I

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• Haewon •

A noite estava fria, apesar de estarmos em pleno outono. A pouca iluminação feita pelos lampiões, que impossibilitavam a completa escuridão, estava se apagando e o brilho amarelo, quase pálido, que vem dali logo dará lugar à noite escura.

Tenho que agir rápido.

Os soldados começam a fazer a ronda conforme as horas passam e o toque de recolher já havia tocado a um tempo.

Se eu for pega não terei escapatória.

A adrenalina corre pelas minhas veias em antecedência e meus dedos se fechavam em torno do cabo da adaga escondida atrás das minhas costas, presa por uma das minhas velhas bainhas.
Fiquei o observando por dias. Todas as noites ele passa por este beco, mas essa será a última se depender de mim.

Do outro lado daquele estreito lugar, um homem relativamente novo anda despreocupado, como se nada pudesse atingi-lo e em parte, isso é verdade. O cabelo liso caindo pelo rosto pálido parcialmente coberto por um pano e as roupas escuras do uniforme com o emblema do Império bordado em prata no lado esquerdo do peito, o dão um ar sombrio e sua postura ereta e elegante mostram sua alta posição. Uniforme negro... General.

— O que uma belezinha dessas faz aqui a essa hora da noite? — ele comenta me analisando e abaixando o tecido, deixando sua boca exposta. — Está sozinha?

Qualquer garota ingênua recorrerá a ele, afinal um oficial de sua patente deveria proteger os outros.

Deveria, mas não é assim que as coisas acontecem por aqui, não mais.

— Eu estava andando a procura de minha amiga, mas eu acabei me perdendo. — disse com uma forçada voz assustada.

— Seria um prazer te ajudar. — diz o homem alto com um sorriso ladino.

Ele olha para os dois lados daquele beco escuro e me puxa na sua direção com certa brutalidade, suas mãos começam a vagar pelo meu corpo e a repulsa se instala no fundo do meu estômago.

— Vou te ajudar de um jeito que você vai gostar e muito. — Ele sussurra perto do meu ouvido e impede minha mão de afastá-lo me segurando com força travando os movimentos do meu braço.

Retiro a adaga das minhas costas antes que ele me imobilize por completo e em um ato rápido ela perfura o pescoço do general sem dificuldade. 

Sinto o sangue quente contra meus dedos frios e o corpo do homem pesar em cima de mim. Eu o empurro e ele vai de encontro ao chão, soltando alguns resmungos incompreensíveis se engasgando com o próprio sangue, que se espalha pelo chão e pinga em grossos coágulos, até se calar.

Seus olhos escuros agora estão opacos, sem vida. Seu corpo para de se debater e não faço questão de escondê-lo, o líquido vermelho forma uma poça aos meus pés e me afasto antes de deixar qualquer rastro.

Menos um general estuprador e corrupto em um Império cheio deles.

Como se já não bastasse deixar o povo sofrer na pobreza ainda estupram as poucas meninas que ainda têm um pingo de felicidade.

Esses filhos de uma... Não, elas não são as culpadas pelos atos deles.

Penso enquanto sopro os fios da minha franja que caiam em meus olhos e relaxo depois de muito tempo parada no mesmo lugar.

Retiro a roupa tradicional que usava, deixando a mostra a calça e a blusa feitas de um tecido simples e escuro que eu trajava por baixo, limpo o sangue de meus dedos e a adaga no delicado vestido, não voltaria a usá-lo de qualquer forma. Procuro minha capa no meio de umas caixas que havia ali e a coloco para afastar o frio, por fim, solto meu cabelo e deixo o vestido em qualquer canto escondido me livrando dele.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora