Capítulo 03

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"Não, nada de bom começa em um carro de fuga." Getaway Car - Taylor Swift

O quarto estava vazio. Não havia sinal do "Garoto do Beco" por nenhum lugar. Era como se ele simplesmente tivesse evaporado em questão de minutos. O Dr. Kim parecia que iria enfartar a qualquer momento, a pupila dilatada e o desespero estampado em seu andar mostravam isso. Ele girava de um lado pro outro, ia de parede em parede enquanto falava ao telefone com alguém e pedia que fechassem o hospital.

Juho respirou fundo, não estava entendo nada do que estava acontecendo. Ele deveria estar sonhando, isso explicaria tudo. Ele deveria estar tão cansado que começou a imaginar coisas, e quando acordasse estaria na sua cama. Como que uma madrugada conseguia ser tão estranhamente confusa?

Ele não tinha mais o que fazer ali, era melhor voltar para casa caso isso não fosse mesmo fruto da sua imaginação.

_ Onde você pensa que está indo?! — o Dr. Kim perguntou tirando o celular do ouvido e o olhando como um adulto olha uma criança para repreende-la.

_ Não tenho mais o que fazer aqui — respondeu. — Estou exausto, pelo que vi você já até chamou a polícia, então nada disso é mais problema meu.

_ Você não ouviu quando eu disse que o hospital está interditado, garoto?!

_ Ouvi sim — Juho já estava impaciente. — Mas não se preocupe, tenho certeza que não tem ninguém escondido dentro do meu casaco. E não me chame de garoto, tenho vinte e seis.

_ E pelo que estou vendo é tão atrevido quanto um adolescente de dezesseis! — ele colocou o celular de volta no ouvido. — Que seja, tenho muitos problemas pra resolver, inclusive problemas que nem são meus.

Juho apenas deu de ombros e se virou de costas, caminhando a passos curtos e arrastados pelos corredores do hospital. Seus olhos começavam a pesar - toda a eletricidade de seu corpo começa a se dissipar, e ele finalmente sentia o cansaço lhe afligir de maneira cruel.

No térreo o caos estava implantado. Ninguém conseguia entender o porquê de todas as entradas estarem interditadas, com seguranças enormes plantados em frente a cada porta giratória, impedindo que qualquer pessoa entrasse ou saísse.

_ Era só o que me faltava! — Juho passou as mãos pelos cabelos e depois as enfiou no bolso da jaqueta. Não queria mais ter que ficar ali.

Apesar do sentimento de preocupação que ele achava estar tomando conta de seu corpo, ele só queria mesmo era voltar para casa e dormir. Ele olhou ao redor, o "Garoto do Beco" com certeza não estava ali, e mesmo que não tivesse motivo, Juho se importava em saber o que de certo tinha acontecido a ele.

O coreano balançou a cabeça e tirou aquele sentimento da mente. Ele não tinha mais nada a ver com isso, que a polícia ou o Dr. Kim se preocupassem com isso. Agora ele precisava mesmo era saber como faria para conseguir voltar para casa.

Uma ideia veio em sua mente. Ele sacou o celular de última geração do bolso e discou o número de Chung Hee, um de seus melhores amigos e provavelmente a pessoa de maior confiança que ele tinha em sua vida. Claro que ele teve que explicar o porquê de estar em um hospital em pleno começo de manhã, isso depois de ouvir o amigo reclamar por estar sendo acordado àquela hora.

_ Posso ou não contar com você? – perguntou ainda ao telefone.

_ Okay, Okay! Chego logo – respondeu ele com voz de sono. Era nítido que Juho tinha o acordado. Ele estava numa situação pior, Chung Hee não teria como julga-lo quando soubesse de tudo em seus mínimos detalhes.

Juho se sentou numa cadeira de plástico e abaixou a cabeça para que ninguém o reconhecesse também. Ele ainda tinha uma reputação e imagem a zelar. Se meteria em problemas se algo ruim relacionado a seu nome fosse parar nos tabloides e revistas por aí. As coisas em Seul não funcionavam como era em Hollywood. Dois mundos que para ele eram completamente diferentes – mesmo que ele levasse a vida que levava.

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