Capítulo 14

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A vida ao lado de meu marido era fácil. Ravi era um sonho.

Isso não quer dizer que nunca brigamos, brigamos sim, e algumas vezes senti uma profunda raiva dele, mas logo isso passava, e com as diferenças aprendíamos muito.

Periodicamente falávamos com sua família tradicional por Skype, e bom, eu amo dona Nadira, mas ter um continente de distância era uma benção. Especialmente agora que a ― que Ravi não me ouça ― bruxa de sua avó e seu avô maluco estavam morando com eles. A mulher infernizava a vida de todos e o homem a cada dia dizia que ia morrer de uma forma diferente.

Até Aish, que é uma santa, estava a um passo da loucura por conta daquela mulher. O tempo passava rápido, e pouco depois estava ocupando o posto de Alice temos atrás quando ela foi minha madrinha. O casamento dela com Alfonso foi um sonho. Uma pequena fazenda em meio a uma plantação de flores do campo. Uma enorme árvore serviu de altar, onde lâmpadas serviam de enfeite com pequenos ramalhetes de flores dentro. Um vestido simples de alça, e uma coroa de pequenas flores brancas fechadas na parte de trás por um laço delicado de fita.

Raji compareceu ao casamento, chegou momentos antes da cerimonia e partiu logo em seguida alegando problemas na empresa, eu não levei a sério, mas tempos depois soube que as coisas na Índia não estavam fáceis e Raji realmente estava dando o sangue para melhorar a situação das empresas. Em contra partida os nossos negócios estavam indo de vento em popa. O hotel atraia cada vez mais turistas que vinham conhecer a cultura brasileira, e que louco!, acabavam descobrindo um pouco da Índia dentro do meu amado país. Tenho que confessar que a principio duvidei de sua ideia maluca, mas, felizmente estava dando certo demais.

Ravi tinha construído o local em uma inacreditável réplica do Taj Mahal. As quatro torres ao redor do hotel palácio, e ao centro a enorme construção com boa parte de seu teto em forma esférica. As janelas eram inacreditáveis similares. Um pequeno lago a frente do hotel onde seu reflexo era visto exatamente como sua fonte de inspiração indiana. E o melhor, era que apenas atravessando a rua as praias cariocas nos esperavam.

Naturalmente Alfonso, o mexicano delicia de minha amiga, e Ravi, meu indiano gostosão, se tornaram melhores amigos, O que fazia todo sentido já que eu e Alice praticamente nos víamos todos os dias. Alfonso trabalhava conosco, ajudava na administração e como tinha experiência com turismo, essa era basicamente sua função favorita lá dentro. No começo a relação deles foi bem estranha tendo em vista que seu irmão amava minha amiga, mas aos poucos Ravi foi separando a amizade com Poncho de seu amor e apoio ao seu irmão.

Por falar nela, como sempre um pouco mais apressada que todos nós meros mortais, pouco tempo depois de casada engravidou da primeira filha, Alana. Menos de dois anos já estava grávida novamente, e o nome escolhido pelo mexicano foi Henrique, o que surpreendeu a todos. Eu achava incrível como ele não tinha ciúmes do ex-noivo de minha amiga, e sempre ouvia as histórias que Alice esporadicamente contava sobre ele.

Pucos dias depois dela descobrir que estava grávida, meu teste deu positivo.

O primeiro bebê do meu indiano.

E saber que eu e Alice teríamos o bebê no mesmo momento, e que nossos filhos seriam melhores amigos desde a infância me deixava ainda mais animada.

Queria dar a notícia em grande estilo. Então exatamente por isso eu estava aqui nervosa, no terraço do hotel de meu marido aguardando por ele com uma mesa posta para dois. Como meu Ravi andava bastante atarefado com o carnaval chegando e os hospedes brotando de todos os lugares do planeta, inclusive dispostos a pagar mais caro para poderem se hospedar conosco. Por isso pedi a ele que reservasse para mim um horário em sua agenda e com a ajuda de Alice e Alfonso preparei o terreno.

O Bebê da Firanghi [degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora