Capítulo 5 - Reencontro

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     Acho que eu nunca tive uma ressaca tão grande em minha vida, merda de ideia do Dênis de sair pra beber após o plantão.
Olhando com olhos semi abertos percebi que não sabia onde estava, olhei ao meu redor até perceber que estava no apartamento do Dênis.
-Ufa! Menos mal.
A não ser por perceber que eu estava completamente nu.
-Que porra é essa Lucas , coloca uma roupa por favor! Ninguém merece acordar e ver um cara peladão assim.
-Cara o que houve, eu não lembro de nada.
-É isso que dá levar o Primo inexperiente pra beber. Me lembre de nunca mais fazer isso. E vai tomar um banho e colocar uma roupa, a caminho do hospital eu te conto o que aconteceu.
Após o banho me troquei, tomei café e logo saímos rumo ao hospital.
-E foi isso, você depois de beber muitos Martines, decidiu me mostrar como se chegar em uma mulher, e quando você escolheu seu alvo indo até ela você tropeçou e caiu de cara - riu por um tempo antes de terminar- de cara nos peitos dela.
-Como eu fui fazer isso, pior como eu não me lembro de ter feito isso.Bom pelo menos ela deve ter me desculpado sendo que eu não tenho nenhum arranhão. -Disse parando o caro já no estacionamento do hospital.
-É com certeza.
Ele me encarou tirando os óculos de sol, que nem havia percebido que ele estava usando.
-Cara o que aconteceu com você?!
-Acontece que a senhorita em questão não te desculpou, e quando ela te deu uma de direita... e deixa eu dizer que direita, você se abaixou , aliás meu amigo só você pra ter reflexo tão bom quando se está bebado, e o soco acertou o amigo aqui.
     Não tinha como não rir daquilo, parecia aventura de dois adolescentes, saindo pra beber e pegar garotas só voltam pra casa bêbados e com o olho roxo.
-Cara fico te devendo uma.
-Mais que uma.
-Eu falei que não era uma boa idéia.
-Relaxa, a próxima é por sua conta.
Saímos do carro e fomos para dentro do hospital, cumprimentamos Bia a recepcionista, ela sempre estava com um sorriso no rosto.
Fomos primeiro a sala do Dênis, Priscila nos cumprimentou e olhando para o olho roxo de Dênis, vi um ar de preocupação em seu olhar, afinal quem se preocupa assim se não ama?
-O que houve Dênis?
-Nada não Pri, só banquei o herói do meu primo.
-Se me der licença vou buscar uma pomada que é ótima pra hematomas. - Parece que eu a vi chorar quando passou por mim.
-Dênis, tem uma coisa que eu ainda não entendi... o que eu fazia pelado?
-Sei lá primo, escutei ontem a noite você reclamar de calor, disse algo sobre ilha de nudismo deve ser besteira de bebum.
E o riso foi unânime, apesar de Dênis ser cabeça dura de vez em quando, meio desajustado ele era meu melhor amigo, desde crianças brincávamos juntos na casa de nossos avós, depois na adolescência nos separamos um pouco, e quando fomos pra faculdade a surpresa quando fui apresentado ao meu novo colega de quarto, e desde então conversamos sempre que podemos, o que ajuda um pouco trabalharmos no mesmo hospital.
-Cara a conversa e a piada foi boa mas eu preciso ir ver meus pacientes.
-Falando nisso, vou te encaminhar uma paciente ela está com Leucemia, vi os resultados dos exames dela ontem, ela é tão jovem eu nunca vou me acostumar a ver esses casos e não ficar triste.
-Ok. Mande a Pri levar a ficha dela que eu vou olhar. -Saindo de sua sala- Bom dia! Te trago um bife no almoço! -Falei apontando pro seu olho.
-Vai se ferrar!
E sai às gargalhadas.
O dia passou como de costume, atendendo pacientes, medicando os que estavam internados, e uma coisa incrível tinha conseguido almoçar, o que era raro. Voltando a minha sala do refeitório, resolvi dar uma olhada na ficha médica da tal paciente que Dênis falou, ela tinha um tipo de Leucemia chamada Leucemia Linfocítica Aguda, ela é mais comum em crianças muito raro em adultos mas não impossível, a sorte dela que estava no começo então ela tinha uma chance de 50% de cura. Denis tinha razão nunca é mais fácil tratar alguém com cancer, ou dar esse diagnóstico a um paciente. Me fez lembrar dos meus motivos em querer ser Oncologista, minha avó teve câncer no esôfago, e minha mãe sofreu muito cuidando dela até sua partida, e na minha vez não foi diferente minha mãe teve câncer de mama, mas descobriu tardiamente e não foi possível um tratamento. Então eu quis me especializar nesta área para poder tratar as mães, as avós, os filhos, e tentar fazer o possível pra cura-los. Com essa moça não será diferente vou fazer o possível e rezar pelo impossível.
     Dona Sônia minha assistente veio me lembrar que hoje era dia de festa na Pediatria, havia uma linda menininha que estava indo pra casa e seus pais quiseram fazer uma festa para celebrar com as outras crianças.
-Dona Sônia por favor, estou esperando uma paciente que a Pri vai trazer, mas não sei em que horário ela vira, telefone pra ela e diga pra levar ela direto pra Ala Pediatrica se vier nesse horário.
-Claro seu Lucas.
-Obrigado!
     Dona Sônia era uma senhora em seus cinquenta e poucos anos, mas sempre muito eficiente e calma me ajudava em tudo que eu precisasse no hospital e na vida pessoal também, ela era como uma segunda mãe.
     Chegando a Pediatria logo vi ela a pequena Sofia, estava tão feliz que essa felicidade fazia tudo valer a pena, a festa foi na área de lazer e convívio das crianças , quando elas tinham permissão iam pra lá brincar e passar um tempo.
-Pequena, tudo bem? Você está bem hoje?
-Tio Lucas, sim, tio eu vou pra casa. - e a pequena menina pulou no meu colo e como uma preguicinha ficou agarrada no meu pescoço.
     Estavamos brincando de cosquinha quando ouvi a voz de Priscila.
-Doutor.
-Oi Pri, o que devo a honra de sua visita? - Brinquei com ela.
Quando a vi, a mesma garota do esbarrão, meu Deus será ela?
-Doutor essa é Clara, ela que o doutor Dênis comentou com o senhor hoje de manhã.
-Boa tarde! Cumprimentei-a e ela me cumprimentou de volta.
-Só mais uns minutinhos e iremos para minha sala. Se quiserem podem brincar com as crianças enquanto isso, é sempre bom pra elas terem com quem conversar. - Elas concordaram. Me virei novamente pra me despedir de Sofia.
-Pequena o Tio Lucas tá muito feliz que você está indo embora, mas vou sentir saudade o dia que quiser pode pedir pra mamãe e pro papai trazer você pra me visitar tudo bem?
-Eba, e você vai me dar MilShake?
-Vou pensar- fiz cara de pensativo- claro pequena. Agora o tio Lucas precisa ir cuidar de outra paciente tá bom ?
-Sim tio, é aquela moça bonita ali?
Olhei para ela, realmente ela era muito bonita, no outro dia parecia que estava muito triste deve ter sido pelo diagnóstico, mas hoje está com um novo brilho no olhar, talvez seja esperança. Me despedi das outras crianças e dos pais de Sofia.
-Agora sim. - Me referi a minha nova paciente e a amiga que estava com ela - Vamos?
Ela não disse uma palavra somente assentiu com a cabeça. Será que ela me reconheceu e ainda estava brava pelo esbarrão?
Chegando a minha sala convidei as para entrar e se sentar pois a conversa seria muito séria.

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Lucas pega leve com ela foi só um esbarrão!
😂

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