As piores lembranças são aquelas que não se pode perdoar
Seus olhos abriram. Não lembrou como foi dormir na noite passada. Conversando algo com Phil, foi a única coisa que lembrou. Ficou deitado olhando para o forro de madeira pintado de branco. Estava leve e com preguiça de levantar. Seja o que foi que tinha tomado, funcionou. Cápsulas para dormir, cápsulas para se manter acordado. Isso era o que conhecia e tomava na maior parte da rotina de merda que teve nos últimos anos.
Nunca teve o costume de tomar chá ou algo parecido. Mudou o foco do pensamento e levantou, ficando sentado na cama por mais um tempo. Pressionou a nuca e puxou a cabeça para trás. Sem dor de cabeça ou pressão sobre os olhos. Até os pensamentos estavam preguiçosos. Olhou para um pequeno relógio de ponteiro quadrado de cor lilás. Passava das 10:30. Foi até o banheiro se lavar.
- Como pude dormir tanto.
No corredor indo até a cozinha, parou, surpreso, como uma luz acendendo em sua mente. Uma noite sem pesadelos. Na cozinha viu uma garrafa térmica preta e uma xícara de porcelana branca, com guardanapos cobrindo algo. Levantou, tinha duas torradas com manteiga e um palito de madeira. Não entendeu o palito mas pegou a torrada e se serviu com a garrafa que tinha café. Por sorte estava quente.
Ouviu vozes do lado de fora da casa e pareciam familiares. Pegou a segunda torrada e foi comendo até a janela com vista para rua. Phil estava conversando com uma velha senhora, não entendia a conversa pela distância, que estava mais para um soar de diálogos irregulares. O sorriso da senhora e o balançar de cabeça, pode ver que era uma despedida. Phil entrou pelo pequeno portão com uma sacola na mão. Quando abriu a porta, se deparou com Robson em pé com metade de uma torrada na mão e uma xícara que exalava vapor pela borda na outra.
- Olha quem acordou! – Exclamou, puxando um largo sorriso.
- Quem era? – Perguntou olhando para a rua.
- Senhora Dolores, mãe da amiga que mora com minha filha, ela tem me ajudado muito – cortou o assunto colocando os braços sobre os ombros de Robson. – Alguém precisava dormir por aqui, não é?
- O que você colocou naquele chá?
- Não coloquei nada! Eu vi como sua expressão estava cansada, a cidreira só o ajudou a relaxar e a dormir melhor. Nada de milagres. Pelo jeito você realmente estava precisando de um boa noite de sono.
Os dois foram até a cozinha. Abriu a sacola tirando uma caixa de ovos, leite e cereais.
- Por esses dias, confesso que não ando dormindo muito bem.
Phil arrumava a dispensa colocando a sacola vazia em uma lata de lixo, virou para ele, que estava logo atrás, encostado.
- Está com algum problema que eu possa te ajudar?
- Não! Não a nada para se preocupar. – Não mostrou confiança no que disse fazendo Phil concordar discretamente.
- Eu fico vendo você às vezes parado, como se estivesse em outro planeta. Está acontecendo alguma coisa? – Aproximou o deixando aflito em seu tom de voz.
- Não é nada...é..... É um assunto pessoal – olhou de relance mudando de assunto. – Vai fazer o que de almoço hoje?
Phil buscou sua atenção no que já estava fazendo indo até a geladeira.
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Caminhos De Uma Sentença
Mystery / ThrillerA história é sobre um esboço de um aspirante a escritor seguindo uma linha investigativa juntando o ponto de vista de quatro personagens e suas expectativas. Um jogo de traições, assassinatos e mentiras em um universo que um jovem escritor, revela e...