Capítulo 1

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Lembro como se fosse hoje quando eu o vi pela primeira vez. Olhei para o homem, que em instantes eu iria chamar de marido como a tola apaixonada que eu realmente era.

Ele estava tão lindo quanto agora. Naquele dia, os cachos grossos que caíram por sua testa acentuavam ainda mais o tom de sua pele. Os olhos como duas jabuticabas e aquela bata com cordão transpassado tentando esconder os cabelos de seu peitoral, mas falhando miseravelmente. Perdi a concentração, o folego e a vontade de ficar a menos de cinco centímetros de distância dele.

Para minha sorte seriamos companheiros nessa longa viagem a Índia.

Bendita seja a Alice e seu convite para me juntar a ela.

Não havia como aquele homem ficar ainda mais bonito. Ele poderia ser facilmente chamado de personificação da beleza.

Fiquei tão nervosa que no momento que finalizai a difícil tarefa de desviar os olhos do cidadão a minha frente e colocar minha mala de mão no bagageiro acima de nossas cabeças para finalmente poder entrar no pouco espaço que iriamos felizmente compartilhar. Entretanto, acabei tropeçando nos pés do senhor enorme sentado na cadeira do corredor, ao lado no homem mais lindo que eu já havia visto na vida, o qual denominei de meu crush praticamente (risca o praticamente. O mico foi real) caindo sentada em seu colo.

Para evitar que o tombo fosse maior, mãos protetoras pousaram em minha cintura causando um choque elétrico em cada ponto onde seus dedos e palmas macias tocaram em mim. Nosso vizinho de fileira me lançou um olhar sugestivo.

Seria cômico se não fosse trágico. Em algum momento eu teria decido por dar um jeito de ganhar a atenção do boy, mas decididamente não era desse jeito que minha fértil mente trabalharia.

― Desculpa ― Murmurei baixo levantando o mais rápido possível tentando ignorar os olhares de todas as pessoas que estavam perto o suficiente para notar o enorme momento trágico em minha vida.

Alguns olhares pareciam me condenar, enquanto sorrisinhos tímidos nos lábios de algumas mulheres davam a entender que se estivessem em meu lugar teriam feito á mesma coisa.

Claro que ninguém acreditaria que sou naturalmente desengonçada o suficiente para cair no colo de um homem daqueles.

― Sem problemas ― Respondeu com um sorriso despretensioso na cara, o que o fez ficar ainda mais bonito.

E eu achando que não tinha como isso ser possível.

Me amaldiçoei por dentro por estragar as chances de uma entrada triunfal para fazer o boy maravilha babar por mim, e mortificada fixei meus olhos na janela observando nossas bagagens serem colocadas no avião tentando imaginar algo que fosse inteligente o suficiente para falar com o boy. Depois do mico, não podia simplesmente falar besteira.

Daria uma de Ofélia, e só abriria a boca quando tivesse certeza.

Se fosse um homem tipicamente brasileiro, nem precisaria que eu gastasse neurônios pensando em puxar papo. A queda acidental teria se transformado em um beijo épico digna de filme... Mas, pelas roupas e traços era um indiano – E dos bons – Segundo sei, são homens respeitadores e monogâmicos.

Malditos homens de tradições diferentes.

Entretanto, ao que parece, o universo conspirava a meu favor já que para minha surpresa, não precisei me esforçar muito pensando. O homem lindo de cachos grossos que parecia me encarar com bastante curiosidade se relevou dono da voz rouca mais sexy que já ouvi em toda minha vida.

O Bebê da Firanghi [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora