeno tapa no peito descoberto:
- Chata? Eu? Me respeita, garot...
Nem concluí. Rapidamente me abraçou com força, me puxando para o lado e fazendo-me deitar, assim ficando sobre mim. Arregalei os olhos, surpresa com o movimento e me fitando próximo, disse:
- Você é uma chata que amo.
Eu poderia ficar estarrecida e incomodada com aquilo, procurando na minha mente uma maneira de lhe dá um fora sem frustra-lo, mas meu ser encheu-se de uma satisfação e tranquilidade imensurável. Ergui a minha mão e devagar toquei em seu rosto, observando cada ângulo daquela face quase que angelical, se não fosse seus traços tão másculos e joviais.
Seus olhos azuis brilhavam diante os meus e a boca de lábios avermelhados curvava-se levemente para um sorriso de canto. Eu queria cuidar dele... tê-lo comigo para acaricia-lo, para trazê-lo para luz nos seus dias de escuridão, para sentir todos os dias o seu toque firme ao mesmo tempo afável, perceber a serenidade em sua dinâmica... Queria amá-lo, beijá-lo... Queria ser sua...
Minha mão deslizou por detrás da sua cabeça e devagar, a puxei para aproximar-se da minha. Ele cerrou os olhos e fiz o mesmo, sentindo nossos lábios se tocando. Com isso, abri a boca lentamente, convidativa e o permitir explorar sem ressalvas em um beijo lento e delicado. Seu corpo pousou sobre o meu e já começava a sentir sua ereção encostando perto da minha virilha. Suas mãos tocaram minha coxa, procurando a barra do vestido para ergue-lo sem pressa. Quando a roupa alcançou meus seios, ergui e a passei pelos ombros e cabeça, me despindo.
Vinicius me beijou a boca mais um pouco e gemi alto, esperando que ninguém ouvisse, quando sua língua úmida tocou meu mamilo , chupando e mordiscando, um de cada, me fazendo morder o canto do lábio inferior. Sua mão desceu até minha boceta e com inexperiência, tentou encontrar meu clitóris. Sentia um tesão absurdo em vê-lo querer me satisfazer e com isso, peguei sua mão com calma, pondo seu dedo em cima do meu ponto. Me estimulava, observando minha cara de desejo e então, resolvi segurar seu pau duro, a cabeça avermelhada e o tronco rosado, começando a subir e descer proporcionado-lhe prazer como recompensa. Ele gemia perto do meu ouvido, com a voz rouca de prazer e parecia ficar louco quando movimentava meus quadris respondendo ao seu carinho. Não conseguindo se segurar, ergueu-se e se ajoelhou na cama, abrindo minha pernas e pondo-se entre elas, segurando seu pau para me penetrar. Sorri com sua impaciência excitante e suspirei quando esfregou-se rapidamente antes de entrar. Depois disso, começou a me investir com sua aptidão jovial. Logo em seguida, optamos por outra posição e nos aproveitamos por um bom tempo, como dois insaciáveis. Não sabia quando nos veriamos novamente... não sabia se o veria novamente... por isso queria corresponder ao seu amor por mais que não fosse equilibradamente recíproco. O amava sim, mas talvez não com a mesma intensidade que sentia por mim.
Após nosso momento, fiz questão de ficar com ele o tempo todo. Tomamos banho juntos, almoçamos juntos e o ajudei a arrumar algumas coisas. Dobrando algumas de suas camisetas, perguntei enquanto as colocava em uma grande mala:
- Que tia é essa?
Ele guardava cuidadosamente alguns pequenos eletrônicos dentro de uma grande mochila:
- É a tia Hilda, irmã caçula da minha mãe. Eram muito unidas até minha mãe começar a ficar com maluquices.
Continuava com minha tarefa, mas pensativa. O que será que se passava nessa família?
- E quando começaram essas maluquices ?
Não imaginava que essa pergunta deixaria Vinicius tão abalado. Abaixando a cabeça, colocou a mochila em uma cadeira, sentando-se na cama. Preocupada, sentei ao seu lado, envolvendo-lhe os ombros:
- Não precisa contar, se não quiser.
Entao, ergueu o rosto e me encarando, disse:
- Mas eu quero. - deu um grande suspiro e parecendo perder-se em lembranças, começou: - Meu pai era um homem bem sucedido, mas autoritário e agressivo. Lembro de chegar bêbado em casa e bater na minha mãe, tratando-a como uma qualquer. Em um dia desses em que chegava alterado, para se defender, acabou o esfaqueando, na minha frente. Sei que não queria fazer isso... Com as mãos ensanguentadas, me pegou no colo e correu para casa dessa tia, pois elas eram muito ligadas. Que eu me lembre, eram só elas duas. Mamãe acabou sendo presa, no entanto, foi por pouco tempo, pois consideraram a morte como um ato de defesa. Durante esse período, fiquei com a tia Hilda. Sempre foi uma ótima pessoa. Cuidou de mim como se eu fosse seu filho. - sorriu rapidamente, enquanto minha expressão era de total tristeza. Agora entendia bem o motivo dos dois serem tão exclusos de tudo. Como haviam sofrido... Como Vinicius havia sofrido ... - Quando minha mãe foi liberta, voltou completamente diferente. Possivelmente teria presenciado e ouvido coisas terríveis na cadeia. Ficou chateada por não ter ficado com alguma coisa da herança do meu pai e com isso, começou a sair com homens diferentes, escolhendo o mais rico entre eles. Foi aí que conheceu o pai de Vitória. Em menos de 2 anos de casados, o cara apareceu morto. Não duvido que alguém tenha o matado a mando dela. Ela havia ficado fria comigo, não se importava mais, só queria saber de conseguir dinheiro e alcançar destaque na alta sociedade . Aí, em uma festa, conheceu Ricardo, um homem ocupado, empresário, humanista e carente que com certeza a trataria como uma rainha. Casaram-se tão rápido que logo percebi que tratava-se de outro golpe. Senti tanta raiva disso... Mais raiva por ter me obrigado a vim junto porque o novo marido era muito fraternal...
- disse com desdém na voz, mas depois olhou para mim rapidamente e sorriu, achando que eu iria me chatear com suas palavras. Mordi o lábio inferior, sorrindo fraco. Então me puxou para um abraço e beijou perto do meu olho, voltando a me observar com meiguice - Mas que bom que vim. Pelo menos conheci você.
Fitando-o, passei o dedo por entre seus cabelos quase brancos, segurando as lágrimas que insistiam em vir após conhecer seu sofrimento:
- Nunca vou esquecer de você, Vinícius.
Gargalhou rapidamente, tateando meus lábios devagar:
- Ninguém nunca esquece uma pessoa albina, Samanta.
Tentei segurar os risos mas não consegui. O empurrei pelo ombro com força, o que o fez jogar-se na cama me trazendo junto consigo, divertidos. Gargalhamos e aos poucos, nossa atenção foi tomada por nossas mãos estendidas sobre a cama, nossos dedos se tocando com carinho. Os olhares se encontraram e ficamos nos examinando sem nada a dizer. Era bom estar daquela forma com ele... Vinícius também me fazia se sentir bem...

Mais tarde, um carro veio buscá-los e do lado de fora, meu pai, Rodrigo e eu nos despediamos dos irmãos. Vitória abraçou um de cada e veio sorrindo após receber algumas cócegas do seu palhaço favorito, Rodrigo. Me abaixei e na sua altura, sussurrei assim que recebi seu abraço:
- Vou sentir saudades!
A pequena sorriu e beijou meu rosto, logo correndo para dentro do carro, vestida em um lindo vestido florido. Me ergui lentamente e esbocei um sorriso fraco assim que Vinícius parou na minha frente. Um passo e estavamos face a face. Ergui meus braços e os envolvi em seu pescoço, apoiando o rosto no seu peito. Ele me abraçou e disse bem baixinho, próximo ao meu ouvido:
- Nos veremos em breve.
Voltei minha cabeça para trás e passei meus dedos em seu rosto, subindo até os cabelos enquanto cerrava os olhos com o contato.
- Sei que sim.
Com isso, me soltou e distanciou-se, indo para o carro e sentando-se ao lado da irmã. Ela apoiou-se na janela e ascenou com empolgação inocente. Vinícius preferiu manter-se quieto. Nem percebi quando meu pai se aproximou e colocou seu braço sobre mim. Rodrigo olhou pra gente e ergueu os ombros, chegando mais perto. O carro atravessou o portão de entrada e então sumiu por trás dos muros de proteção.
Meu pai me encarou sério e sorri, fazendo-o responder com a mesma expressão. Rodrigo lembrou, com as mãos para trás do corpo:
- Acho que amanhã o chororô será grande, já que será eu quem vai embora.
Eu e Ricardo nos olhamos com desdém e entortando o canto da boca, nos voltamos para Rodrigo que já sorria:
- Soltaremos foguetes, isso sim. - Ricardo gracejou e caímos nos risos ao mesmo tempo que Rodrigo apertava os olhos com cara de desaprovação:
- Mas que mentira! Vocês me amam!
Papai me puxou para entrar, fingindo indiferença. Rodrigo nos seguiu e optamos em jantar juntos. Era a primeira vez que somente nós três nos reuniamos à mesa. Depois da refeição, fomos assistir TV e em seguida, cada um foi para o seu quarto. Ao entrar no meu, senti uma melancolia me consumir.
Logo, voltaria para casa e tudo seria rotina, como sempre. Em meio a tantas pessoas, de gostos, feições e estilos diferentes, eu estaria sozinha, novamente.

IRMÃO DO MEU PAIOnde histórias criam vida. Descubra agora