EXTRA - Por você

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Seis meses não é muito tempo.

Vinte e seis semanas, cento e oitenta e dois dias, quatro mil trezentos e oitenta horas.

Só que o tempo é muito relativo. É como a duração de uma aula de faculdade. Se você está realmente entretida e interessada, aquelas horas passam na velocidade da luz. Se você está entediada ou com pressa, as horas se arrastam mais do que uma tartaruga o faria. E quando se está sofrendo, o tempo inteiro, seis meses parecem uma eternidade.

Ainda mais se tudo que você faz é esperar.

Eu recém havia saído do banho.

Meu quarto não possuía um banheiro, então eu tinha que me arrastar até o fim do corredor, sendo meu quarto um dos primeiros do andar. Havia apenas uma toalha em torno do meu corpo, e outra em meus cabelos, enquanto percorria o caminho até meu quarto.

Honestamente, ter vinte e quatro anos e ainda morar na casa dos pais não era tão vergonhoso quanto ter a idade de Rob, ter morado sozinho e ter voltado para a casa dos pais por pura carência. Então, eu realmente não me preocupava muito com isto porque, além de já estar no fim da minha faculdade, eu ainda tinha medo de sair e acabar voltando, repetindo a cara de pau de Rob.

Falando nele, eu recém havia saído do banho quando fui traumatizada por ele e seu melhor amigo.

Não que eu não achasse Luke uma graça, já que até havia dado em cima dele na primeira vez que o moreno pôs os pés aqui em casa, mas vê-lo seminu não estava na minha lista de desejos do momento. Ser rejeitada não é muito agradável, mas com Luke era fácil relevar, já que ele usou ao menos três piadas diferentes pra me fazer rir enquanto me rejeitava. Ele é bom nisto, mas eu não sei por que eu nunca pensei que o motivo fosse o meu irmão.

Talvez porque nunca cogitei encontrá-lo apenas com a roupa interior, aos beijos com seu melhor amigo.

— Ah, meu deus! — berrei, tapando os olhos. — Ah, meu deus!

Eu havia saído mais cedo da aula, pelo simples fato dela estar uma bosta, e acabei não avisando Rob que havia chegado. Sabia que era seu dia de folga do serviço, e que meus pais haviam saído, mas não pensei realmente que ele estivesse em casa. Então, antes de chegar ao meu confortável quarto, meu último pensamento era que eu o veria sair do próprio quarto agarrado com Luke.

— Rebecca! — berrou ele, em contrapartida, ao tentar alcançar a porta do próprio quarto novamente e esconder-se.

Luke, não sei se era por estar em choque ou por perceber que eu não poderia desver nada, permaneceu no meio do corredor. Os olhos castanhos arregalados, as duas mãos abertas, tentando desvendar o que faria ao desviar o olhar entre Rob atrás da porta e eu, segurando minha toalha com a boca aberta. A visão do corpo bem estruturado e moreno seria muito agradável para mim em condições normais, mas ao baixar os olhos para sua cueca preta, tudo que pipocava em minha mente eram as duas mãos branquelas de Rob sobre as nádegas dele, o que literalmente ocorrera segundos antes.

Ew, ew, ew!

— Ai, meus olhos! — gritei de novo, desta vez fechando-os, já que minhas mãos não tapavam nada.

Não que eu tivesse qualquer tipo de preconceito, eu era super a favor do amor, mas enxergar meu irmão daquele jeito era nojento em níveis catastróficos.

— Boa tarde, Becca — cumprimentou Luke, meio sem graça.

— Rebecca, o que diabos você está fazendo em casa?

Abri os olhos, finalmente tirando a mão de frente deles, e encarei com indignação, as duas caras avermelhadas de vergonha. Rob havia puxado Luke para dentro do quarto e agora eu podia ver apenas os dois rostos para fora da porta, com caretas de culpa.

Made of FireOnde histórias criam vida. Descubra agora