1 Capítulo

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Aos poucos meus olhos se abrem, estou tranquila até o momento, meu corpo ainda está sonolento e algo dentro de mim grita pra que eu desperte que fique atenta. Fecho meus olhos mais uma vez, mas a calma se esvair dando lugar a um desespero que até o momento não entendo o porquê?! Estou com uma sensação bem estranha de ter esquecido alguma coisa, algo importante, me sinto falha, é como se eu lembrasse coisas, mas não de mim mesma! Sento-me no galope na cama...

Não sei onde estou!

Onde estou?

Minha respiração se torna forte!

Respire, só respire...

Respire...

1,2,3...

Minha respiração se ofega...

O suor desce pelo meu rosto. Então algo me atinge.

Uma única frase.

NÃO SEI O MEU NOME!

Como isso é possível?! Minhas mãos suam quando toco no diário que encontrei ao lado da cama em cima da escrivaninha, as folhas se molham com meu toque quando leio que meu nome é Clara, e tenho 17 anos, aperto com força contra o peito o pequeno livro, como se ele pudesse me tirar dessa loucura enquanto folheio, mas todas estão em branco como minhas memórias. Coloco – o onde o encontrei. Meus pés tocam em cima de um tapete bege claro. Estou meio apavorada, como assim eu nem lembrava o meu nome? Sabe aquela sensação que você tem que esqueceu alguma coisa importante, é a mesma que estou sentindo agora, como irei lidar com isso? Eu nem sei o que vou encontrar quais pessoas eu terei contato, nem ao menos sei se irei reconhecê-las! Eu não me esqueci de que existe família, trabalho, escola, minha falta de memória vem de não lembrar de onde sou como vim parar aqui, quem sou eu na verdade! Quem são meus pais... Sinto medo, medo do que há de vir, o que pode acontecer, o que vou fazer, mas meu corpo gela assim que a porta do meu suposto quarto é aberta, o destino não me deu tempo de pensar em uma estratégia.

E o destino abre a porta revelando uma mulher, seus cabelos são negros e longos, há certa severidade no seu rosto, deve ser mais baixa que eu, mas não abaixo a guarda, alguma coisa me diz que não devo me enganar pela sua estatura e ao olhar os olhos dela concretiza meu pensamento.

- Clara você está atrasada! Anda logo! – ela olha pra mim e vejo a dureza nos seus olhos, sua voz é baixa, e pela tonalidade não aceitará não como resposta.

- Onde estamos indo? – pergunto já preocupada, não sei se fico mais receosa de onde estamos indo ou do que eu perguntei.

- Como onde Clara?! A escola! Agora vamos!

Ela sai do quarto às pressas, deixando uma fresta aberta. Eu não sei o que fazer, como posso ir à escola sendo que nem sei onde é, ou quem eu conheço lá, é muito estranho ter que fingir ser algo que você nem sabe se é, ou encontrar as pessoas e agir como se estivesse tudo bem, e o pior eu tenho uma leve sensação que devo guardar esse segredo da memória por um tempo pelo menos até descobrir quem é de confiança ou não, estou sozinha nesse caso!

Sinto pressão nos dedos das mãos de tanto apertar a colcha rosa clara com força até de mais, suspiro fundo:

- A única forma de saber é enfrentando! – digo em voz alta, mas não ajuda muito no turbilhão de sentimentos que estou agora.

Começo pelo quarto.

Vejo estrelas desenhadas na parede, algumas são pequenas outros talvez do tamanho da minha mão, provavelmente deve brilhar a noite, tem uma cor meio esverdeada...

Com um piscar de olhos me passa uma lembrança na cabeça, um céu estrelado, um silêncio acolhedor, parecia muito bem vindo, é muito rápido, uma lembrança muito vaga, mas que deixa rastros. E então sinto fisgadas dentro de mim , não sinto o barulho a minha volta, consigo processar o compasso do meu coração cada vez mais rápido, os meus lábios estão formando um sorriso e descubro que sou apaixonada pela noite, há energia fluindo de mim, eu consigo perceber isso agora, uma paz que desde o momento que eu acordei não sentia, parece que estou vendo uma parte que estava perdida e foi encontrada, é estranho demais, e é bom demais.

Em Busca Da Verdade EscondidaOnde histórias criam vida. Descubra agora