14 - Escolhas

16 2 0
                                    


Não levaria o maior apresso, nem mesmo se fizesse tudo a todos. (bloco 3 fim da primeira página)

       Era cedo quando combinou uma reunião com Tietz em seu escritório. Esperava uma resposta que o agradasse. Wolmar ainda estava em sua investigação no hospital. Conjugava que alguém o estava envolvendo em uma chantagem empresarial. Seria um problema. Os envelopes era sua deixa, sua porta de saída para se desvincular de uma vez da Vale-X. Mas tudo tinha que acontecer antes do julgamento. Mexia em alguns papéis quando viu o barulho da porta. Era Tietz com uma expressão de poucos amigos.

       - Noite ruim? – Sua voz pareceu de um torturador de confissões.

       Tietz não respondeu, caminhando em sua direção. Cabelos arrumados às pressas e os botões do terno abertos, batendo como asas de um corvo. Sentou na poltrona de frente, de braços e ombros relaxados.

       - Alguma novidade? – sem resposta, o fez prosseguir. – O sujeito está no controle? A algo para se preocupar?

       Uma bocejada seguido de uma respiração profunda, Tietz deu de ombros as perguntas.

       - Wolmar ligou?

       - E deveria? – Repreendeu.

       - Eu não sei! Você que tem que me dizer. – Olhou Samuel de olhos trincados, pelas ranhuras vermelhas das veias do globo ocular.

       - Algum problema?

       - Sempre há um problema! – Exclamou, o tom afirmativo e pouco sereno, esticou as sobrancelhas de Samuel que iria dizer algo, interrompido – por um momento eu pensei no que nossa aliança se baseava, é claro, uma troca de favores, uma interdependência! Mas aí eu pensei... Samuel e Wolmar são aliados há anos. Quer dizer, Wolmar, o seu subordinado!

       Samuel pensou em mandá-lo calar a boca, mas o sujeito aparentava estar sereno demais, com certeza, encorajado no que estava fazendo.

       - Eu não sou seu subordinado! Eu sei que você e Wolmar estão de segredinhos, se eu cair, vocês também irão cair! – Bateu a mão sobre a mesa – você pode ter certeza disso!

       - É uma ameaça?

       - Leve como quiser Samuel! Leve como quiser.

       - Olha os modos garoto. Estamos juntos nessa. Você não tem do que reclamar. Melhor voltar para casa e dormir um pouco.

       - Do que eu posso esperar de você? É capaz de enganar um homem e tirar proveito público disso. Você o ameaçou para que aceitasse sua proposta suja....

       - Vejo que você se dedicou bem as minhas anotações, não imaginava que iria ler as letras miúdas.

       - Agora está aí, o manipulando de novo e depois descartá-lo, quando conseguir os envelopes....

       - Chega! Chega disso. Você aceitou essa proposta desde o início. Agora não vem dar uma de advogado recém-formado, querendo mudar o mundo. Chega! –Levantou da poltrona e firmou os pulsos sobre a mesa – Se você falhar! Você vai cair sozinho. Você não é meu subordinado e somos aliados sim. Não sou seu patrãozinho querido, nem seu amigo. Não espere que eu o chame para um churrasco no fim de semana e nem que eu ligue no seu aniversário! Agora trate de fazer o seu trabalho, que eu faço o meu! Estamos entendidos - Sentou bruscamente na poltrona. Os segundos de silêncio o controlaram, prosseguindo calmamente – Como foi com Robson?

       - Está em ordem! Robson não é preocupação no momento.

       Samuel quase riu balançando a cabeça. Mas Tietz estava estranho. Resolveu não entrar mais no assunto.

Caminhos De Uma SentençaOnde histórias criam vida. Descubra agora