XXV

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• HaeWon•

Termino de enrolar as faixas novas no meu pulso machucado e pego minhas armas depois de colocar minhas botas. Eu me cubro com o sobretudo pesado e sem hesitar saio daquele castelo. A chuva caía com força contra o meu rosto e o céu começava a escurecer num deslumbrante crepúsculo nublado. Uma última bela visão do céu antes de descer para o subsolo.

Sorrio triste me lembrando de tudo que passei dentro desses muros, todas as pessoas que cruzaram meu caminho nessa arriscada aventura. Wonwoo... As batidas do meu coração agitado entram em sincronia com as grossas gotas caindo no chão de terra do pátio abarrotado de pessoas que acreditam em mudanças e irão lutar por algo que a muito parecia apenas um sonho.

Liberdade.

Vai valer a pena.

Depois de encontrar com o Coruja e confirmar algumas coisas com ele eu sigo meu caminho, descendo cada vez mais até o centro de um subterrâneo esquecido.

A chuva não ajudou com o frio, mas o casaco grosso evitou que minhas roupas ficassem muito molhadas. Minha única opção é tentar me adaptar ao frio e escuro, o que não era muito agradável misturado ao cheiro horrível desse lugar.

Apesar de ainda estar claro do lado de fora, a única coisa que ilumina o caminho são as pequenas fissuras no teto, as quais mal passam luz. Então o escuro é um velho amigo de quem já andou muito por essas velhas passagens. Chego no ponto combinado depois de muito andar. Os sons das tropas ficam para trás e só agora percebo que estou completamente sozinha.

A pessoa mais próxima se encontra a muitos metros distante de mim, mas não preciso que ninguém venha me acudir, na verdade é melhor que ninguém venha. Quanto menos pessoas se arriscarem melhor.

O som de passos enche meus ouvidos e sem pensar duas vezes eu puxo a espada da bainha e aponto para a silhueta alta à minha direita, que nem ao menos recua. Apenas seu cabelo escuro recebia luz e eu quase vacilo quando um sorriso aparece nos lábios de Wonwoo.

— Não é a primeira vez que isso acontece. — Sua voz faz um leve choque passar pelo meu corpo e apesar do escuro consigo ver suas mãos levantadas e o cabelo molhado pela chuva grudar em sua pele. — Não acredito que consegui te achar Hae...

— O que faz aqui? — abaixo a espada deixando-o se aproximar, mas ainda me mantenho na defensiva.

— Pensei muito sobre o que conversamos. — Ela dá mais um passo e quase fecha o espaço entre nós. — Precisava falar com você.

— Wonwoo, agora não é a melhor hora... — tento argumentar, mas tudo o que ele faz é levantar a mão pedindo silêncio.

— Só me deixa falar, por favor. — Eu assinto à sua súplica, mesmo receosa de que apareçam a qualquer momento. — Eu admito. Sou egoísta sim. Prefiro me tirar do problema antes de resolvê-lo sem pensar nas consequências, mas sei que foi covardia te fazer escolher... Por isso voltei na minha escolha. Uma pessoa me disse para não sair do seu lado quando a hora chegar e vou ouvi-la, mesmo que eu morra, mesmo que eu não tenha forças para enfrentar o Falcão e a Águia vou partir feliz, porque eu fiz a coisa certa e não abandonei a mulher que amo.

Sem palavras eu só consegui abraçá-lo. Uma vez que olho para ele procurando seus olhos no escuro eu me deixo hipnotizar, tentando acreditar que não estava sonhando. Meus dedos afastam o cabelo do seu rosto molhado e sua mão segura a minha com firmeza.

— O amor jovem... — uma voz feminina e cortante soa irônica. — Tão bonitinhos.

Demoro alguns segundos para me acostumar com a luz que vinha da tocha que o Falcão segura.

Behind the Mask  » » Jeon WonwooOnde histórias criam vida. Descubra agora