[One shot - Halloween.2] Another World - Yang Yang

3.4K 100 110
                                    

 Duas semanas atrás Yang Yang havia se mudado para uma casa muito antiga, no estilo clássico, possuía um sótão sob o teto e um porão sob o chão. A casa não pertencia apenas a família do menino, era grande demais para isso. No andar de baixo ficavam as gêmeas idosas — não batiam muito bem da cabeça, de acordo com ele, a idade deveria ter atingido ambas com uma marretada nada sutil —, viviam no térreo e já convidaram o rapazinho para tomar chá algumas vezes. O andar de cima era habitado por Dumbledore, apelido que Yang Yang tinha o dado, pois o senhor parecia-se muito com o personagem de Harry Potter, talvez culpa da cabeleira branca acompanhada de uma barba longa.

 Havia também Hendery, mas ele não morava lá, apenas por perto. Se conheceram logo no primeiro dia de mudança, Hendery era neto da proprietária da casa, portanto fora obrigado a dar as boas vindas para os novos inquilinos, desde então tornaram-se muito amigos. E se o dia não estivesse chuvoso ele sairia para encontrá-lo no jardim aos fundos da casa, para jogarem bola. Poderia até fazer isso mesmo chovendo, contudo, só de imaginar a bronca que levaria da mãe por entrar em casa encharcado e coberto de lama, decidiu evitar a dor de cabeça e ficar em casa. Coisa que ele não gostava nada.

— O que faço agora? — questionou-se logo após o décimo suspiro de tédio.

— Leia um livro — sugeriu a mãe — Vá perturbar as senhorinhas do andar de baixo e se entupir de chá, converse com o velho Dumbledore, assista a um vídeo, ou ligue a TV.

— Não — refutou as ideias — Não quero fazer nada disso, queria jogar bola com o Hendery lá fora.

— Nem que me pagassem eu deixaria você ir lá fora com um tempo desses, Liu Yang Yang. — vociferou a mais velha e o garoto apenas suspirou profundamente mais uma vez.

 Cansado de observar a chuva e torcer para que ela parasse, o menino foi perturbar o pai, provavelmente estava no escritório trabalhando, e foi exatamente lá que Yang Yang o procurou primeiro.

— Pai... — chamou manhoso.

— Olá filho. — cumprimentou o homem sem tirar os olhos da tela do computador.

— Está chovendo. — iniciou, constatando o óbvio.

— É, realmente está caindo um pé d'água lá fora. — disse o pai.

— Não — respondeu o mais novo — Está apenas chovendo, posso sair? — perguntou sorrindo e seu pai apenas suspirou.

— O que sua mãe acha disso? — indagou, mesmo sabendo que a resposta seria negativa, o que foi confirmado no mesmo instante por um som esquisito e frustrado que o menino de cabelos castanhos havia feito — Então não, não pode.

— Mas eu queria ir jogar bola com o Hendery. Estou entediado! — reclamou. O patriarca apenas revirou os olhos com o drama do filho.

— Aqui, venha cá. — chamou — Tome — entregou um pedaço de papel e uma caneta ao rapaz — Vá explorar a casa. Conte quantas portas e janelas, descubra onde fica o aquecedor de água central e faça uma lista de tudo o que for azul, sim? Apenas deixe-me trabalhar. Agora vá! — disse enquanto bagunçava os cabelos do mais novo e assim Yang Yang deixou o escritório do pai.

 Descobriu onde estava o aquecedor primeiro — ficava em um armário na cozinha —, depois contou vinte e uma janelas, cento e cinquenta coisas azuis e catorze portas, as quais treze abriam e fechavam normalmente, a outra ficava afastada num cantinho da sala, trancada.

— Ô mãe! — gritou o garoto — Onde vai dar essa porta?

— Não sei! — a mulher berrou de volta da cozinha.

— Vem cá, por favor! — chamou, mas não obteve resposta — MÃE, MÃE, MÃE, MAMÃE, MÃE! — gritou várias vezes, ele sabia ser bem irritante quando queria. Logo ouviu os passos pesados e furiosos da mais velha vindo em direção a sala de estar.

Imagines NCTOnde histórias criam vida. Descubra agora