28 de março de 2012
Um dos seguranças havia acabado de me trazer um café, a sexta ou sétima xícara, não lembro. Repassava sobre a mesa e separava em pilhas os jornais de notícias da época, que eu já tinha lido. Me disponibilizaram um notebook, onde eu assisti dois vídeos. Os jornais e revistas me detalhavam mais o que eu estava buscando. Também não me sentiria bem, mexendo em algo que era deles. Mas já havia me acostumado com a tensão. Isso tudo ocorreu antes de eu começar a ouvir o último possível capítulo.
Olhei profundamente nos olhos dela quando terminou. Seguidamente busquei olhar pelos cantos da lanchonete. Já estava noite e não tinha quase movimento na rua. Nem preciso dizer que não entrou uma alma vivente naquele local. Parecia que sabiam que o mal estava lá dentro, ou havia mais segurança lá fora.
- Porque me contou tudo isso? – Perguntei sem olha-la.
- Simples! Quero que conte a história.
- Eu poderia simplesmente usar todos os contatos que você me disponibilizou aqui?
Ela baixou os olhos sobre o gravador e olhou num rápido e sexy sorriso.
- Claro! Quem mais conhece tão bem a história como eu.
Apoiei os cotovelos sobre a mesa, coçando a minha testa.
Qual é a razão, mesmo se eu fosse escrever uma história, que levaria você a ganhar com tudo isso.
Ela aproximou, se apoiando sobre a mesa.
- Essa parte eu resolvo. Você que é o escritor aqui. Eu estou te contando a história.
Tudo bem, tudo bem! – Disse quando um dos seguranças se aproximou.
Ela passou a mão no colar do pescoço, cruzando as pernas.
- Tem mais alguma coisa a me pergunta?
- Varias! E gostaria que tivesse um pouco de paciência agora – peguei as anotações que fiz.
- Todas! - Ela sorriu.
- Bem... você me disse que Robson foi preso, que vocês eram amigos, e ele amava a família, então, se você presenciou todos esses erros que ocorriam na vida dele, porque não o ajudou? Já que lamentava tanto, por ele ter escolhido aquele caminho.
- Você tem amigos? – Ela me perguntou.
Me contive em responder, porque eu era o entrevistador. Acenei para que prosseguisse com a minha pergunta.
- Você tem muitos amigos? – Me perguntou de novo.
- Tenho amigos, não tanto, mais tenho.
- Amigos que confia sua vida?
Abaixei a cabeça, seguidamente a olhei.
- É um pouco irrelevante a comparação com a vida...
- O sentimento de amizade, jamais se sacrificaria por alguém, pequeno escritor – afirmou ela me interrompendo.
- Em minha opinião, amizade não é sacrifício. Não é esse o ponto.
Ela sorriu.
- Então vamos mudar. Se você fosse viajar, confiaria o seu melhor amigo em dormir em sua casa com sua mulher? Não sendo na mesma cama é claro. Seja sincero e me responda.
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Caminhos De Uma Sentença
Mystery / ThrillerA história é sobre um esboço de um aspirante a escritor seguindo uma linha investigativa juntando o ponto de vista de quatro personagens e suas expectativas. Um jogo de traições, assassinatos e mentiras em um universo que um jovem escritor, revela e...