P.s:Muito obrigado pelos 10K!!!♡♡Eternamente grata!!!!
(PODE DAR O PLAY DAQUI)OLÍVIA NARRANDO
Meus passos incertos. Meus olhos cheios de lágrimas,transformando as imagens em um borrão.
Não me dei conta que havíamos chegado ao hospital.Os maqueiros descem a maca a qual Vicenzo está deitado,imobilizado totalmente.
As coisas estão rápidas demais,correndo numa velocidade que faz meu cérebro explodir em mil fragmentos.—Fique aqui,Senhorita Sarabelly.— uma voz masculina barra minha entrada.
Obedeci,parando antes de entrar na sala.
Parei em frente a porta.De onde estava podia ver apenas seu rosto.
Vicenzo aparentava estar em paz,sem dor,com os olhos fixos em mim enquanto médicos cirurgiões começaram a tentativa árdua de salvar sua vida.
Aperto os lábios,ignorando minha dor gritante.Só queria poder parar,poder ter interrompido...—Eu te amo...— murmurei,movendo apenas os lábios.
Ele sorriu. Em paz.Tive que ser tirada da porta,por uma enfermeira conhecida.
Olhei uma última vez para trás e acho que ele estava em efeito de anestesia pois já tinha apagado.
Eu tinha tantas coisas para lhe dizer.Ia dizer que o perdoava,que não precisava de porcaria de prova de amor nenhuma,pois o simples fato de ter permanecido ao meu lado quando as coisas ficavam complicadas era uma prova diária.
Por que as pessoas deixam para dizer coisas importantes no momento de adeus?
Estou com medo de não poder dizer isso para ele.Novamente.Leonardo era o médico especialista por aquele tipo de procedimento,havia chegado e se preparava para iniciar a corrida contra o tempo.
—Eu quero ir.—murmurei.Seus olhos me sondam por segundos.
—Acha que consegue encarar?Não é muito indicado quando se é parente ou alguém próximo. —cruza os braços na altura do peito.
Funguei.
—Eu preciso...Preciso ficar perto dele.
Leo se aproxima,solidário.
—Você é a melhor da minha equipe. Eu preciso de sua concentração,e seu esposo precisa da sua mão amiga,de seu amor e cuidado. Será que consegue fazer isso?—Leonardo indaga com as duas mãos em meus ombros.
—Sim,eu irei conseguir. —digo,engolindo o choro. —Por ele.
Leo anuí e manda me preparar para a cirurgia. Não precisava ser uma expert para saber que a situação estava ruim.
Os médicos que o atenderam conseguiram colocar sobre controle,parando a hemorragia,mas o pior sobrava para nós e não era opcional.
Adentrei na sala de cirurgia,devidamente preparada fisicamente e psicologicamente.
Meu coração se partiu ao meio ao ver meu lindo Vicenzo naquela forma.Frágil como um bebê,dependendo de aparelhos e da sorte para sua sobrevivência.
Minhas pernas adquirem a consciência de gelatina,mas ainda assim paro ao seu lado.
Observo seu rosto másculo,pálido.Toco seus cabelos pretos brilhosos e sedosos.
Me inclino na altura de sua orelha. Inspirei e aperto os olhos,sentindo que a qualquer momento iria desabar no chão.—Oi...Sou eu.—digo baixinho,pois sabia que alguma parte dele estava me ouvindo — Estou aqui,meu amor...—me controlo emocionalmente para não desencadear novas lágrimas —Vai ficar tudo bem.Mas,preciso que lute comigo,okay?Não irei desistir e não deixarei fazer o mesmo. Eu quero você ao meu lado,preciso de seu amor para ser quem sou.Eu te amo e eu o perdoei por tudo.—uma lágrima rolou —...Eu te amo...
Ele precisava de mim. Sua vida dependia dessa cirurgia,tinha fé que ele sairá dessa.Intacto.
Começamos a operação. Internamente,implorava aos Céus por um milagre.
A situação era grave.A bala havia atingido uma área complicada,a remoção poderia desencadear diversas consequências,inclusive sua morte.
Fecho os olhos com tal pensamento e um arrepio sobe na espinha. Ignoro e foco no que um dia acreditei ser meu dom.
—Pinça,por favor. —Leonardo pede e obedeço,entregando-lhe o instrumento.Com habilidade,Leonardo tirou o projétil da arma,fazendo todo mundo dar um suspiro aliviado.
Suspiro este que logo se transformou em pânico coletivo.
O monitor que marcava seu batimento cardíaco começou a apitar,sem parar.
Sua saturação despencava,indicando que seu coração ia parar de bater em minutos.
—CARREGUEM EM 200!— Leonardo grita e de repente o corpo de Vicenzo sobe com o choque.Meu peito doi.Quando eu era uma criança,mamãe me perguntou o motivo de querer cuidar de outras pessoas,lembro de ter respondido que não tinha o poder de fazer desaparecer a dor,as doenças,os hospitais.
Agora,eu queria poder estar em seu lugar.—Vamos....—sussurro.
—Mais uma vez!—Leonardo ordena,com os lábios em linha fina de preocupação.
Por favor....Não me deixe.
As tentativas continuaram. Nada de melhorias.
Girei o calcanhar e corri para perto de seu ouvido.Seu cheiro ainda era dele.Pego sua mão morna,que ainda era sua.—Volte para mim,Vicenzo. — acho que desmoronei em lágrimas.
—Uma vez mais!Se afaste,Liv.—Leo pede e assim o faço.
O corpo dele recebeu mais choque.Olhei com expectativa para o monitor. Nada.Seu batimento cardíaco estava fraco,ele podia ir embora.
Pelas regras do Código de Ética,tínhamos um limite para tentativas de ressucitação e uma hora iríamos ter que parar.
Mas,para mim não era justo,não iria parar de lutar por ele.Mesmo que ele tenha caído no chão,eu iria carregá-lo e lutar por dois.
Ele podia ter escolhido não se atirar em frente a uma bala. Seria eu a estar aqui.Não quero continuar sem ele!—Eu sei que está cansado e que seu coração quer desistir. Está fraco,mas ainda assim bate....querendo viver. Não é sua hora,meu amor. Não é...Então,por favor....Lute e retorne para nós...—disse,com esperança na voz.
Leonardo me manda afastar,dizendo ser a última vez.
Cruzo as mãos em preces,orando do meu jeito,assim como meus amigos de equipe.
Fechos os olhos e escuto a máquina ser carregada na maior intensidade.
Seria tudo ou nada.
—Afastem!—alguém diz.Silêncio ensurdecedor. O zumbido de sangue em meu ouvido aumenta.
Abro os olhos,parando-os no monitor.
A linha fraca para.Havia indicado...
Não raciocínio direito apesar de ter presenciado tantas vezes.—Hora da morte...—Leonardo olha no relógio —8h54.
—Ele se foi...?— indago anestesiada.
Leonardo meio que pediu perdão pelo seu olhar.
—Algumas coisas não estão em nosso controle,querida. — murmurou com pesar.
Não...
Não....—Ele não se foi....Não...—direcionei meu olhar para a máquina que tinha sua linha reta.
Em minha profissão,observávamos de perto os paradoxos da vida.A beleza do nascer de uma nova vida e a tristeza da perda.
E agora....até eu mesma iria sentir e era...insuportável.
Como se arrancassem meu próprio coração e me obrigassem a continuar.—Olha! —uma voz sobressae por cima de meu choro compulsivo.
Ergui o olhar,embaraçado pelas lágrimas.
A linha continuava reta.Entretanto,ela volta a correr. Forte.
Meu rosto se ilumina com a esperança.—Temos batimentos!— Leonardo comemorava. —Vamos fazê-lo ficar fora de perigo por enquanto.
Meus joelhos se dobram e cai ao chão,com as mãos pra cima,agradecendo por este milagre.
—MUITO OBRIGADA,DEUS!— chorei aliviada.
~~💟~~
#Votem e COMENTEM 😉❤
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querida babá
RomanceOlívia é uma jovem que acabou de se formar em enfermagem.Brasileira forte,bagagens recheadas de sonhos e gênio dócil,ela vai em busca de seus objetivos na Itália. O que menos espera é que a vida tem um jeitinho magnífico de surpreender,tornando...