― Dadi ― Ravi se apressou em levantar se aproximando da velha e tocando seus pés. Ela proferiu algumas palavras inteligíveis para mim e depois voltou seu olhar em minha direção.
Acho que esqueci como se respira.
― Não sabia que a senhora viria hoje, mamadi ― Najan se aproximou repetindo o gesto do meu marido.
― Se eu tivesse falado, deixaria de ser surpresa ― Respondeu de forma fria me olhando de cima a baixo ― E da ultima vez que eu não estive presente nessa família sua esposa permitiu que seu filho, seu primogênito, se casasse com uma firanghi ― Frisou a palavra como se fosse um palavrão ― Não sei o que se ensinam as mulheres hoje em dia... Sua sogra não ensinou nada a cruz que carrega como mulher, meu filho.
Olhei para Nadira que trincou o maxilar. Aposto que queria matar a velha também.
― Agora ande ― Olhou para Najan ― Lá fora está o carro que me trouxe e minhas bagagens. Não esqueça de pagar ao pobre homem.
Nadira respirou fundo antes de colocar um sorriso no rosto. Um sorriso bem falso. Estávamos todos de pé, mas juro que até as moscas pararam de fazer barulho para prestarem atenção no que aconteceria a seguir.
― Minha sogra ― A luta para que as palavras saíssem não me passou despercebido ― Que bom ter a senhora conosco ― Nadira, assim como os dois homens se aproximou da senhora tocando-lhe os pés.
A velha balbuciou alguma coisa e depois partiu ao ataque.
― Não precisa ser falsa, Nadira ― Ergueu o rosto para Nadira como se quisesse mostrar ser superior ― Não precisa fingir, ambas sabemos que você me detesta. E a reciproca é verdadeira.
Fight one as palavras passaram em minha cabeça com a voz do locutor das partidas de Street Fight.
― E a senhora se esforça em piorar tudo ― Nadira retrucou com o sorriso vacilando um pouco no rosto.
― Mamadi ― Najan interrompeu antes que alguma outra patada voasse e atingisse aos inocentes naquela sala ― Porque não se senta? Deve estar cansada da viagem...
― E você o que ainda faz aqui? ― Perguntou irritada olhando para o pobre homem ― Vá buscar minhas coisas que do meu cansaço sei eu.
― Sim senhora, mamadi ― Ele assentiu e saiu correndo da sala, mas antes trocou um olhar com Ravi como se pedisse para que ele garantisse que a paz continuasse estabelecida naquela casa.
Se minha opinião valesse alguma coisa diria que a paz saiu correndo assim que a bruxa do oeste entrou.
― Aish ― Minha amiga olhou imediatamente para a mulher mudando de cor ― Você pode ser uma mulher casada, mas ainda é mais jovem.
Imediatamente Aisawarya praticamente correu tocando os pés da matriarca da família. Da mesma forma como fez anteriormente proferiu palavras que não pude decifrar e me lançou um demorado e penetrante olhar. Me senti como se a mulher pudesse me ver por dentro.
― Dadi ― Ravi chamou erguendo a mão para que eu o encontrasse ― Essa é minha esposa, Samara ― Ele sorriu para mim tentando me passar segurança.
Sabe quando sua mãe fala que se você sair de casa sozinho você será sequestrado pelo homem do carro preto? Ou quando dizem que se você mentir seu nariz ficará tão grande quando o do Pinoquio, e você morre de medo de mentir e ficar com um nariz grande pra sempre? Meu medo era muito, muito maior que a combinação dessas duas situações juntas.
Afinal, o que eu tinha que fazer? Tocar no pé da mulher? Abraçar como fazemos no Brasil? Sorrir e acenar como os pinguins de Madagascar?
Olhei pro meu marido esperando uma resposta para a pergunta estampada em minha cara. Ele olhou discretamente para os pés da mulher e eu imediatamente me abaixei tocando-os.
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O Bebê da Firanghi [degustação]
RomansaDepois de uma traição, Samara passou a colocar os assuntos do coração em segundo plano e a tocar a vida entre seus estudos e pequenos flertes. Ela só não esperava que, em uma viagem à Índia com sua melhor amiga, fosse conhecer um indiano que mudaria...