Capítulo 17 - Perdas

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-Nós a perdemos Doutor.

Essa frase ecoava em minha mente me fazendo sentir o peso de um médico.
Dr. Oscar se aproximou olhou firme em meus olhos.

-Temos que avisar os familiares Lucas.

-Eu me encarrego disso.

Saindo da sala me sentindo o mais derrotado possível, fiz a higienização e me dirigi a sala de espera do centro cirúrgico.

Lá estavam eles os seus familiares Sheila estava abraçada ao marido e pareciam estar rezando.

Seu irmão apenas se divertia olhando as revistas afinal era uma criança não sabia a gravidade da situação e seus avós estavam cochilando na cadeira.

Dona Sheila foi a primeira que me viu, ela se levantou e veio em minha direção logo atrás dela seu marido.

-Doutor o senhor tem alguma notícia?

Eu me calei, o que iria falar pra uma mãe que lutou tanto por sua filha e agora vê lá perder a batalha da vida.

-Sheila o estada da Sofia era muito grave, quando ela voltou para o hospital o câncer estava mais agressivo e nós fizemos todo o possível. Infelizmente ela não resistiu a cirurgia.

Aquela mulher ficou me olhando como se sua ficha ainda não tivesse caído, ela olhou no fundo dos meus olhos e as lágrimas escorreram por seu rosto.

-Obrigada doutor eu sei que o senhor fez todo o possível para salvar a vida da minha menina.

-Eu realmente sinto muito.

Ela se virou abraçou o marido e os avós que já haviam se levantado e vindo em sua direção, ali desabaram em choro e lamentação da perda de um anjinho.

Sai dali e caminhei em direção da minha sala. Aquela cena me fez lembrar de quando eu era garoto, estava na sala de espera de um hospital da mesma maneira que essa família, a minha era mais pequena somente minha mãe, minha irmã e eu.

Esperávamos notícias da cirurgia da minha vó, minha mãe muito religiosa não tirava seu terço da mão. Eu e minha irmã tínhamos 10 anos naquela época e jogávamos um jogo de dominó que estava em uma mesinha no centro da sala.

Vi quando o médico se aproximou conversou com minha mãe.

Quando ela virou para se aproximar de nós dois ela chorava, eu me levantei e em seguida minha irmã fomos até ela e a abraçamos ali ficamos até ela se acalmar.

Minha mãe sempre pareceu ser forte mas naquele momento pude ver sua "fraqueza" e foi ali, naquele momento que eu decidi que seria médico para poder salvar muitas vidas, não queria que nenhuma família sentisse o que a minha estava sentindo.

Recordando minha infância nem percebi e já estava na minha sala e sentado no chão de frente com o sofá, onde Clara dormia como um anjo.

Pude observa-la dormir e me apertou ainda mais o coração, não será fácil pra mim se o seu tratamento não surtir efeito e ela também for levada de mim.

Logo eu, que nunca iria me apaixonar entro de cabeça num relacionamento que pode não ter um futuro e não por desejo dos dois mas por uma fatalidade da vida.

Em silêncio comecei uma prece.

"Meu Deus sei que faz muito tempo que eu não te procuro e nem sei como fazer isso direito... Só quero que me dê a oportunidade de ficar com ela, que eu possa mostrar pra ela o mundo, que possamos passar pelas etapas do namoro, noivado e até casamento, filhos, netos e tudo mais que uma vida longa proporcionar.... é tudo que peço uma vida longa e feliz com a Clara."

Curado pelo amor!Onde histórias criam vida. Descubra agora