Estava chegando no carro quando olhou uma última vez em várias direções. Os dois homens do resgate, precisava encontra-los. Jogou a pasta no banco do passageiro e sumiu. Sempre fazia isso e precisava fazer de novo. A noite dava lugar ao dia. O carro riscava a escuridão, enquanto lentamente o clarão azulado buscava espaço em um céu sem nuvens. Logo tomaria por completo. Silveira estava sozinho.
Tomou café e comeu dois lanches com peito de peru. Pediu outro copo de café, colocando os óculos escuros. A porta da lanchonete abriu. Trabalhadores matinais, em mais um dia útil. Saiu dali, entrou no carro, cortou pela perimetral até a saída da cidade. O sol já estava forte e precisava dormir pelo menos algumas horas. Não antes de ler a última folha da pasta. "Hospital metropolitano, estacionamento leste, garagem 13, patrão de energia, câmera de segurança".
Silveira poderia jurar o que aquilo significava, se também não palpitasse que poderia estar errado. Passou pela avenida da liberdade novamente, partindo para o hospital metropolitano. O silêncio das ruas deu lugar aos movimentados trânsitos e vias públicas lotadas. A falta de dormir dificultava o seu reflexo no trânsito. Poderia resolve isso depois, mas precisava tirar a prova a sua aposta pessoal.
O sono pairou nas vistas, quando adentrou na garagem escura do hospital. Um carro estacionado na garagem 13. Entrou de ré na 14, olhando o carro alguns minutos. A sua frente, um transformador de energia em forma de placa, logo acima, uma câmera de segurança quebrada. Saiu do carro, caminhou em direção pela horizontal, sentido a parede. Evitando a outra câmera.
De qualquer maneira seria difícil se manter invisível por tanto tempo. Teria que ser rápido. Sim, a tampa da placa estava sem o cadeado de segurança, apenas com uma presilha de arame no lugar, substituindo. Parecia nova, sem ferrugem. Olhou nas duas direções antes de abrir a tampa. Para sua surpresa, um envelope pardo, atrás do transformador de energia, não tão escondido. Uma visão para qualquer um que abrisse a tampa.
Petulância, pensou, fechando a tampa rapidamente. Ligou o carro e saiu em segundos. Rasgou o envelope para verificar. Outra pasta cor de creme. Abriria em seu esconderijo, a poucos quilômetros em direção ao interior. Estava cansado e precisava dormir. A sua curiosidade esperaria. Não se conteve em olhar inúmeras vezes a fita transpassada no meio do envelope. Tinta vermelha.
- Vermelho? – Murmurou.
Talvez porque não foi entregue pelo escritor. Uma mudança repentina de cor, como organização... talvez....
* * *
"Ainda que não se sinta observado, alguém o está observando"
Comecei a sair com uma câmera fotográfica. Fiz imagens em quase todos os lugares que visitei. Analiso as fotos para ver se alguém consegue ficar tanto tempo sem ser visto em certos lugares.
Fiz uma espécie de varal de fotos a moda antiga. Imprimo tudo e coloco nas paredes dos cômodos. Ainda está bastante bagunçado, mudei a dois dias.
Depois daqueles tiros, aconteceu outras duas vezes. Dessa vez alguém correu atrás de mim. Você anda no meio da multidão, mas alguém sempre irá observar você. Não importa sua roupa, seu sexo, ou até mesmo seu grau de importância. A multidão não é tão segura quanto parece... eu sei.
O telefone tocou por vários minutos, até alguém vim atender, sem dizer uma palavra.
- Ele está vivo, vai sobreviver – estática voz masculina vinda do telefone.
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Caminhos De Uma Sentença
Misterio / SuspensoA história é sobre um esboço de um aspirante a escritor seguindo uma linha investigativa juntando o ponto de vista de quatro personagens e suas expectativas. Um jogo de traições, assassinatos e mentiras em um universo que um jovem escritor, revela e...