XIII

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•HaeWon•

◇Horas antes◇

— Vou te dar mais uma chance. — A Imperatriz fala enquanto se enrola em seu grande casaco de pele. — Quero que leve estas cartas até a cidade e me entregue as novas amanhã.

Ela caminha até mim com duas cartas em mãos, me entrega e sorri perversa.
Eu estou muito ferrada nas mãos dessa megera. Segurando meu rosto com força entre os longos e finos dedos de uma única mão ela me puxa para perto.

— Se aquele seu pequeno... acidente se repetir, não serão só as costas marcadas. — Ela me solta, levo minhas mãos até o maxilar sentindo-o dolorido. — Mais uma coisa. Os guardas vão até a cidade mais tarde, quero que volte acompanhada. Se você voltar sozinha sua punição será bem mais interessante.

Que ótimo...

— Sim senhora.

Saio às pressas do Jardim, voltando até a cozinha com as duas cartas em mãos, procurando por minha parceira. Yeri conversava animadamente com Seokmin perto de um dos fornos.
Ele sorria para ela que tinha as bochechas num tom rosa e retribuía o sorriso.

Eles fariam um belo casal.

Começo a imaginar como seria se eles tivessem se conhecido em outra situação, se nada disso estivesse acontecendo. Olhar para os dois me fez lembrar o porquê eu aceitei essa missão. Quero que as pessoas possam ser felizes, que eles possam ter uma vida, que esses sorrisos sejam duradouros e não murchem por causa de um badalar de sino. Ele beija a bochecha dela e sai ao ouvir a senhora Kang chamar.

— Ah oi Hae. — Ela sorri levando sua mão até a bochecha.

— Olá senhorita boba apaixonada. — Ela cora na mesma hora e revira os olhos. — Tudo bem... Não vou falar mais nada, só vim para avisar que eu vou ter que ir até a cidade de novo.

— Entendo, só toma muito cuidado. — Sua expressão muda para preocupada. — Não quero que se machuque de novo.

— Eu vou me cuidar. — Respiro fundo sentindo uma leve dor nos cortes quase cicatrizados e sussurro baixo. — Falo com você se tiver novidades.

Ela assente e se despede saindo da cozinha, levando a água para preparar o banho da Senhora Lee.
Aperto o laço que prende minha capa e saio do castelo, começando a enfrentar o longo caminho até a cidade, ouvindo o sétimo sino soar pelo castelo.

Quase uma hora depois eu chego finalmente na frente da construção bem decorada. Assim que eu entro vejo Minghao separando um pequeno bolo de cartas.

— O que te traz aqui nesse começo de noite? — ele para de mexer nos papéis e me encara.

— A Imperatriz de novo, vim pegar as cartas. — Ele se vira e traz cinco delas com ele.

— Seu irmão esteve aqui, eu disse que você voltaria ainda essa semana. Tenho duas cartas para você. — Ele me passa os dois papéis no envelope e eu não tardo a abrir.

Era uma mensagem em códigos que olhando por cima parece uma simples carta de agradecimento e uma receita qualquer, mas se juntar os dois e decodificar tenho um endereço e um horário.

Mensagens codificadas do Falcão, já devia ter esperado.

Elas diziam para encontrá-lo em um beco ao som do oitavo sino.

— Obrigada Minghao. — Ele sorri e me entrega as outras três cartas da Imperatriz, que eu coloco na cesta que trouxe comigo e guarda as que eu trouxe embaixo do balcão.

— Se precisar mandar algumas cartas, eu não vou cobrar. — Ele abaixa a voz e diz em um sussurro. — Abaixo à tirania.

Concordo e sorrio ouvindo o badalar do oitavo sino.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora