capítulo 16

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Como previsto mamãe quase surtou quando soube que não acompanharia minha primeira gestação. Tentou de todas as formas me dissuadir da ideia maluca de morar na Índia. Obviamente eu ainda não havia me conformado com aquela ideia, mas garanti a mamãe que concordei de imediato quando Ravi sugeriu a mudança, mas o Dada do Ravi morreu e tudo virou uma bagunça.

Ele não pôde ir ao enterro, sua Dadi estava precisando da família junta, segundo ela. Parece que os avôs de Ravi tinham sei lá, cinquenta anos de casados... Ela sentiria falta do marido. Eles precisaram retornar para a pequena cidade onde os dois moravam a fim de enterrar o velho, ela decidiu ficar um pouco, mas logo depois voltaria á casa de Rajan e dona Nadira, meus sogros, para passar alguns dias conosco e aproveitar da nossa companhia. Do jeito que Aish fala dela, eu tenho certeza que dispenso a companhia da velha facinho.

Em uma coisa Alice estava certa, independente de já querer fugir de seu país, Ravi abriu mão de muitas coisas por mim.

― Pronto, terminamos ― Alice comentou sentando exausta no sofá. Uma gota de suor escorreu pela testa.

― Finalmente ― Respondi olhando minha sala completamente tomada por enormes caixas ― Por favor, toma conta das minhas coisas e abre a casa de vez em quando. Imagina chegar aqui e encontrar minha casa embolorada?

― Só não vou deixar sua casa entregue as teias de aranha, porque quando voltar vai ter meu futuro genro ou nora nos braços ― Eu ri de Alice que balançou os ombros.

Balancei a cabeça em negativa passando os olhos por nossa casa. Eu amava aquele lugar, mas não o espaço físico em si. Ele representava tudo aquilo que eu e Ravi construímos juntos, e estar em um lugar novo era como começar novamente. Tinha medo do que poderia acontecer nesse novo começo.

Será que é possível viver um conto de fadas duas vezes?

Ravi dizia que a mesma Índia que nos uniu, iria sacramentar ainda mais o nosso amor. Eu esperava que ele estivesse certo.

― Ei ― Alice chamou me fazendo virar para ela ― Vai dar tudo certo ― Ela piscou batendo o ombro no meu. Sorri fraco tentando esconder a tristeza que estava sentindo ― Agora larga de drama e vai lá fazer um brigadeiro pra mim ― Exigiu sorrindo.

― Ué ― Olhei para Alice com o rosto franzido ― E porque não vai a senhorita mesmo fazer seu brigadeiro? ― Questionei.

― Porque estou grávida ― Passou as mãos teatralmente pela barriga.

― Não seja por isso, querida ― Estirei as pernas na ponta da mesa de centro abarrotada de caixas e imitando o gesto dela passei as mãos pela barriga também ― Eu também estou aguardando meu marajá indiano ― Pisquei sorrindo para Alice.

― Mas eu estou gravida á mais tempo ― Ergueu uma sobrancelha para mim.

― E eu estou de partida...

― Justamente ― Apontou o indicador para mim ― Vou sentir falta de seus brigadeiros... Por favor, amiga ― Fez uma carinha de gatinho pidão.

― Eu te odeio, Alice ― Falei estreitando os olhos para ela.

― Eu também te amo ― Soltou um beijo para mim me fazendo revirar os olhos.

****

Passamos a tarde entre filmes na netflix, fotos antigas, brigadeiros, bastante suco e água de coco, que agora entra mais que a própria água nessa casa já que alguém comentou com Ravi que faria bem ao bebê. Quero ver se ele vai mandar plantar coqueiros na Índia.

Poncho e Ravi chegaram com o jantar pronto do hotel, e ficamos conversando até tarde. Não podia acreditar que essa era a ultima vez em um ano que estaria com aquelas pessoas.

O Bebê da Firanghi [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora