IX

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•HaeWon•

— Amanhã assim que amanhecer pegue uma caixa de cartas na biblioteca e as leve até a cidade neste endereço. — Ela me entrega um papel com algumas anotações. — Me traga uma resposta do rapaz e eu não quero atrasos, me ouviu?

Eu assinto e calmamente vou até a biblioteca, encontrando as cartas em cima daquela mesma mesa que eu deixei no primeiro dia. Desço o primeiro degrau da grande escada sentindo a perna queimar.

Aquela mulher mal-amada.

A senhora Lee fez questão de me chicotear por causa do último atraso e as marcas ainda não cicatrizaram completamente, terei que me contentar em descer bem devagar.

Semanas nesse lugar e nada, nenhum sinal da resistência, nenhum comunicado e eu só vi o imperador algumas poucas vezes. Que ótimo...
Pelo pouco que eu sei, o imperador passa muito tempo em seu escritório, fazendo algo que não é do meu conhecimento, são poucas as noites que ele dorme no quarto junto da Imperatriz.

Tenho certeza de que ela está o traindo, mas eu preciso de provas e principalmente saber como o amante dela entra e sai sem ninguém o ver. Esse seria um ótimo jeito de ganhar a confiança daquele traste e achar uma rota alternativa.

Continuo descendo as escadas devagar tomando cuidado com a perna machucada que queimava como se estivesse em brasa, tento me concentrar apenas em chegar no fim dos degraus, mas é difícil não ficar tensa quando um guarda passa do meu lado subindo as escadas como se não quisesse fazer algo.

— Quer ajuda para descer as escadas? — Sua voz me faz parar de andar e olhar desconfiada na sua direção, não demoro a reconhecê-lo. O mesmo guarda que me salvou nesse mesmo lugar. — Sua perna está machucada deixe-me ajudá-la.

Ou você quer alguma coisa ou você é um soldado muito estranho. Voto na primeira opção.

— Não precisa. — Digo com a voz firme, mesmo desconfiando de sua atitude e achando que ele poderia me jogar dessa escada por não recuar diante dele.

— Tem certeza? — ele se aproxima descendo mais um degrau, ficando a apenas um de distância.

— Você pagará caro por ajudar uma escrava. Nem devia estar falando comigo a propósito. — Ele arqueia a sobrancelha e me encara divertido apesar da ameaça sem muito fundamento. O som do décimo sino soa e eu volto a encarar seus olhos. — Vai se atrasar para sua ronda senhor Jeon. — Ele arregala os olhos ao ouvir minhas palavras e sobe as escadas correndo, mas para e se curva antes de voltar a subir.

Acho que me enganei ele realmente é um soldado muito estranho.

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O clima frio da manhã deixava a cidade sombria, as construções de pedra e madeira continuam a mesma coisa de sempre em toda sua bela arquitetura antiga e bem construída.

O som agudo do segundo sino me acorda, me fazendo andar mais rápido. Os músculos da minha perna doíam o que piorava as lesões. Melhor eu começar a procurar o rapaz das cartas.

Começo a rodar pela cidade, tentando achar o endereço que a Imperatriz me passou. Tenho o sentimento que por onde eu passo as pessoas me olham, alguns com pena, outros apenas curiosos.

Escravos não saem do Palácio.

Não sei o porquê a Imperatriz resolveu me mandar fazer essa entrega, mas se ela continuar fazendo isso, melhor para mim. Assim eles podem fazer contato.

Paro na frente de um pequeno estabelecimento que coincidia com o que estava no papel que a senhora Lee me deu. Não era algo muito definido, parecia um escrivão ou uma espécie de correio. O lugar era escuro, o que contrastava com as cores claras da fachada do prédio, e tinha um balcão bem grande no centro. Um rapaz que parecia ter a minha idade separa concentrado alguns papéis.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora