Antonella

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Sai da empresa depois que o buffet tinha terminado de recolher as mesas. Antes, passei na sala de Leônidas para me despedir e dar os parabéns, bati na porta e tentei entrar, mas estava trancada. Acho que ele foi embora sem se despedir. Dei de ombros, o entedia, também queria muito ir embora.
Quando já estava dando partida no carro lembrei que Luca já deveria estar a caminho para me encontrar. Bati na testa, como pude esquecer. Passei uma mensagem de que estava no estacionamento e deitei a cabeça no volante para esperar.

Luca chegou em menos de vinte minutos.  Bateu no vidro e eu levantei um pouquinho a cabeça do volante. Ele viu meu estado, e pela cara que ele fez eu devia estar deplorável.

_ Boa noite, querida! - Luca tinha uma voz grossa, e era o único homem no mundo que conseguia falar querida sem soar forçado. Aquela palavra na boca dele significa o que ela era, que eu era querida.- Chega pra lá. Eu dirijo até sua casa.

Não discuti, fiz um mochocho, arredei para o lado e deixei ele assumir o volante, relaxei no banco do carona e dormi. Não vi que a luz do escritório do Leônidas estava acesa.

Luca entrou no sítio da minha avó e me levou direto para a minha casa que ficava no final do terreno. A casa de Dona Nadir ficava na entrada da porteira, não era por nada que vivíamos em casa separadas, além da privacidade. Sempre quis ter meu canto e vivíamos bem assim.

_ Lena, acorda.- Luca me chamou baixinho. - Preciso da chave.

_ Debaixo do cacto.- murmurei e fui saindo do carro.

_ Quando falei que era para você tirar a chave debaixo do tapete, não era para colocar debaixo de outra coisa e sim não deixar aqui fora! -  só encarei ele, não estava para discussão.

Ele abriu a porta, acendeu as luzes. Eu não me importei de Luca ver minha bagunça, ele já conhecia tudo ali de trás para frente. Minha sala era toda fofa, com seu sofá que praticamente engolia as pessoas e duas poltronas azuis. Haviam nichos nas paredes com  fotos de toda a família, e várias delas com Luca. Cada lugar tinha um toque todo especial meu. Minha casa era o lugar mais aconchegante que eu poderia querer. Fui direto para o quarto e me joguei na cama gigante que ocupava uma das paredes, Luca entrou e tirou meus sapatos e me empurrou para o canto da cama, deitando logo em seguida. 

_ Tá muito cansada? - Eu conhecia aquela voz de "preciso de ajuda agora". Abri o olho bem devagarinho e olhei na direção dele, estava tudo escuro, mas eu sentia os olhos dele inquisitivos em cima de mim.

_ Pode falar. - virei meu corpo na direção dele.

_ Tô apaixonado, Lena. - Eu até acordei. Luca nunca se apaixonava, ninguém despertava aquilo nele. Ele virava amigo, companheiro, mas paixão? Nunca ouvi ele falar disso. 

_ Me conta com calma. - Usei a voz de " fala tudo, eu estou aqui." e esperei. Eu senti que aquele amor dele estava machucando. Tive a impressão que não era correspondido.

_ Lena, vou falar, você vai ouvir. Combinado? - Xiiiiiiii!!! É merda. 

_ ok. - Assenti.

_ Ela é especial, Lena. Nunca senti isso, essa coisa, sabe? Esse descontrole. Acho que fico puto só de um cara olhar pra ela. Se ela sorri eu fico todo bobo. Você me entende? - Eita! Que o negócio é grave! E sem querer me lembrei do Leônidas.

_ Tá. Você está ferrado, isso eu já entendi. Mas porquê você não falou com ela,  Lu? Não é possível que ela não queira. Se eu não fosse eu, com certeza eu ia te querer.

_ Ela não me quer. - Como assim?!?

_ Nossa! Me dá o telefone dela! Ela é quem, a Miss Universo? É a Afrodite? A rainha de sabá? Porque pelo amor de Deus!

HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora