Capítulo 13 - Respostas?

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     Todos os dias no hospital eram movimentados mas nada se comparava com aquele dia. Somente naquela manhã tive que cobrir o plantão do Dênis atender os meus pacientes e também a ala Pediátrica da oncologia. A manhã passou voando, terminando meu almoço se é que podia chamar assim duas barras de cereal, olhei no relógio eram duas horas, logo Clara estaria aqui, estava tão ansioso em poder vê-la novamente, falar com ela depois de ontem e ver se talvez mudou alguma coisa.
-Doutor Lucas. - ouvi uma voz familiar. Ao me virar me deparei com Sheila mãe da Sofia ela estava com lágrimas nos olhos e abraçando apertado um ursinho que era da filha.
-Oi Sheila o que houve?
-Doutor...minha filha teve uma recaída está internada novamente, o médico que estava de plantão ontem disse que o caso dela é grave, eu gostaria muito que o senhor desse uma olhada e me desse o seu diagnóstico, por favor Doutor Lucas.
-Claro vamos me leve até lá.
Passamos pela ala pediátrica e fomos para unidade intensiva e lá estava a pequena Sofia aquela menina alegre e sorridente hoje estava cheia de fios e tubos sendo monitorada, com certeza o caso é grave realmente quando o câncer reage ao tratamento e volta o vem mais agressivo.
-Sheila eu vou examiná-la e ver novamente os exames, vou conversar com o médico que a internou e falo com a senhora assim que eu tiver um diagnóstico. A senhora pode aguardar na sala de espera perto do corredor.
-Tudo bem doutor.
Entrei no quarto, a pequena parecia que estava em um sono profundo ela era uma menininha linda, realmente me apeguei muito a ela durante seu tratamento. Olhei seus exames olhei seus sinais vitais realmente dessa vez o câncer estava mais agressivo, preciso conversar com Doutor Oscar sobre o caso.
Antes de ir liguei para Dona Sônia para que ela avisasse Clara que hoje o Doutor Henrique a atenderia por mais que eu quisesse estar lá com ela nesse momento Sofia precisa de mim.
Doutor Oscar era patologista mas também era plantonista na semi-intensiva eu encontrei logo ali na sua sala conversamos sobre o caso, juntos decidimos que a primeira medida seria entrar com uma quimioterapia mais forte, mas no caso dela provavelmente precisaria de um transplante de células-tronco.
-Meu Deus tão pequena e lutando contra essa doença.
-Lucas essa doença terrível não escolhe idades, muito menos polpa os inocentes, vamos fazer o possível. - Disse Doutor Oscar.
-Sim, vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajuda-la.
Vou fazer o melhor para que ela possa viver esse é o meu dever como médico lutar pela vida. Voltei para sala de espera e fui conversar com Sheila mãe da pequena Sofia. Ela me viu e se levantou do sofá.
-Doutor Lucas como minha filha está?
-Sheila o caso da Sofia é grave, você precisa ser forte. -Ela começou a chorar. -A leocemia dela voltou mais agressiva e ao que tudo indica ela precisará de um transplante de medula.
-Ela tem chances do Doutor?
-Eu não posso mentir para a senhora, o caso dela é grave, mas Sofia é uma garotinha forte ela vai lutar pela vida, o que a senhora precisa agora é mobilizar a família para conseguir um doador.
-Claro eu vou ligar agora para o meu marido.
-Nós já entramos com medicações e se ela for mesmo precisar do transplante nós vamos entrar em contato.
-Doutor faça o possível para salvar a vida da minha filha.
-Eu farei. Agora vá para casa descanse e volte no horário de visitas tudo bem?
-Ta bom doutor obrigada.
Assim aquela mãe foi embora com o coração em mil pedaços com muitas dúvidas e incertezas. Essa doença era mesmo devastadora em um momento ela estava feliz por ter ido embora para casa com seus amiguinhos seus irmãos e agora já está aqui novamente correndo risco de vida. Isso me fez pensar na Clara, o que eu faria se acontecesse o mesmo com ela, o que seria de mim se o pior viesse? Não poderia pensar nisso agora, preciso terminar o meu turno e depois vou procura-lá.
Chegando à sala de medicação eu a vi sentada em uma das poltronas, ela estava dormindo, quando dormia parecia um anjo, sua respiração era leve, calma nem aparentava o fardo que carregava. Me aproximei e sentei em uma poltrona do seu lado, fiquei ali por um tempo a observando enquanto ela dormia, poderia ficar ali por horas. A enfermeira se aproximou de mim.
-Doutor Lucas estão o chamando na ala Pediatrica.
-Tudo bem, já vou indo!
A olhei de novo, ela continuava dormindo.
-Enfermeira por favor não diga que estive aqui. - Nem sei por que pedi isso, talvez não quisesse que ela ficasse desapontada por não te-la esperado.
-Pode deixar doutor.
-Ela estava bem? Quando chegou?
-Sim, ela estava calma.
-Que bom. Obrigado.
Deixei a sala e me dirigi a ala Pediatrica Doutor Oscar estava me esperando.
-Boa tarde Doutor Lucas.
-Boa tarde.
-Me acompanhe por favor.
Fomos até sua sala onde poderíamos conversar mais a vontade.
-Lucas como previmos, saíram os novos exames da Sofia e ela vai precisar mesmo do transplante, eu o chamei por que achei melhor você dar a notícia a família.
Eu fiquei em silêncio por um momento, mas sim eu queria dar a notícia mesmo não sendo muito boa.
-Claro, vou agora mesmo avisa Los.
Deixei sua sala e fui para a minha, Dona Sônia estava no meio de sua telenovela, a única coisa sagrada pra ela, as vezes quando precisava ficar até mais tarde no hospital eu sempre a via na sala de espera tentando aumentar o volume para ouvir melhor, então instalei uma na minha sala para lhe dar um pouco de conforto.
-Lucas? Ainda aqui? -Ela me disse surpresa.
-Sim Dona Sônia, fui chamado quando estava indo pra casa. A senhora pode entrar em contato com a mãe da Sofia Almeida, preciso que ela e o marido venham ao hospital imediatamente.
-Claro, vou ligar agora mesmo.
-Obrigado.
Fui para minha mesa me sentei e respirei fundo. Nunca era fácil dar uma notícia assim, o transplante poderia sim dar muito certo , mas Sofia estava numa situação médica muito complicada o que tinha muitos riscos.
-Doutor, os pais estão vindo pra cá.
-Obrigado Dona Sônia. Você pode me avisar quando eles chegarem?
-Claro, estou aqui, se precisar de algo pode me chamar. - Ela voltou a sua telenovela.
Fechei os olhos por um instante e só o que vinha a minha mente era seu rosto, traços suaves e selvagens ao mesmo tempo, Clara era realmente uma linda mulher, tentava mais uma vez entender os meus sentimentos por ela, mas era inútil nunca tinha sentido algo assim antes, mesmo sabendo de tudo que ela iria passar e das incertezas a minha frente, ela valia a pena. Apenas em pensar conhecê-la melhor me extasiava.
-Lucas? -Dênis me fez saltar em meus pensamentos. - Cara onde você estava? No mundo da Lua?
-Você me deu um susto, estava pensando na Clara.
-Clara? A Clara sua paciente?
-Sim, eu não sei o que estou sentindo mas, é algo que nunca senti antes.
-Primo eu sei bem o que você está sentindo, pula fora antes que fique pior.
-Como assim Dênis? Nunca me permiti algo a mais com ninguém e agora que estou sentindo você me fala pra cair fora? Que amigo você é?
-Um amigo realista que já sofreu por amor!
-Dênis eu sei tudo que você passou, esqueceu que foi na minha casa que você ficou quando tudo aconteceu? Mas eu acho que você precisa dar uma nova chance a si mesmo de amar outra vez.
-Você diz isso por que nunca sofreu por amor! Siga você o meu conselho, não se apaixone e se apaixonar.... Corra....
-Bom vamos refletir sobre isso não ? Vamos mudar de assunto, que você acha de sairmos amanhã? Beber conversar um pouco , eu você e o Diego.
-Diego? O Mecânico?
-Ele mesmo, está na cidade e me chamou pra ir beber. Que você acha?
-Ta bom! Diego conseguirá mudar seu pensamento... Ele já sofreu assim como eu.
-Vamos ver, amanhã você tenta me convencer de novo.
-Vou indo meu turno acabou, passei aqui só pra dar um oi.
Dênis foi embora, acho que seria mais difícil do que pensávamos juntar aqueles dois. Eu mais uma vez fiquei ali perdido em pensamentos, ele podia ter razão? Não me importava se tivesse, se eu sofreria, precisava me arriscar, ou seria sempre o cara que viu o amor passar ao seu lado e não fez nada a respeito.
-Amanhã, será minha grande chance!


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