XXVI

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•Seungcheol•

◇Três meses depois◇

Sou acordado por batidas na porta, alguém está praticamente esmurrando a pobre coitada. Me levanto rápido, tentando afastar o mal humor e o sono para não descontar no ser que me acordou antes do primeiro sino. Tive uma surpresa ao ver Junhui parado ali, já arrumado e aparentemente animado.

— Já está na hora, vamos... Por que ainda está de pijama? — a entonação de sua voz muda ao ver meu estado sonolento.

— Está na hora do quê? Ainda é cedo. — Pergunto passando as mãos pelo rosto para afastar o sono e ele me olha incrédulo.

— Não ouviu os três primeiros sinos? — demoro alguns segundos para eu entender o que ele disse, mas logo me assusto e trato de fechar a porta da casa, deixando-o para o lado de fora, correndo para trocar minhas roupas e me arrumar antes que eu esteja realmente atrasado.

Apenas escuto sua risada enquanto eu corro de volta para o quarto. Não devia ter ficado até tão tarde ajudando Jihoon. Bem feito, quis ser altruísta agora está todo atrasado e enrolado.

Depois de encontrar a roupa que estava separada e me vestir eu saio correndo pela casa pequena para encontrar com um Jun impaciente.

Só agora percebi a agitação e barulho que vinha das ruas. Pessoas vestindo vários tons de azul festejavam alegres e corriam para agilizar seus afazeres.

Nunca achei que veria isso.

Sigo meu caminho até o Castelo junto de Junhui que conversava comigo com um sorriso no rosto. Fico feliz de vê-lo assim, ele passou muito tempo preso e só foi liberto graças à revolta na cidade naquela noite em que tomamos o Castelo.

Tínhamos que chegar um pouco mais cedo, já que nosso futuro governante quer nos ver e falar conosco.

As coisas seguiram monótonas nos últimos meses. A cidade se reergueu aos poucos, tivemos que nos adaptar a uma nova vida e superar as perdas que ficarão sempre marcadas em nossas memórias, principalmente quando andamos por essas ruas tão diferentes de antes, mas que ainda carregam sua essência repleta de lembranças.

Minha casa fica bem no centro de tudo, ou seja, tem muito chão pela frente até chegarmos no Castelo.

Em qualquer lugar na cidade hoje, há música e pessoas comemorando, o que torna mais difícil andar a pé sem distrações. Os casais dançam, as moças andam em grupos jogando seus charmes para os solteiros que riem e bebem enquanto as observam e recebem olhares severos dos pais delas.

— Cuidado na rua Gyu! Essas meninas estão muito assanhadas. — Ouço um grito se sobressair à música e reconheço a risada de Mingyu.

— Não se preocupe! — ele dá uma piscadela para a mãe que arrumava os vestidos coloridos feitos a mão na frente da loja recém-aberta. — Me espere para o jantar.

Ele sorri para a mulher que o encara com as mãos na cintura e olhos apertados numa falsa pose intimidadora e depois de se despedir ele vem ao nosso encontro.

— Achei que já estariam no Castelo.

— Alguém perdeu a hora. — Junhui me encara com um sorrisinho.

— Não é totalmente minha culpa. — Os dois me encaram com as sobrancelhas arqueadas e eu desisto de argumentar. — Tudo bem. Podem me culpar.

Nós três seguimos até o Castelo, acompanhando as poucas pessoas que comemoravam pelo caminho o qual estava terminando de ser reconstruído. Depois de andar bastante nós passamos pelos portões do lugar que um dia me pareceu tão sombrio, mas agora está monótono e tranquilo. Menos assustador aos meus olhos, mais pacífico.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora