"Você tinha seus medos, eu estava bem. Me mostrou o que eu não poderia encontrar. Quando dois mundos diferentes colidem." Two Worlds Collide – Demi Lovato
_ Você tem certeza de que era só um paparazzi? – Chung Hee perguntou, dois dias depois do acontecimento que deixara Juho em alerta.
_ E o que mais seria? – Chung Hee levantou as sobrancelhas, debochado. Juho sabia muito bem o que ele estava querendo dizer.
Quando voltou para casa, naquele mesmo dia, Kun não se cansava de perguntar em detalhes o que tinha acontecido, Juho não queria preocupa-lo, mas achou melhor contar a verdade ao menos para ele.
Claro que ele percebeu o pânico estampado no rosto de Kun quando lhe contou sobre o homem todo de preto que o observava do outro lado da rua, e que sumira em meio a sombras como um gatuno. Aquilo fez Kun se amedrontar, mesmo que não quisesse dizer a Juho ainda que conhecia aquele homem. Tinha que ser ele. O mesmo que o atormentava em seus sonhos e que havia armado cada detalhe de seu sequestro.
Kun achava que aquela era a melhor maneira de definir tudo em uma única palavra: sequestro. Tinha sido tirado da boa vida que tinha e levado para um lugar completamente estranho onde ele nem ao menos conseguia falar a mesma língua que os nativos locais. Ele só queria voltar para seu país e reencontrar sua família – isso se ainda estivessem vivos – e logo em seguida recuperar o lugar que era seu por direito, o poder que seu pai havia lhe deixado mesmo que ele não tivesse pedido por isso.
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Lara Jones se olhava no espelho por uma ultima vez. A pouca maquiagem em seu rosto, os óculos grandes e o cabelo curto preso em um coque mal feito lhe davam uma aparência simples. Era boa naqueles assuntos: se disfarçar. Tinha sido treinada para rastrear pessoas e descobrir segredos que ninguém sem um bom treinamento, e talento, conseguiriam. Tinha terminado de se arrumar quando ouviu Andrew bater na porta do banheiro e entrar logo em seguida.
_ Ei, eu poderia estar nua! – exclamou ela.
_ Como se eu já não tivesse te visto sem roupa um milhão de vezes – disse ele revirando os olhos, e depois analisando a colega de trabalho dos pés a cabeça. – Pronta?
_ Claro que sim, o que você acha?
_ Okay, espero que esse seu disfarce seja eficaz! – resmungou.
_ É claro que vai ser! – retrucou ela se analisando mais uma vez. Estava de fato parecendo uma repórter. – Entrei em contato com alguns amigos antigos e acabei conseguindo substituir uma jornalista numa revista de cinema daqui de Seul.
_ Não sei como você poderá conseguir algo com esse disfarce.
_ Baek Juho é uma pessoa pública – pontuou. – Tem maneira melhor de descobrir coisas sobre pessoas famosas do que por meio de uma entrevista? Ninguém irá desconfiar que estou no meio de uma investigação. Se ele estiver mesmo com Kwang, iremos descobrir, e em pouco tempo o caso estará resolvido.
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Horas mais tarde, Lara adentrava o enorme e fabuloso edifício da EM Entertainment, pronta para entrar em mais um personagem. Ela era tão boa nisso que não haviam possibilidades de algo dar errado. Tinha uma missão e iria cumpri-la, e mais uma vez provaria para os homens que trabalhavam com ela de que era superior a todos eles.
Eastwood a esperava do lado de fora, em sua viatura a paisana, enquanto dessa vez Lara fazia todo o trabalho sozinha. A mulher puxou a credencial de imprensa que havia conseguido e mostrou na recepção. Uma garota que deveria ser estagiaria sorriu com dentes perfeitos e começou a digitar o "seu nome" no computador.
_ Anna Jean, jornalista da CineK Magazine – disse ela. – Está aqui, sua entrevista com a Srta. Eunbyul sunbae[4] está agendada para daqui a alguns minutos. Pode subir até o quinto andar, ela estará a sua espera.
_ Obrigada, garotinha – respondeu pegando da mão da garota outra credencial que lhe dava acesso aos andares superiores. Eastwood não sabia que a entrevista na verdade seria com Kim Eunbyul, mas ela tinha seus próprios métodos de trabalhar, e não precisava da supervisão de outro alguém para conseguir o que queria.
Ela adentrou o elevador e apertou os botões do quinto andar. Ao invés de uma musica clássica, batidas de um novo hit de kpop tocavam no local. Ela esperou impaciente, até que a caixa de metal parou no terceiro andar. As portas se abriram e ela permaneceu com a postura inabalável quando um homem entrou ali também.
Ele também tinha a postura impecável, confiante e perigoso como um leão, ou um alfa de uma matilha sanguinária de lobos. O terno cinza que caía sobre seu corpo com perfeição lhe deixavam com uma aparência sexy que ela gostava, e ao mesmo tempo também odiava. Ele deu uma tossida quando as portas se fecharam e começou a sorrir. Um sorriso desconcertante que mexia consigo. Um sorriso que também já era um velho conhecido seu.
_ Que surpresa te ver por aqui, Emma – ele falou finalmente.
_ Alguém tinha que fazer alguma coisa mais rápido, o chefe não está gostando dessa sua demora toda – disse ela sem o encarar. – E não me chame assim, você sabe que esse não é mais meu nome.
_ Ainda com aquele disfarce patético de policial?
_ Eu faço isso há anos, sou uma policial.
_ E o que você acha que aconteceria se todos soubessem quem você é de fato?
_ Não imaginei te encontrar aqui – continuou ela ignorando a pergunta anterior dele. – Pelo menos não hoje. Como está se chamando dessa vez?
_ Pietro – disse ele. – Tive que ameaçar o dono de uma gravadora japonesa para conseguir fazer com que ele entrasse em contato com o presidente da EM Entertainment e pedisse que me contratasse aqui. A informação que você e aquele médico imundo me deram, sobre o Juho, foram muito uteis. Tenho quase certeza de que ele está com o Kwang.
_ Não é de me impressionar que tenha precisado da minha ajuda para descobrir algo tão pequeno – emendou ela, vendo os números do elevador subindo até o andar desejado. – O que disse para o dono da gravadora?
_ Apenas que se ele não colaborasse, todos saberiam o que ele obriga suas contratadas a fazerem para conseguirem trabalhar.
_ Você pode até ser irritante – falou ela quando a porta do elevador abriu, saindo logo em seguida e deixando ele lá dentro. – Mas pelo menos faz coisas descentes às vezes, Max.
_ Aqui apenas Pietro, eu não estrago seu disfarce, e você não faz o mesmo comigo – Emma, ou melhor, Lara, concordou, o vendo sorrir mais uma vez daquele jeito de vilão de filme, antes das portas se fecharem.
Ela seguiu caminho até o lugar indicado em sua credencial, e se deparou com uma enorme equipe de gravações, câmeras para todos os lados e um cenário cor de rosa cheio de luzes onde um clipe musical era gravado naquele exato momento. Ali, Eunbyul gravava o vídeo da nova musica de seu grupo musical, e Lara não conseguia pensar em nada que não fosse como ela parecia ser uma vitima fácil, que entregaria ótimas informações sem nem ao menos se dar conta.
Um homem que parecia ser da equipe a viu ali e a guiou até outra sala ao lado, e pediu que esperasse um pouco, minutos depois lá estava ela: Eunbyul, a pele oleosa pelo suor depois de ter dançado por talvez horas durante as gravações do vídeo musical. Mesmo assim, parecia magnifica.
Ela era alta, de longos cabelos negros, tinha um corpo escultural perto dos padrões coreanos – era mais como uma linda modelo, capaz de, com toda sua graciosidade, ser o centro das atenções em algum desfile parisiense.
Lara se levantou de onde estava e se curvou, cumprimentando ela em seu mais perfeito coreano.
_ Não esperava por uma entrevista logo hoje – disse a cantora, ambas se sentando lado a lado. – Mas vai ser ótimo, os fãs vão permanecer ansiosos pelo meu retorno musical.
_ Claro, claro – Lara forçou um sorriso. Não estava ali para falar de musica, mas precisava de uma maneira de conseguir informações ótimas sem que deixasse suspeitas no ar.
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Parte Do Seu Mundo
General Fiction"O que você faria se, em plena madrugada, encontrasse um garoto desmaiado em um beco sujo, encharcado de sangue e a beira da morte? E se, depois de você ajudá-lo, ele se recusasse a ser levado para algum hospital ou delegacia? Pior... E se vocês não...