[One-shot] Shui Gui - WayV

2.9K 72 107
                                    

  A chuva marcava presença na China aquela noite, uma tempestade de fato, com direito a trovões e relâmpagos cortando o céu negro em tons de roxo. Os garotos aproveitavam o dia de folga na recém comprada casa do Ten, era um lugar bonito, ficava do outro lado da estrada principal, bem arborizado e tinha uma lagoa bem em frente ao andar de baixo, perto da entrada dos fundos.

 Os sete amigos desfrutaram do dia chuvoso vendo televisão juntos, comendo todas as guloseimas que tiveram vontade e rindo com as piadas sem graça que cada um contava, já que não poderiam sair para canto nenhum, devido ao aguaceiro do lado de fora, contudo, essa diversão não durou muito tempo, a energia do bairro havia acabado de repente, os deixando no aterrador escuro.

— Alguém liga a lanterna do celular por favor? — pediu Kun, o mais velho — O meu está descarregado e odeio ficar sem enxergar!

— O meu também está descarregado... — iniciou Xiao Jun — Estava esperando o filme acabar para colocá-lo na tomada, mas pelo visto, nem precisa mais. — concluiu, dando uma risada fraca no final.

— Deixei o meu em casa. — revelou Win Win.

— Vou procurar umas velas na cozinha. — anunciou Yang Yang, seguido de um longo suspiro — Tem velas aqui, né? — indagou.

— Acho que tem... — falou Chittaphon, duvidoso — Se tiver, devem estar do lado da gaveta dos talheres.

— Okay. — concordou o mais novo — Já volto! — avisou, enquanto levantava-se do sofá e xingou algo em alemão quando colocou os pés em contato com o chão frio por alguns segundos.

  Embora não tivesse medo, o menino estava tenso, a escuridão não lhe agradava, havia muitas coisas que poderiam se esconder nas sombras e sem nenhuma iluminação para guiá-lo, tornava tudo pior. Não pôde evitar de sentir um leve formigamento na região do baixo ventre, ao mesmo tempo que seu coração acelerava-se involuntariamente.

  Chegando ao seu destino em poucos passos, após passar pelo arco que dividia a sala de estar da cozinha, o rapazinho pôs-se a procurar uma vela, remexeu algumas gavetas no tato, depois sua visão se acostumou com a escuridão e então ele percebeu que uma fraca fresta de luz passava pela porta dos fundos e iluminava o local timidamente, apesar do temporal. Achou a gaveta dos talheres que seu amigo havia citado e abriu a do lado para procurar as velas, felizmente achou uma caixa e a pegou.

— Ten, tem um isqueiro? — gritou Yang Yang para que o mais velho pudesse ouvi-lo da sala — Serve um fósforo também!

— Deve estar em cima da bancada que fica perto da janela! — berrou o tailandês.

  O alemão olhou para a janela e posteriormente para baixo, avistou o granito branco que reluzia pela fraca luz lunar, encaminhou-se em direção ao móvel, pegou o isqueiro e acendeu a vela em sua mão. Procurou um pires, ou uma pequena xícara para colocar o lume e não queimar sua mão com a parafina que logo se derreteria em virtude do calor da pequena chama.

  Quando achou a louça que queria, ao acaso, percebeu com sua visão periférica uma movimentação perto do lago. Olhou pela janela, curioso, mas dado a chuva a mesma encontrava-se embaçada, ele apenas conseguiu ouvir a sombra do que quer que fosse quebrando as folhas secas que caíam das árvores por ali.

  Como se percebesse que o rapaz estava observando a sombra virou sua cabeça em direção a janela e Yang Yang viu dois olhos laranjas bem brilhantes, o que o fez arregalar os seus próprios em um misto de espanto, confusão e curiosidade.

— Ah! — chiou, quando sentiu a parafina quente em contato com a pele de sua mão. Havia esquecido completamente que segurava uma vela — Droga! — resmungou e colocou o objeto de cera na xícara pequena, sacudindo a mão queimada em seguida, com o intuito de fazer o ardor parar.

Imagines NCTOnde histórias criam vida. Descubra agora