Capítulo 23

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"Quando fecho meus olhos. Os seus olhos aparecem. Meu coração continua doendo" Stay With Me – Chanyeol & Punch

Kun encarou o corpo de Max mais uma vez antes de sair do quarto, ainda com repulsa pelo que tinha feito. Abriu a porta lentamente, ajeitou um chapéu que havia encontrado perdido e espiou o corredor. Não tinha ninguém ali. Se bem que talvez esconder o corpo de Max poderia ser melhor, se alguém entrasse ali e se deparasse com o homem morto logo saberiam que ele havia fugido, se deixasse o corpo escondido talvez as pessoas só dessem sua falta pela manhã, e até lá Kun já estaria longe.

Voltou para o quarto e trancou a porta. Caminhou até o banheiro, coloca-lo dentro da banheira seria uma boa. Kun puxou as mangas da camisa para cima e começou a tentar tirar Max da cama. Ele era mais pesado do que parecia, e Kun sentia nojo só em tocar nele. Puxou o cadáver da cama com mais força e acabou caindo no chão com o homem sobre si. O barulho foi grande, Kun o empurrou para o lado virou a cabeça e vomitou, misturando o liquido amarelado a todo o sangue que pintava o chão de mármore.

Se levantou, limpou o canto da boca com a camisa e voltou a se preocupar com Max. Esperava que ninguém tivesse escutado o baque quando ambos caíram no chão. Ele se abaixou, pegou os pés de Max e o arrastou pelo quarto em direção ao banheiro.

Aquilo demorou muito mais do que ele esperava. Era como se estivesse tentando arrastar um filhote de elefante pelo rabo.

_ Desgraçado! – vociferou Kun, recuperando seu folego quando finalmente conseguiu colocar o cadáver dentro do banheiro. Era melhor deixar ali, tentar coloca-lo dentro da banheira só lhe tiraria mais tempo. E Kun sabia que ele não tinha tanto tempo.

Passou pela sujeira do quarto e olhou o corredor do lado de fora mais uma vez. Ainda ninguém. Apertou o cartão que destrancava as portas no bolso da calça, abaixou a cabeça esperando que o boné cobrisse boa parte do seu rosto e saiu às pressas até a escadaria mais próxima. Deveria haver alguma outra saída, qualquer lugar que ele pudesse usar como rota de fuga.

Agora teria sido um ótimo momento para uma passagem secreta surgir atrás dos inúmeros quadros renascentistas que davam glamour as paredes douradas, mas coisas assim só aconteciam na ficção, não na vida real.

Um relógio mais a frente lhe mostrou ser duas da manhã, a casa estava vazia naquele andar, provavelmente todos deveriam estar dormindo, se é que realmente moravam ali ou se só frequentavam a mansão quando tinham negócios a tratar com Chin-Hwa. Ordens a cumprir.

Chegou à escadaria e desceu com cuidado, como se pisasse em ovos. Tentava não fazer barulho nem mesmo com as solas do sapato caro que usava. Ainda se impressionava com o quão luxuosa era a vida do irmão ali.

No andar de baixo espreitou pelo corrimão a porta de saída e viu que não havia ninguém, se aproximou de uma das enormes janelas e pelo vidro se deu conta de que dois seguranças vigiavam a saída como dois cães furiosos. Precisava achar outra forma de fugir, uma que não envolvesse sair pela frente da casa.

Não sabia se era seguro ir até a sala de jantar. Seus sapatos voltavam a fazer barulho enquanto andava.

_ Aish! – ele se agachou e tirou os dois, ficando apenas de meias e rindo depois ao se dar conta que acabara de usar uma das expressões coreanas que sempre via Juho, Chung Hee e Eunbyul usando. Não tinha se dado conta que pegara o abito de dizer aquilo.

Foi até a cozinha silenciosamente, as luzes estavam acesas e do lado de dentro uma senhora de mais ou menos cinquenta anos organizava garrafas de suco dentro da geladeira. Kun arregalou os olhos quando ela percebeu sua presença ali. Sua fuga tinha durado pouco. Mas então ela sorriu ao vê-lo, de forma amigável, como se nem mesmo soubesse quem ele era.

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