XXI

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•HaeWon•

— Escolte-a até o lugar marcado. — O Imperador ordena. Seu tom autoritário com relação à Wonwoo o fez me segurar com um pouco mais de força.

— Sim senhor. — A voz de Wonwoo soa firme contra o meu ouvido.

— Limpe o quarto. — Dessa vez sua ordem é direcionada a mim.

O Imperador Lee não demora a se retirar e junto com ele os dois guardas seguem seus caminhos carregando os dois corpos inertes que cheiravam a sangue fresco. Ainda posso ouvir os gritos. Depois de alguns segundos ele me solta, como se tivesse saído de um longo transe suspira aliviado.

— O que faremos agora? — Sua voz tira a minha atenção da trilha escarlate que leva até o quarto.

— Esperamos a hora chegar e agimos. — Tiro meu cabelo dos olhos e giro nos calcanhares em direção às escadas sendo acompanhada por ele. — Essa é a chance que estávamos esperando. Vai dar tudo certo. — Digo mais para mim mesma do que para o homem ao meu lado

Ele caiu na armadilha agora é só dar o bote.

Com toda a paciência do mundo eu sigo até o lado de fora e volto ao quarto, agora com o material de limpeza e um balde com água. Wonwoo insistiu em ajudar, mas eu apenas o mandei descansar. Vamos ter um dia agitado, então depois de ceder ele apenas sumiu pelo corredor, me deixando sozinha naquele ambiente mórbido onde apenas existia um resquício da voz chorosa da Imperatriz e os gritos de seu amante ecoando pela parede de pedra.

A única coisa que eu pensava enquanto retirava os lençóis manchados e sujava minhas mãos com todo aquele sangue é que eu não me sentia vingada pelo que acabou de acontecer. Foi necessário, mas não me traz nenhum sentimento de gratificação, só consigo sentir pena. Mas no fim, ela mereceu.

Depois de terminar o serviço eu só queria desviar meus pensamentos do que pode vir a acontecer nessa noite, então eu me concentrei em apenas tirar a sujeira da minha mão e me acalmar, mas antes tive que explicar o que aconteceu a Yeri, que ficou preocupada com o sangue seco nas minhas mãos.

— Vai descansar por favor. — Ela diz com uma voz fofa. — Você vai precisar e se algo acontecer eu te chamo... Agora vai!

Ela me empurra na direção do corredor e eu não consigo negar. Dez minutos de sono vão me fazer bem.

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O dia se arrastou. Não havia muito a ser feito e depois do discurso do Imperador no pátio para todos sobre o que acontece com aqueles que o traem não aconteceu mais nada. Acredito que todos ficaram meio chocados ao descobrirem que a imperatriz foi morta, mesmo que ninguém gostasse muito dela.

O quinto sino acaba com o silêncio daquele lugar, marcando a metade do dia. Os guardas saem de seus postos para procurar por comida e só então eu encontro Wonwoo, que saía do castelo com uma sacola em mãos procurando por algo.

Logo seu olhar foca em mim do outro lado do jardim e em passos rápidos ele chega mais perto. Por precaução ele confere se ninguém está nos olhando e com calma chegamos em um canto mais escondido.

— Finalmente te encontrei. — Seus olhos se fecham minimamente com o sorriso que dá por debaixo de sua máscara. — Seu irmão pediu para te entregar, ele disse que você vai precisar.

Antes que eu pegue a sacola de suas mãos ele me puxa na direção de uma das cercas vivas, fico sem entender quando ele abre caminho entre o encontro de duas e entra ali, me puxando para dentro, revelando um pequeno espaço escondido pelos arbustos, um pequeno cubículo imperfeito no meio de um perfeito jardim. Eu me sento na grama mesmo, sendo seguida por Wonwoo, que se escora no arbusto ao meu lado. Ele me entrega a sacola e eu não tardo a vasculhá-la, não havia pouca coisa e eu não demoro a perceber que são alguns dos meus pertences. Uma muda de roupa para hoje a noite, alguns punhais e bainhas antigas e meu bom e velho sobretudo.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora