XVI

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•Wonwoo•

Eu não havia dito aquilo da boca para fora, mas admito que foi sem pensar e acabou soando mais como um cortejo do que eu esperava. Hae me encara sem desviar os olhos, as bochechas coradas entregam que minha fala teve algum efeito. Se foi positivo ou negativo eu não faço ideia.

Apesar de ter se calado ela fez algo que eu realmente não esperava.

Ela sorriu.

— E por que você diz isso?

— Você é uma mulher interessante. — Respondo dando de ombros e seu sorriso se alarga.

Ela começa a caminhar de um lado para o outro, inquieta.

— Devo encarar isso como um elogio? — ela para de andar e me encara.

— Com toda certeza. — Um sorriso bobo nascia contra a minha vontade por baixo do pano.

Nós nos calamos de novo por um longo tempo, apenas encarando o corredor vazio e silencioso. Me pego a encarando, não sabia que havia maneira de HaeWon ficar ainda mais bela, e apesar dos fios curtos serem um tanto quanto incomuns eu diria que apenas me fez ficar mais vidrado por ela. Sua franja, agora solta, batia pouco acima do seu nariz e seu cabelo chegava até quase a metade de seu pescoço. Completamente diferente de antes que chegava até sua cintura.

— Por acaso, você conhece passagens que nós podemos usar? Passagens que não sejam tão... conhecidas?

Conhecia apenas uma, mas não acho que seja útil em um caso tão delicado.

— Conheço uma, mas não é muito seguro andar pelas catacumbas, não como antes. — Ela confirma com um olhar desapontado. — Mas acho que eu posso dar um jeito...

Vou ter que fazer uma visita a um velho amigo.

— Serei muito grata pela sua ajuda.

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Nós caminhávamos com cuidado para não alertar ninguém, já que mesmo com o caminho até a arena livre, as rondas ainda aconteciam e todo cuidado é pouco.

Ao passar pelas grandes portas e as fechar eu suspiro aliviado quando vejo que como sempre ela estava vazia. Nós soldados temos que treinar e trabalhar o dia inteiro, então de noite os que têm o tempo livre aproveitam para dormir.

— Eu não imaginava que aqui era tão grande. — Ela diz analisando o lugar até que vê um arco que algum noviço deve ter esquecido. — Posso?

Ela encara o alvo a alguns metros de distância e espera uma resposta enquanto joga a cabeça para o lado, tirando a franja dos olhos.

—Vá em frente. — Aponto para a aljava do seu lado e depois de retirar a capa escura e deixar o tecido em cima do banco ela pega a última flecha que estava lá.

Como se já fosse um costume Hae coloca a flecha no arco e mira, respirando fundo e por fim solta os dedos, deixando a flecha sair em disparada até o outro lado da arena que por alguns centímetros não acertou o centro do alvo.

— Belo tiro. — Ela sorri com o elogio.

— Bom o suficiente para alguém que não pega em um arco a anos.

Caminho até a arquibancada deixando o paletó por ali e arregaço as mangas para ficar mais confortável. Sinto os olhos de HaeWon sobre meus antebraços descobertos enquanto eu vou até ela com duas espadas.

— São muitas... — ela diz quase em um sussurro.

Estendo uma espada para ela que não hesita em pegá-la. Ao mesmo tempo sua mão passeava pelo meu antebraço, tocando em uma carícia delicada cada uma das grandes marcas ali presentes e me desconsertando com o calor de sua pele e o frio do metal preso ao seu dedo.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora