Capítulo 7 - Amizade

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O Sol começou a entrar pela janela do meu novo quarto em mais uma dia para me despertar.
A noite passou muito rápida depois do banho, comi um pouco de sopa que Raquel preparou e fui me deitar. Ultimamente ando muito cansada e um pouco desanimada, talvez algum sintoma da doenca? Não sei, preciso perguntar isso ao Doutor Lucas. Bom preciso me levantar me arrumar tomar café e ir ao hospital, mais exames...que Deus permita que eu não desanime.
Raquel estava na cozinha se preparando pra ir trabalhar, era feriado mas o restaurante no feriado transbordava e é claro que ela não queria abusar da bondade de nosso chefe.
-Bom dia! - Ela disse assim que me viu.
-Bom dia... - Retribui bem desanimada.
-Voce está bem?
-Sim, só um pouco desanimada.
-Então, hoje que você vai fazer os exames não é?
-Sim são hoje, e não estou nem um pouco segura com isso.
-Eu gostaria muito de ir com você mas hoje é meu turno e não posso faltar.
-Não tem problema Raquel você estará comigo sempre. Seu apoio me dá muita força.
-Ai amiga! -Me abraçou tão depressa e apertado que eu nem consegui devolver.
-Então vá se trocar eu vou terminar de preparar o café.
-Mas eu já me troquei.
Ela me olhou com cara de poucos amigos.
-E você vai assim ver o Doutor Bonitão? - Me olhou de cima em baixo.
-Desencana Raquel são só exames.
-Só exames não, você agora é uma mulher solteira, e além disso linda e muito interessante. Você precisa se arrumar melhor.
-Voce quer dizer por interessante ter Leucemia, uma doença que pode ter ou não cura? Quem é o louco que vai querer se comprometer com alguém como eu?
-Clara....me desculpe eu não queria te deixar triste, mas você é uma mulher interessante com ou sem Leucemia, essa doença não te define querida.
Eu fiquei em silêncio, mas sabia que não era verdade...Quem em sã consciência sairia com alguém como eu? Que poderia ou não morrer daqui a algum tempo.
-Vamos eu ainda tenho um tempo vou te ajudar.
Me senti como uma boneca nas mãos de uma criança, ela me maquiou, penteou os meus cabelos, escolheu minha roupa só faltou me vestir. Digamos que era uma simples calça jeans clara, uma bata listrada preta e branca, ema sapatilha preta e um casaco preto por cima, mas a forma como ela colocou tudo me fez ficar bonita, ao menos me sentia assim. Terminando minha maquiagem.
-Voilà.
-Obrigada Amiga. Estou me sentindo menos feia.
-Clara para de ser boba você está linda! Agora vamos andando que eu não posso me atrasar e nem você com o Bonitão.
Virei meus olhos pra ela. Após tomarmos café, seguimos rumo a porta. Fomos no meu carro, eu a deixei no restaurante e segui para o hospital. Segui pensando sobre mim, será que Raquel tinha razão? Alguem ainda teria interesse em mim? Não poderia ter esperança, eu li um pouco sobre isso ontem e vi que provavelmente terei que fazer quimioterapia, e com certeza meu cabelo irá cair e eu terei que corta-lo, quem vai querer alguém careca?
-Ao menos seu lencinho vai me servir Sofia!
Cheguei no estacionamento, desliguei o carro e fiquei esperando, nem eu sabia o que esperava, mas eu simplesmente não conseguia sair do carro. Fiquei ali por uns dez minutos mais ou menos quando o vi chegar, Doutor Lucas, ele realmente era lindo, em outra ocasião me permitiria até sonhar um pouco mas na minha situação e ainda sendo meu médico o que ele poderia querer comigo? Esperei ele entrar então sai do carro e fui em direção a entrada. Tão grande foi a minha surpresa quando ouvi uma voz conhecida me chamar.
-Clara?
Eu o olhei não com raiva dessa vez mas com indiferença.
-Oi Pedro.
-Como está?
-Melhor impossível.
-Duvido mas tudo bem.
-Voce dúvida do que? Que eu estou bem apesar de minha doença? Ou que estou bem apesar de você?
Ele ficou meio sem jeito mas como advogado que era foi logo se defender.
-Imagino que será difícil agora você encontrar alguém como eu, não? Com essa sua doença quem poderia querer um relacionamento com você?
(Nota da Autora: Esse Pedro é um imbecil mas ele vai ter troco podem esperar rsrs)
Parei diante de tal afirmação, era tudo que eu pensava durante toda a manhã e me era afirmada por tal idiota, estava sentindo as lágrimas começarem a se formar...
-Talvez não seja tão difícil assim.
Senti uma mão me segurar na cintura e vi o olhar de ódio no rosto de Pedro olhando para o lado vi que era Lucas, como um cavaleiro no seu cavalo branco vindo em socorro de uma donzela em perigo.
-Tudo bem amor? Ele perguntou olhando em meus olhos.
-Sim querido - disse entrando em seu teatro.
-Foi rápida hein? - disse o imbecil.
-Na verdade eu fui rápido, eu já estava interessado por ela há muito tempo só esperei ela acordar e ver o idiota com quem ela estava e me dar uma oportunidade.
Pedro ficou com a cara no chão, e foi embora sem dizer nada.
Eu o olhei com admiração e agracimento.
-Vamos entrar?
Ele disse ainda me segurando na cintura. Depois de entrarmos ele me soltou olhou nos meus olhos e perguntou.
-Voce está bem?
E eu simplismente ri. Ri muito, não conseguia parar de rir, quando a um minuto atrás minha vontade era de chorar agora eu estava gargalhando e ele se juntou a mim. Acredito que todos na recepção ficaram nos olhando pensando que piada perdemos?
-Obrigada Doutor.
-Ja disse pra me chamar de Lucas, e ninguém tem direito de tratar uma mulher assim. Desculpe se eu me intrometi.
-Desculpe? Eu adorei - disse aos risos - você viu a cara dele?
-Ele ficou com cara de Otário, o que ele já é tendo perdido alguém como você.
Será que eu ouvi isso mesmo? Aquilo me gelou. Mas me fiz de desentendida. Provavelmente ele só estava levantando minha alto estima como o meu médico.
Nós fomos até sua sala onde conversamos novamente sobre algumas dúvidas que eu tinha e ele me explicou sobre os exames que iria fazer.
-Precisamos de novos exames de Sangue , também faremos raio-x e ultrassom. E amanhã preciso que você volte para a coleta da medula. Como eu já te expliquei precisamos fazer uma biópsia para ver o grau que você está, mas fique calma esse exame tem anestesia local, você vai sentir apenas um incomodo e talvez sinta esse mesmo incômodo por uns 2 dias e amanhã após o exame precisará de repouso. Você tem mais alguma dúvida?
-Não Lucas. - nem notei quando finalmente o chamei pelo nome.
-Então vamos? Eu vou te levar até lá.
Ele me acompanhou até os laboratórios para os exames de sangue. Depois no raio-x , por último o ultrassom. Ele me acompanhou durante todo o procedimento.
-Bom Clara, agora te vejo amanhã para o exame, antes quero que você passe em minha sala para conversarmos.
-Claro Lucas, até amanhã. - Apertei sua mão e segui meu caminho.
Do lado de fora do hospital pude perceber as nuvens se formando. Mais um dia de chuva, me fez lembrar aquele dia que eu vim aqui pela primeira vez o dia em que minha vida havia virado de ponta cabeça. Mas desta vez estava com esperança, essa que me animava sobre o futuro.
Entrei no carro, dei partida e nada do carro pegar. Tentei de novo, e de novo e de novo.
-Porcaria.
Sai do carro ergui o capô.
-Como se você entendesse alguma coisa não é Clara? - Disse a mim mesma.
-Talvez seja a bateria.
Num sobressalto acabei batendo minha cabeça na tampa do capô. Era Lucas.
-Oiii....pois é , ...... é será? Eu não entendo muito, aliás não entendo nada.
-Desculpe eu a assustei?
-Imagino eu só estava concentrada.
-Posso dar uma olhada ?
Assenti. Ele tentou dar partida, olhou o motor e disse.
-Olha posso te dizer uma coisa? Também não entendo nada de carros. -
E nós dois caímos na risada.
-Eu tenho um amigo mecânico e se quiser eu peço pra ele dar uma olhada, mas hoje ele está viajando talvez ele possa amanhã.
-Obrigada vou aceitar.
Começou a chover, uma chuva fina mas que molhava muito.
-Vamos eu te dou uma carona você não pode se resfriar.
-Obrigada. - Apenas peguei minha bolsa fechei o carro e o acompanhei até o seu carro.
Entrando no carro o agradeci novamente.
-Então o que você vai fazer hoje?- Sua pergunta me espantou.
-Bom meus planos são maravilhosos, deitar na cama embaixo do edredom e assistir Netflix.
-Realmente é muito tentador, mas e se eu te oferece algo melhor?
-Isso é um convite?
-Na verdade sim, e um pedido de ajuda também, eu vou visitar uma clínica infantil hoje, e minha assistente dona Sônia não pode vir comigo e se você quiser podemos ir lá, brincar um pouco com as crianças, você me ajuda a examina-las e depois eu te deixo em sua casa.
-Ok. Tudo bem então.
-Ótimo, você vai adorar aquelas crianças.
Sorri pra ele.
Seguimos conversando pelo caminho coisas do dia a dia. Não como Médico e Paciente mas como Clara e Lucas.
Talvez ele possa ser um bom amigo.

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Fonte:
https://www.tuasaude.com/biopsia-da-medula/


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