Sei que deveria ser forte mas não era nada fácil , no caminho até o hospital tive vários sentimentos diferentes, insegurança, confiança, incerteza, esperança, medo e coragem. Sei que hoje seria só um exame mas logo logo seriam as quimioterapias o que eu tinha mais medo. Fui em silêncio o caminho todo, acho que Raquel percebeu o clima então não disse uma palavra até chegarmos lá.
-Pronta? - Ela disse ao chegarmos no estacionamento.
-Pronta! Vou enfrentar e lutar, essa doença não vai me vencer!
-Assim que se fala.
Descemos do carro e caminhos um pouco mais pois o estacionamento estava lotado, chegando próximo onde eu havia parado meu carro no dia anterior encontramos um cara encostado na porta, provavelmente era o mecânico.
-Menina, que mecânico é esse? Quero quebrar meu carro também!
-Xiu... fica quieta Raquel. -Adverti minha amiga. Devo confessar que ele era realmente bonito, era moreno, alto e seu físico não era nada mal. Mas enfim não era meu tipo , e no momento o meu único tipo era o que estava vindo da entrada do hospital nos encontrar. Nos aproximamos do mecânico e Lucas já estava ali ao nosso lado.
-Bom dia! -Todos nos cumprimentamos.
-Clara esse é o amigo que eu tinha te falado.
-Muito prazer meu nome é Diego.
-Ola o prazer é meu! - Raquel disse ja se entromentendo e apertando sua mão - Que mãos firmes!
-Oi. - Só dei um oi porque estava com muita vontade de rir olhando a cena de Raquel tentando chamar a atenção do mecânico....-Aqui estão as chaves. -Entreguei as chaves pra ele.
-Ok, até a tarde mando uma mensagem para falar sobre o carro, e dependendo da situação até amanhã de manhã ele estará novinho em folha.
-Obrigada Diego. - Agradeci.
-Bom agora eu preciso ir andando, por que hoje a oficina está cheia. Vou mandar o guincho rebocar seu carro até lá.
-Valeu Diego! -Lucas o agradeceu.
-Que isso irmão, pode me chamar quando precisar!
Nos despedimos de Diego e Raquel soltou até um suspiro, não podia acreditar na minha amiga. Lucas voltou sua atenção para mim, me olhou com aqueles olhos azuis e eu quase derreti.
-Como você está Clara?
-Estou bem. Bom um pouco nervosa.
-Fique calma, tudo vai passar logo.
-E você Raquel tudo bem?
-Claro Doutor Bonitão.
Meus Deus alguém tampa a boca da minha amiga por favor.
-Vamos entrar? -Ele disfarçou.
-Sim vamos.- Fui andando na sua frente.
Eu já estava ali vestida com a camisola do hospital um pouco envergonhada posso dizer devido aquele modelito ser totalmente aberto nas costas, até o momento Raquel estava comigo mas na sala de cirurgia ela não poderia entrar.
-Clara Albuquerque - Uma enfermeira perguntou.
-Sou eu. - Como se tivesse mais alguém ali com aquela "linda" camisola.
-Pode me acompanhar eu a levarei para o centro cirúrgico.
Raquel segurou minha mão.
-Vai dar tudo certo amiga!
-Estou confiando nisso. - Acompanhei a enfermeira.
A sala era fria e senti uma ponta de medo aparecendo. Principalmente quando eu o vi, Ele estava lindo com aquela roupa Azul, estava com uma máscara na boca e uma touca também azul na cabeça. Todos ali estavam com as mesmas roupas que ele.
Ele se aproximou de mim junto com outro médico.
-Clara, este é o Doutor Oscar ele que irá realizar o procedimento, fique tranquila não demora muito. Após o procedimento você será levada ao quarto para ficar de repouso. Ok?
-Ok.
-Vamos começar então. - Disse Doutor Oscar.
Deitada de bruços sobre a maca senti quando limparam o local com algo gelado me deixando com mais frio ainda. Senti uma picadinha, depois ficou dormente. Lucas apareceu perto de mim.
-Tudo bem?
-Sim.
-A anestesia já foi aplicada, agora vamos coletar o sangue da medula. Você não vai sentir dor mas sentirá uma pressão e um pequeno desconforto.
-ok.
E senti mesmo, como se enfiasem algo dentro do meu osso, não doía mas era estranho era realmente desconfortável, por um momento me arrependi de não aceitar um remédio pra dormir.
Lucas se aproximoi novamente.
-Esta quase terminando o procedimento. Logo estará no quarto.
-Ok, obrigada.
Assim que o procedimento terminou a enfermeira me colocou em uma cadeira de rodas e me levou de volta ao quarto.
Raquel ainda estava lá, se levantou quando eu cheguei.
-Amiga que bom, já está aqui.
-Sim, também achei que demoraria mais.
A enfermeira me ajudou a subir na cama e logo saiu.
-E como foi? Doeu muito?
-Não, eles aplicaram anestesia por isso não sentir dor, apenas um encomodo quero ver quando passar o efeito. -Fiz uma cara de dor.
Depois de ficarmos conversando por um bom tempo acabei adormecendo, quando acordei o dia já havia ido embora a noite começava a chegar. Olhei no quarto mas Raquel não estava mais ali. A porta se abriu, e aquela moça do outra dia, assistente do Doutor Dênis apareceu.
-Oi Clara, posso ver que já acordou.
Sorri para ela ainda sonolenta.
-Acabei de acordar. Você sabe da minha amiga?
-Ela pediu que te avisasse, ela foi pra casa esperar seu carro chegar mas volta quando você tiver alta.
-A Raquel não perde uma.
-Como?
-Eu fiz de novo, desculpe eu tenho costume de falar comigo mesma as vezes.
-Eu entendo, também faço isso, principalmente quando estou nervosa com algo.
-Entre pro clube das bocas abertas, como é seu nome mesmo?
-Priscila.
-É mesmo, não vou esquecer mais.
Ficamos ali um bom tempo conversando, sei que conheci ela ali no hospital e nunca tínhamos tido uma conversa informal, mas parecia que nos conhecíamos a anos. Assuntos surgiam aos montes, adorei ela, ela me passava confiança, sentia que ela se transformaria em uma ótima amiga. Um barulho na porta nos enterrompeu, ele abriu a porta.
-Possa entrar?
-Claro que sim Lucas. Estou fazendo companhia pra Clara. Bom mas já que você chegou eu vou indo . Tchau Clara foi muito bom conversar com você.
-Tchau Pri, eu também adorei conversar com você!
Assim ela saiu e fechou a porta. Ele se aproximou e sentou na cadeira onde antes Priscila estava.
-Vim ver se você está bem. Está sentindo muita dor?
-Estou bem, estou sentindo um pouco de dor.
-Isso é normal vai passar daqui uns dois dias, eu vou te receitar um remédio pra dor. Também passei pra te dar alta, sua amiga vai levá-la embora?
-Sim, ela foi pra casa mas vou ligar pra ela e logo ela estará aqui.
-Nao, não precisa. Eu levo você.
-Obrigada Lucas, mas eu não quero te incomodar, você deve estar cansado trabalhou o dia todo.
-Eu faço questão. Por favor.
Ele olhando pra mim com aqueles olhos e pedindo por favor.... Como poderia negar.
-Tudo bem, eu aceito. Obrigada.
-Bom eu vou te dar licença para se trocar, vou pedir a enfermeira pra te ajudar. Eu espero lá fora.
-Obrigada.
Ele era tão gentil, e lindo.
- Esquece ele Clara. Não é pra você e nem é o momento de se relacionar. - Disse a mim mesma.
A enfermeira me ajudou, logo estava pronta e sentada na cadeira de rodas. Saindo na porta com a enfermeira me empurrando Lucas a interrompeu.
-Pode deixar que a partir daqui eu a levo.
-Sim doutor, boa noite.
-Agora eu vou ser seu motorista particular dona Clara.
-Meu Deus que perigo, por favor cuidado pra não esbarrar em ninguém. - Falei rindo.
-Ainda não falamos sobre isso, mas já que tocou no assunto, desculpe novamente pelo esbarrão do outro dia.
Acho que fiquei vermelha.
-Lucas eu que preciso pedir desculpas, a culpa do esbarrão foi minha e ainda descontei tudo de mal no meu dia em você. Aquele dia foi o dia que eu descobri sobre a Leucemia e o dia que o Pedro me largou.
-Sinto muito. Bom pelo menos você se livrou daquele otário.
Dei uma risada.
-Realmente percebi que o que pensei que seria pra vida toda era só faixada.
-Bom não vamos falar mais disso, agora você precisa relaxar e lembre-se quando chegar em casa repouso. Se não essa dor irá piorar.
-Ok Doutor Exigente.
Em fim chegamos ao carro ele abriu a porta me ajudou a entrar no lado do passageiro, depois entrou do seu lado e partimos.
Já era noite e estava com um pouco de fome, não via a hora de chegar em casa e devorar o jantar que provavelmente a Raquel teria feito. No caminho até em casa não conversamos nada sobre hospital, tratamento ou coisa do tipo, apenas sobre música, esportes, livros. Nos conhecendo um pouco melhor, se aquilo não fosse apenas uma carona seria um encontro, ri com aquele pensamento.
-O que foi? - Ele me perguntou
-Nada. Apenas estava pensando que estou morta de fome!
-Nossa agora que você falou eu também estou, hoje só consegui tomar café da manhã. E comer uma barra a tarde.
-Lucas, tive uma ideia, pra agradecer a carona você poderia jantar hoje com a gente, o que você acha? Raquel faz uma comida divina.
-Bom sendo assim, meu estômago aceita.
-Fico feliz. Vou avisar ela.Mandei uma mensagem pra minha amiga.
AMIGA,....ESTOU INDO PRA CASA, COLOCA MAIS UM LUGAR A MESA... TEREMOS COMPANHIA. BJS.
Logo obtive respostas
NÃO DIGA QUE É O DOUTOR BONITÃO?
Ela sempre foi direto ao ponto mesmo!
SIM, .... ELE MESMO.
Respondi!
PODE DEIXAR COMIGO, VOU CRIAR UM AMBIENTE ROMÂNTICO!
Deus, o que passa na cabeça dessa minha amiga!
NÃOOOOO !!!! POR FAVOR NAO FALE NADA SOBRE ESSE ASSUNTO! SOMOS SÓ AMIGOS! ELE SÓ ESTÁ ME DANDO UMA CARONA AMIGÁVEL, E EU O CONVIDEI AMIGAVELMENTE PARA JANTAR COM NOS DUAS!
OK OK SE VOCÊ DIZ!
FICA DE MAIS ACENDER VELAS?RAQUEL.....
BRINCADEIRA ....RSRSRS
Agora era minha vez de provocar!
E O MECÂNICO?
AMIGA ELE É MAIS LINDO DE MACACÃO. VAMOS SAIR JUNTOS ESSE FIM DE SEMANA!
VIVA ! PELO MENOS UMA DE NOS VAI TER UM PAR ROMÂNTICO NESSA HISTÓRIA!
SÓ NÃO TEM POR QUE NÃO QUER, OLHA PRO SEU LADO !
BJS ESTAMOS QUASE CHEGANDO!
Não sei por que fui provocar, ela sempre ganha, olhei para o lado como ela me disse, pude ver um Lucas concentrado no trânsito, com cara séria, como ele ficava bonito assim. Será que talvez? .... Só talvez..... Teríamos alguma chance? ..... E se tivéssemos .... Ele desistiria de mim se a doença se agravasse?.... Bom eu nunca saberei preciso me controlar ele não merece sofrer, e ele irá sofrer se o tratamento não der certo, e meu destino for a Morte!
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Curado pelo amor!
Romance(EM REVISÃO) Quer um romance que promete te tirar o fôlego e o chão, ao mesmo tempo? Então venha conferir essa história e descobrir que o amor pode curar qualquer ferida... Lucas é um rapaz que vem de uma família humilde e amorosa. Tendo que batalha...