Epílogo

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A luz entrava pela janela com o nascer do sol. Em consequência Wonwoo é acordado, incomodado com a luz que faz seus olhos doerem.

Devagar ele se levanta, tomando cuidado para não acordar a mulher que ainda dormia em seus braços. Ela apenas resmunga e vira para o outro lado voltando a dormir.

O canto dos pássaros o irrita, apesar de afastar o sono de uma forma agradável. Gostava de definir esse som como um agradável péssimo alarme ao qual era obrigado a ouvir todos os dias, no entanto ele preferia muito mais esse som leve e irritante do que o badalar agudo de um sino que marcava cada parte de seus dias.

Seus pensamentos ficam de lado quando se concentra em achar suas roupas espalhadas pelo chão e vesti-las, assim como os óculos na cabeceira.

Seu olhar vai para a figura de HaeWon dormindo com os fios escuros cobrindo o rosto e ele não consegue conter um sorriso. As costas nuas e pálidas, assim como os braços, são o maior alvo da luz que vem da janela e embora ainda existissem muitas cicatrizes cobrindo a pele da mais nova, Wonwoo achava aquela uma das mais belas imagens.

Passa pela cabeça dele acordá-la, mas logo desiste imaginando que ela queira apenas descansar depois da noite anterior.

Sem fazer barulho ele caminha, mancando um pouco até a saída do quarto, quase tropeçando nas roupas dela que ainda estavam no chão. Depois de se recompor e checar brevemente se não havia a acordado com o barulho ele apenas recolheu as roupas, as deixou na cama e saiu da pequena cabana.

O tempo estava mais fresco que no dia anterior, mas ainda o fez se apressar em colocar suas botas para não ter que encostar no chão frio do lado de fora.

A contragosto o rapaz sonolento leva comida para o seu atual rival, que apenas trota ao redor do pequeno cercado. O cavalo, carinhosamente apelidado de Meia-noite pela Choi por causa do pelo negro, relincha quando ele se aproxima para alimentá-lo parando de trotar para encarar o homem do outro lado da cerca.

Apesar de ambos não simpatizarem desde o começo sabem que precisam um do outro, então apenas aceitam uma trégua e deixam o orgulho de lado em alguns raros momentos.

— Vai deixar que eu chegue perto hoje?

Em resposta o animal apenas o ignora e deixa que ele entre no cercado para por a ração no lugar, logo come sem se importar com a presença de Wonwoo, até sentir ele acariciar o pelo de sua crina e parar o que está fazendo para bater o casco no chão e afastar o homem que entendeu o recado.

— Tudo bem. Já estou saindo, seu mal-humorado. — Meia-noite apenas volta a comer depois de suas palavras.

Estou sendo cauteloso com um cavalo. O que está acontecendo comigo?

Ele pensa e meneia a cabeça ainda rindo do animal orgulhoso.

Embora completamente afastado de qualquer cidade ou vilarejo aquele lugar tinha seus pontos positivos. Além de ser bem escondido pelas árvores, se achar o lugar certo ganha de presente uma bela vista.

Exatamente por isso Wonwoo se encontra sentado em algumas pedras, com as mãos afundadas na grama fria ainda molhada, apreciando aquele amanhecer meio nublado. O ar fresco enche seus pulmões e em meio aquela pequena parte de sua rotina ele relaxa — coisa que era rara naquele lugar onde ficou preso por tanto tempo — sentindo um pouquinho de paz e se inundando nas lembranças da noite passada, as quais não sairiam tão cedo de sua memória e trazem um pequeno sorriso para o seu rosto.

Não ventava naquele dia, o que o desapontou um pouco, pois ele gostava daquela sensação.

Estava tão imerso naquele pequeno pedaço de paraíso que não ouviu HaeWon se aproximar. Por minutos ela ficou apenas o encarando. Um costume que havia adquirido com o passar dos meses, entrando num transe sempre que o via absorto desta maneira. Como se admirasse uma pintura ou estivesse diante da coisa mais bela que já viu na vida.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora