VII

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•HaeWon•

— Meu Deus! O que aconteceu com você? — Yeri diz assim que me vê entrando pela cozinha e me esforço para concertar minha imagem desgrenhada e um pouco machucada. Ela começa a analisar meu pulso dolorido, que já estava ficando visivelmente roxo.

— Um dos guardas tentou me agarrar. — Ela me olha surpresa colocando as mãos sobre a boca. — Mas um outro impediu que qualquer coisa acontecesse.

Se antes sua expressão era de surpresa agora ela parecia confusa. Não é todo dia que ouvimos falar de um guarda ajudando uma escrava.
Mesmo que ele não tenha sido gentil ainda sim... não é normal.

— Pode me ajudar? O que você tem para lesões? — ela pergunta para o rapaz que estava escorado nos balcões e só agora percebo sua presença.

— Tenho algumas ervas, mas não faço a menor ideia de como usá-las. — Ele traz algumas folhas e um pano mergulhado na água. — Como se chamam? — Yeri me encara como se perguntasse se podemos confiar nele — Não se preocupem o que é dito aqui, fica aqui.

Ele sorri e percebo que seus olhos são mais expressivos do que eu pensei.

— HaeWon, mas pode me chamar de Hae se quiser.

— Me chamo Yerim, mas me chame de Yeri. — Ela diz enquanto mistura as ervas trazidas pelo rapaz com maestria, como se as conhecesse de traz para frente. — E você?

— Meu nome é Seokmin, prazer em conhecê-las. — Ele passa a prestar atenção ao que Yeri faz. — Como aprendeu isso?

— Longa história. — Ela termina sua mistura e enrola o pano com as ervas no meu pulso. — São calmantes, amanhã vai estar melhor.

Ela entende de tratamentos médicos, por isso a recrutaram.

Seokmin nos leva até os andares subterrâneos, ele não parava de falar um minuto e mesmo na situação que se encontra um belo sorriso dança em seu rosto, ele carrega uma pilha de panos feitos pelos próprios escravos.

Parece que ele acha felicidade onde quer que esteja.

— Vocês vão ficar aqui. — Ele para diante de uma porta, era um quarto pequeno, com duas camas, sem decoração alguma e nos entrega os panos que carregava. — Tiveram sorte, serão só vocês no quarto, se precisarem de alguma coisa estou do outro lado do corredor, só não façam muito barulho, eu divido o quarto com mais três, Boa noite vejo vocês amanhã no primeiro sino... Espero vocês na cozinha.

Nós assentimos e entramos no pequeno quarto, ele cheirava a mofo e os dois colchões ralos se encontravam no chão.

— Acho melhor dormimos. — Digo apertando o pano em meu pulso.
Se ele tivesse segurado mais forte poderia ter quebrado.

— Unnie? — ouço a voz de Yerim e olho na sua direção. — Acha que vamos estar seguras aqui?

— Não faço a menor ideia, eu posso ter tido sorte hoje, mas eu realmente não sei. — Solto um longo suspiro tentando por a cabeça no lugar. — Se eu tivesse agido, provavelmente não estaria aqui agora.

Se não fosse pelo soldado estranho as coisas teriam sido diferentes. Mesmo que seja um soldado do imperador eu deveria ter o agradecido pela ajuda.
Não vi seu rosto, mas seu sobrenome bordado no uniforme será difícil de esquecer.

Jeon... por que você me ajudou?

— Entendo. — Ela desfaz o perfeito coque deixando seus cabelos soltos. — Melhor tomarmos cuidado. Sabe quanto tempo vamos ficar aqui?

— Provavelmente até confiarem em nós e podermos andar por aqui despercebidas. — Digo e ela começa mexer nos panos que Seokmin trouxe.

"Do jeito que você está você... Se destaca. Use um capuz ou uma capa para se misturar e evitar que esse tipo de coisa se repita."

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora