05 - O hospital

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       Ficou de olhos fechados, tempo suficiente para assustar o jovem escritor. Que preferiu também o silêncio, até o delegado tomar a conversa.

       - Quem te passou essas informações? – Silveira, cansou sua visão. Sua testa transpirava e seus olhos doíam.

       - Grande parte, eu mesmo investiguei. Já a outra, não os conheço.

       - Não os conhece! Como não os conhece?

       - Fui chamado para uma entrevista delegado, só anotei o que foi me passado.

       - Como eles eram? Eu quero detalhes. Consegue reconhece-los?

       O jovem respirou. Sentiu que seria difícil, iluminar a mente dura e apagada do delegado.

       - Presta atenção. Minha obrigação é passar essas informações a frente. Agora é por sua conta.

       Silveira franziu.

       - Como assim?

       - Não posso fazer mais nada. Eu tinha um acordo e cumpri. O que eu tinha que fazer, eu fiz. Agora, é por sua conta e pode ir embora.

       - Me chamou até aqui, para me mostrar essas pastas, e quer que eu vá embora?

       - Eu quero que você vai embora! Não conte comigo.

       Silveira virou-lhe as costas, jogando as pastas sobre a mesa.

       - Como eu posso acreditar nisso tudo?

       - É por sua conta delegado. Não posso fazer mais nada. Te convenci até onde eu poderia.

       Silveira se conteve. Segurou as palavras, enquanto caminhava em direção a porta.

       - Não vai levar as pastas?

       - E porque eu precisaria delas! – Aumentou o tom de voz.

       - Tem mais, de onde veio essas. Mas é por sua conta. Não posso mais me arriscar tanto. Meu custo foi grande. Tecnicamente, estamos mortos, então, se quiser investigar, é por sua conta. Eu vou tentar sumir.

       Silveira enrugou, ia dizer alguma coisa, mas foi cortado.

       - Vá para o edifício Pantheon. O prédio que era da ASD. Você vai entender.

       - Estou cansado desses joguinhos.

       - Não aposto todas minhas fichas em você delegado. Sua história, independente do que aconteceu, não interessa para mim. Minha obrigação está ligada a outra pessoa.

       - Que pessoa?

       - Leve essas pastas com você. Não são cópias únicas. Não volte mais aqui, se tivermos sorte, nunca mais nos veremos. – O jovem entrava no quarto, passando pela cozinha buscando alguma coisa.

       As dúvidas em sua mente, Silveira guardou para si. O jovem parecia estar dizendo a verdade. Enquanto guardava algumas roupas, olhava o relógio repentinamente.

       - Vai para onde? – Perguntou Silveira, não obtendo resposta.

       - Fiz a minha parte delegado. Agora quero que você vai embora! E faça a sua.

       - Que lugar eu procuro no edifício Pantheon?

       - Porta de entrada, banheiro feminino, penúltima privada sem água. Está embaixo.

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