Capítulo 16

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"Você era meu ontem. Agora eu não tenho nem ideia de quem você é. É como se você estivesse camuflado" Camouflage - Selena Gomez

_ Onde está o seu protegido? – Eunbyul perguntou quando Juho entrou de volta no quarto do hotel. Parecia assustado, o corpo duro como se alguém tivesse derramado gesso em suas articulações. A coreana percebeu que seu peito subia e descia em um ritmo anormal e repentinamente um sentimento de preocupação lhe invadiu a alma. – O que aconteceu, oppa? Onde está o garoto?

_ Eu não sei – a voz de Juho quase não saía.

_ Como assim você não sabe?! – ela se levantou rapidamente do chão, de onde estava desde que o namorado saíra minutos antes.

Eunbyul foi até onde Juho estava e o ajudou a se sentar. Tirou as sacolas de compras de suas mãos e procurou algo que pudesse dar para ele. Algo salgado para que normalizasse sua pressão, ou pelo menos algum liquido. Encontrou uma garrafa d'água, tirou a tampa e deu para que ele bebesse.

Juho engoliu o liquido incolor em poucos foles. Sua garganta queimava e ele não fazia a menor ideia do que deveria fazer agora que Kun tinha sumido.

Ele contou para Eunbyul o que tinha acontecido, omitindo é claro sobre o beijo. Ela não precisava saber daquele detalhe, principalmente por ser sua namorada, e ele também sabia que ela não ia muito com a cara de Kun. Isso seria apenas mais um belo de um motivo para que ela sentisse raiva dele, e dessa vez com um real motivo. Não que isso importasse agora, Juho nem mesmo tinha certeza se um dia voltaria a ver Kun, ou Kwang, outra vez.

A coreana pegou o telefone e começou a discar um úmero, deixando Juho confuso.

_ O que você tá fazendo? – perguntou.

_ Chung Hee o conhece- ela respondeu com o telefone no ouvido. – Talvez possa sair escondido de carro e olhar pelas ruas.

_ Por que está fazendo isso? – Os olhos de Juho marejaram. – Você nem ao menos se importa com Kun.

_ Mas me importo com você – disse. – Você inda é o garoto que sempre considerei ser meu melhor amigo, e esse príncipe parece ser importante para você. Não sei e nem entendo o porquê, entretanto se ele estiver bem vai fazer com que você se sinta melhor, então preciso ajudar você a encontra-lo.

_ Gamawo, Eunbyul! – agradeceu Juho, vendo em sua frente pela primeira vez em anos a sua melhor amiga, e não a Pop Star que multidões amavam. Ela sorriu para ele e então começou a falar ao telefone quando Chung Hee finalmente atendeu.

A noite continuava a passar. Eunbyul já dormia ao seu lado, mas Juho não conseguia fazer nada a não ser encarar o teto do quarto mofado onde estavam. Aquele maldito beijo não saía de sua cabeça, Kun não saía de sua cabeça.

Onde ele estava? Por qual motivo tinha fugido? O que Juho tinha lhe feito? Deveria ter medido as palavras antes de dizer que o garoto não fazia nada para resolver o problema em que tinha se metido. Se ele ao menos soubesse que aquele beijo tinha sido uma despedida.

Um obrigado.

Naquele momento Juho não podia mais fazer nada. Não poderia simplesmente rodar a capital coreana em busca do garoto. Ele mesmo tinha uma vida e precisava retornar para ela. A policia inteira estava atrás de si e do resto do grupo, que ainda estavam escondidos. Aquela tinha sido a noite mais insana de todas.

Pegou seu celular e começou a pesquisar coisas aleatórias.

Seu nome estava em todas as manchetes possíveis, a maioria dizendo sobre um incêndio. Um incêndio em sua casa. Merda, aquilo seria um terrível escândalo. Como explicaria para todos, e principalmente para a mídia como sua casa pegou fogo e como ele misteriosamente não é encontrado nela? A empresa lhe mataria, o presidente provavelmente quebraria o contrato que ambos tinham em questão de poucos segundos.

Aquilo não importava tanto quanto saber se Kun estava bem ou não, mas Juho podia afirmar que sua carreira poderia chegar ao fim, e ele ainda carregaria seu grupo e provavelmente até mesmo Eunbyul junto consigo.

Ele tinha conseguido estragar tudo.

Tudo deveria estar sob controle se ele não tivesse saído para andar na madrugada em que encontrou Kun jogado o beco.

Virou-se na cama e encarou Eunbyul. Não conseguia entender porque tinha sentido algo tão diferente do que sentia ao beijar Eunbyul quando beijou Kun. Juho nunca teve problemas quanto sua sexualidade, sempre se sentira atraído apenas por garotas, isso até Kun aparecer.

Era isso o que ele sentia? Atração por Kun? Ele não sabia dizer ainda com exatidão, contudo podia afirmar que o que estava dentro de seu coração era algo muito maior do que o que ele podia explicar em palavras.

Kun sentou no sofá do pequeno apartamento do policial Eastwood. Era um lugar modesto, com espaço apenas para uma pessoa e no máximo algum animal de estimação de pequeno porte. Olhou para a cozinha americana e viu Andrew voltar até a sala carregando consigo duas xicaras de café quente, se sentou ao lado de Kun e lhe entregou o recipiente com o liquido amargo e fervente.

_ Eu sempre soube quem você era e que deveria estar com o Baek Juho – Kun ainda estava impressionado com o fato do policial conseguir falar a mesma língua que ele. O príncipe deu um gole no café e encarou o anfitrião da casa. – Posso te garantir que minha intenção é apenas ajudar você.

_ Eu quero saber o que aconteceu com os outros – disse. – Com o resto da minha família.

Andrew respirou fundo, abaixou a cabeça e então começou a falar:

_ Ainda não sabemos bem o que aconteceu em Costa Luna – começou. – Alguém tentou te assassinar para tomar o poder, alguém que ainda não sabemos quem é. Sua mãe ainda está em Costa Luna, em um lugar seguro, governando o reino enquanto você ainda não pode retornar. Por sorte conseguiram impedir um grande massacre a sua família, mas recebi ordens de não deixar você voltar. Autoridades estão investigando para saber quem foi o mandante do ato de terrorismo, e é melhor que você e seus irmãos caçulas fiquem longe de Costa Luna até lá. Eles devem estar seguros, foram mandados para o Canadá se não me engano, e você precisa voltar para o lugar onde te mandariam se não tivesse vindo parar aqui.

Kun suspirou, tirando um pouco do peso dos ombros. Ao menos sabia que seus irmãos mais novos estavam seguros.

_ Eu já acionei autoridades maiores do que eu, amanhã pela manhã você deve estar indo embora da Coreia do Sul – continuou Eastwood. – Uma amiga e colega de trabalho te acompanhará, junto com mais alguns policiais a paisana, para garantir que nada te acontecerá.

_ Obrigado – as mãos de Kun tremiam. Ele colocou a xicara sobre a mesinha de centro, ao lado de algumas revistas e puxou as mangas da blusa para baixo, cobrindo as mãos. Aquela roupa tinha o cheiro de Juho.

Kun não conseguia tirar o coreano da cabeça. Deveria estar preocupado, ou será que tinha simplesmente agradecido aos céus e agora se prepararia para voltar a sua vida de sempre? Kun não queria ficar pensando naquelas coisas, entretando nem mesmo conseguia evitar.

_ Em poucas horas ela deve chegar para que vocês se conheçam – afirmou o policial. – Acho que você pode se sentir mais seguro se tiver um contato com minha colega antes – Kun apenas balançou a cabeça concordando, não sabia bem o que deveria dizer.

Ao menos se sentia mais aliviado por saber que agora algumas coisas voltariam a seus devidos lugares.

Repentinamente alguém bateu na porta, Eastwood colocou a própria xicara de café ao lado da de Kun e se levantou, ajeitou o uniforme da policia e caminhou para abri-la. Do outro lado estava Lara, vestida com roupas de frio e com o cabelo preso em um rabo de cavalo. Parecia eufórica, como se quisesse mesmo ter certeza de que quem estava ali era mesmo o Príncipe Kwang. E era. E Kun também ficou sem reação quando viu em sua frente Emma, a antiga namorada de Chin-Hwa, que não apenas fazia parte de uma parte do seu passado, como também tinha sumido na mesma época que seu irmão.

O que ela estava fazendo ali? Kun se animou, talvez ela soubesse de algo sobre Chin-Hwa. Talvez só ele fosse capaz de ajudar Kun a se livrar de tudo.

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