Capítulo 12 - Se abrir

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Já estava me trocando quando Raquel entrou no quarto.
-Bom dia Dorminhoca!
-Bom dia!
-Soube que vamos sair juntas no sábado....
-Parece que sim.
-Que bom Clara, ainda bem que você deu uma oportunidade pra ele.
-Não não , você não entendeu.... Nós dois vamos tentar juntar o Doutor Dênis com a Priscila. Só vamos bancar os cupidos.- Deu um sorrisinho.
-Ta bom, se você está dizendo, mas o Lucas que saiu daqui ontem tava feliz de mais pra ser só isso.
-Esquece, nunca vai dar certo.
-Você acha mesmo? Por que o que eu vejo entre vocês é que os dois juntos dariam sim muito certo.
-Raquel, e se o tratamento não der certo? Você já pensou nisso? Você sabe o que vai acontecer né?
-Não fale isso Clara. Você mais do que ninguém precisa ter esperança, vamos se anime, deixa as coisas fluírem, por favor me promete uma coisa, não impeça nada, o que acontecer deixe acontecer! E se por acaso se seu tratamento não der certo você não acha que deveria ter a chance de viver um grande amor antes de você ir?
-Ai Raquel, eu não sei outro dia tive um sonho .... E eu estava no caixão e o Lucas estava debruçado em cima dele chorando por mim. Foi tão assustador, não quero que ele sofra se algo acontecer!
-Clara foi só um sonho, ninguém pode prever o futuro. Se dê a chance de ser feliz.
Olhei para Raquel com lágrimas nos olhos. Será que eu merecia ser feliz? Por que a vida até aqui não foi muito legal comigo.
-Tudo bem, vamos ver no que dá.
-Assim que se fala! Clara ele não é o Pedro, ele é diferente.
-Eu sei por isso não quero fazer ele sofrer. Obrigada pelo conselho, te amo sabia?
-E quem não me ama? Eu sou de mais.
Minha amiga sempre me fazia rir nos piores momentos.
-Agora vou indo pro hospital, me dá a conta de luz que eu vou passar pra pagar.
-Não, pode deixar é caminho do restaurante eu pago.
-Tudo bem. Deixa eu ir se não me atraso.
A abracei e sai, saindo do prédio encontrei com uma pessoa que não esperava ver.
-Pedro? O que faz aqui?
-Oi, Clara eu estava correndo aqui perto e resolvi dar um oi.
-Bom, oi agora se me der licença preciso ir ao hospital.
-O que houve você está bem? - Perguntou preocupado.
-Sim estou muito bem, mesmo que você não acredite. É apenas minha nova rotina vivo no hospital agora.
-Sei com aquele seu namoradinho.
-Talvez, bom não lhe devo satisfação não é mesmo. Preciso mesmo ir se não vou me atrasar.
-Clara me desculpe.
-Pelo que?
-Por tudo, principalmente por eu ter te abandonado, eu .... Eu não aguentaria ver você sofrer...
-Nao aguentaria me ver sofrer, mas me fez sofrer. Que ironia não?
-Eu sei que você pode e deve me odiar, mas depois que a gente se separou meus dias são vazios, eu sei que sou fraco mas vou tentar ser forte por você. Me perdoa?
-Pedro por incrível que pareça eu não te odeio, já esqueci. Sim te perdoou eu imagino que não deva ser fácil receber uma notícia dessas, pra mim também não foi.
-Então quer dizer que .... -Ele se aproximou de mim colocou suas mãos no meu rosto, meu Deus ele ia me beijar.
-Calma,...eu te perdoou mas não quer dizer que vamos voltar ao que éramos. Podemos ser amigos? -Ele se afastou olhou para o chão envergonhado.
-Sim tudo bem, pra mim só poder ter você de volta a minha vida é um grande passo. Não importa se é como amiga ou namorada.
-Amigos? -Estendi minha mão pra ele.
-Amigos! - Disse apertando minha mão.
-Pedro eu preciso mesmo ir me desculpe se não vou me atrasar.
-Claro, vai, podemos nos ver qualquer dia?
-Sim me liga a gente marca um café.
Nos despedimos entrei no meu carro turbinado, sorri com o pensamento que me fez lembrar dele e segui rumo ao hospital.
Já estava na recepção a recepcionista sempre sorridente.
-Clara Albuquerque - Ela chamou.
-Sou eu! - me levantei indo em direção a ela.
-Clara o doutor Lucas pediu para você esperar na sala dele, ele teve uma emergência mas logo irá te atender.
-Ok obrigada.
Indo pra sua sala encontrei com Priscila, essa seria a minha chance.
-Priscila. - A chamei.
-Clara que bom te ver.
-Digo o mesmo. Eu queria mesmo falar com você foi muito bom te encontrar aqui.
-Falar comigo?
-Isso mesmo, eu e a Raquel vamos sair amanhã, sabe pra esparecer um pouco você não gostaria de ir com a gente?
-Nossa, eu gostaria muito de ir! Faz muito tempo que ninguém me convida pra sair. Obrigada Clara! - Ela me abraçou e pareceu até que vi uma lágrima em seus olhos, só quero saber qual será sua reação quando ver quem iremos encontrar "por acaso" amanhã.
-Onde vamos? - Ela continuou.
-Raquel disse que abriu um barzinho bem badalado perto do restaurante que trabalhamos, pensamos de ir para lá.
-Legal, depois você me manda o endereço ? Vou anotar pra você meu telefone. - Ela pegou um papel do seu bolso uma caneta anotou um número e me entregou.
-Mando sim, agora eu vou indo por que preciso esperar o Lucas na sala dele.
-Tudo bem, então espero sua mensagem.
Nos despedimos e eu continuei rumo a sua sala, primeira parte da operação concluída. Estava me sentindo uma agente secreta, cheguei na sala dele e entrei, não tinha ninguém lá então fiquei esperando. Fiquei observando seu consultório, na parede havia alguns diplomas aliás muitos, realmente ele colocava sua carreira em primeiro lugar, em sua mesa havia alguns enfeites e alguns porta retratos, em uma das fotos ele estava com uma senhora muito bonita, ela tinha cabelos castanhos e olhos azuis, seus olhos eram iguais ao dele, eles eram muito parecidos talvez fosse sua mãe. Em outra havia um garotinho loiro com um sorriso inconfundível e uma senhora mais velha já com seus cabelos brancos, poderia ser sua avó? E depois vi mais um, ele estava junto com uma jovem mulher muito bonita era morena e estava bronzeada, ela.tinha cabelos e olhos castanhos, estava de biquíni e ele sem camisa abraçados onde parecia ser uma praia ela usava um anel de noivado, bom parece que o doutor não foi tão sincero assim.
-Que ódio, como fui boba!- Uma lágrima rolou de meus olhos.
Fingiu que nunca teve uma namorada, mas pelo visto teve uma noiva, realmente todos os homens são iguais como pude sequer pensar em dar uma oportunidade pra ele. O que ele iria querer com uma paciente? Eu devo ter me enganando feio. Em meus pensamentos nem percebi quando uma senhora entrou na sala.
-Clara? - Ela me disse.
-Sim, sou eu.
-Doutor Lucas não conseguira vir, ele me pediu para te dizer que sente muito o Doutor Henrinque irá te acompanhar hoje e esclarecer qualquer dúvida que você tenha.
-Tudo bem - Senti uma pontada de tristeza em não poder vê-lo hoje, talvez seja melhor assim.
-Se puder me acompanhar eu te levarei até a sala de medicação.
-Ok. - me levantei e segui aquela pequena senhora.
Parecia uma sala comum, havia algumas poltronas reclináveis onde algumas pessoas estavam no soro, isso não seria problema não tinha medo de agulhas.
Lá havia um médico bem jovem, ruivo com os olhos verdes, seus rosto era confortante com aquelas sardinhas.
-Boa tarde Doutor Henrique!
-Boa tarde Dona Sônia! - Disse o médico simpático.
-Vim trazer a Clara pra sua primeira sessão de quimio.
-Ela é a paciente que o Lucas me falou?
-Sim ela mesma. Bom agora há vou indo tenha um ótimo trabalho!
-Obrigado pra senhora também.
E assim aquela pequena senhora sumiu de nossas vistas.
-Clara pode se sentar em uma das poltronas, vou pedir pra enfermeira preparar o soro e logo vou te explicar tudo ok?
-Sim doutor.
Me sentei em uma poltrona afastada onde não havia muitas pessoas em volta, estava me sentindo mal e eu sabia por que, ele mentiu, se ele mentiu tinha motivo provavelmente estava apenas querendo uma aventura com uma paciente.
-Boa tarde Clara, meu nome é Juliana sou a enfermeira responsável pelo setor estarei aqui pra te acompanhar durante seu tratamento.
-Boa tarde.
-Agora vou pulsionar a sua veia para passar a medição.
-Ta bom.
Ela colocou aquela borracha em meu braço para achar a veia, limpou com o algodão e em um segundo, eu nem senti o soro já estava no meu braço.
-Nossa você é boa mesmo, eu nem senti nada.
-Que bom. Fico feliz. Logo o Doutor Henrique vem conversar com você, eu vou colocar o soro bem lento por que as vezes o medicamento pode arder um pouco.
-Ok.
Ela se afastou e eu fiquei ali observando aquela sala, aquelas pessoas algumas pareciam mesmo doentes, outras se não estivessem ali nem era perceptível, fiquei imaginando o qual seria minha aparência daqui a algumas semanas.
-Vejo que a enfermeira já colocou a medicação. -Disse o Doutor Henrique.
-Sim e é muito eficiente no que faz.
-Que bom, a Juliana é mesmo uma ótima enfermeira. Bom Clara agora vou esclarecer algumas coisas pra você sobre o tratamento que irá fazer aqui, a primeira coisa como você já viu será através de soro na veia, a segunda coisa é que você terá que tomar três vezes por semana por enquanto, esse é o começo do seu tratamento então talvez você tenha alguns efeitos colaterais alguns são normais mas, não deixe de falar nada para seu médico entendeu? Por mais comum que pareça, se algum remédio der uma reação não desejada talvez seja preciso trocar a sua medicação. Você me entendeu até aqui?
-Sim doutor.
-Hoje após terminar sua medicação você precisara ficar uma hora em observação para ver se haverá alguma reação, depois disso pode ir pra casa tranquilamente, mas a partir de hoje é preciso que você tenha uma rotina saudável, comer sempre na hora certa, dormir na hora certa e dormir bem, tudo isso ajudará a você não se sentir mal durante o tratamento.
-Ok.
-Lembre-se Clara hoje começou a luta contra sua doença e você precisa ser muito forte pra enfrenta-la não desista você tem muita chance de vencer.
-Obrigada.
-Foi um prazer te conhecer, se um dia precisar pode me ligar - Ele me deu o seu cartão - Tenha um ótimo fim de semana!
Eu fiquei ali pensando no que ele me disse, tomara que eu tenha chance mesmo, quero muito viver. Tem tanta coisa ainda que eu quero fazer, planos a realizar, pessoas a conhecer, pensando em tudo isso e em todo o meu dia acabei adormecendo.

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Música: Halo - Beyoncé

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