Capítulo 17

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POV Eduardo

Recebo mais uma carta com ameaças como as outras, desta vez com a frase "Vai sofrer como eu". Levo para Gian e ele me diz que ainda não tem pistas do autor. Não conseguiram rastrear a ligação que recebi e nem as cartas.

Por mais saudades que sinta de Inês, evito encontrar com ela por estes dias, aproveitando que ela está muito ocupada com a padaria. Mas hoje iremos a um concerto natalino.

Observo minha namorada enquanto a orquestra se apresenta. Seus olhos brilham, um sorriso maravilhoso ilumina seu semblante e ela não nota nada além da música. Vê-la assim tão encantada me inspira ainda mais para a obra que estou compondo para ela. Faltam pouco para estar completa, mas ainda não estou pronto para executá-la.

- Boa noite, meu jovem prodígio! – encontro uma pessoa muito querida quando estamos de saída.

- Boa noite. Está é minha namorada Inês. Este foi meu primeiro professor de piano, Sr. Bonfim – eles se cumprimentam e ele me abraça.

- Que bom te ver com saúde, menino. Fiquei sabendo de seu acidente. Como está?

- Bem, mas machuquei minhas mãos e preciso fazer fisioterapia para tocar novamente.

- Um amigo meu passou por isso, mas recuperou-se, toca divinamente. Sei que logo estará bem.

- Espero que sim, não sei o que faria sem a música.

- Bom que tocou neste assunto. Estou precisando de um professor teórico para minha escola. O antigo aposentou-se no final deste ano. Por que não fica com a vaga? Sei que voltará a tocar como antes, mas as aulas não atrapalharão.

- Sinto-me honrado pelo convite. Aceito com muito prazer. Devo tudo que sei à sua escola, professor.

- Ótimo. Passe no meu escritório na primeira semana de janeiro para acertarmos os detalhes e bem vindo à equipe.

- Muito obrigada e boas festas.

Fico radiante com a oportunidade. Mesmo que demore em voltar a tocar como antes, estarei trabalhando na minha área e num lugar que só me trás boas lembranças.

- Parabéns, sapinho. Vejo que ficou feliz.

- Muito, Inês. Aprendi muito naquela escola e sempre sonhei em voltar um dia como professor.

Deixo-a em casa e fico acordado parte da noite trabalhando na sua música.

Hoje é véspera de Natal e faremos uma ceia em sua casa, após a missa. Meu pai e Mercedes irão. Ela é sozinha e aceitou o convite de D. Maria de imediato. Penso que a presença de meu pai a animou também. Ele ainda não falou com ela, mas sei que comprou seu presente.

Inês me ajudou a comprar os que darei. Escolhemos brinquedos para as crianças, um jogo para Toninho, um livro sobre quadros para Edmilson. Trouxe também flores para minha sogra e D. Severina.

A ceia está deliciosa, mas o que mais me agrada é fazer parte de uma família. Há 14 anos que não sei o que é passar o Natal num clima alegre e festivo. No último ano da vida de minha mãe, ela estava no hospital nesta data e foi muito triste. Morreu poucos meses depois e nunca mais quis comemorar. Com minhas outras namoradas, não aceitava o convite para a festa em suas casas e ficava sozinho em meu quarto e meu pai, no dele, ambos imersos em lembranças tristes.

Porém desta vez é diferente. Mais um resgate de meu anjo chamado Inês. Ela trouxe a alegria de novo para minha vida. Não percebia o quanto era solitário e infeliz antes dela chegar e mudar tudo com sua meiguice e doçura.

O Sr. Magalhães também compareceu, assim como a amiga de Edmilson, Patrícia. Ele é sozinho e ela tem família, mas o clima em sua casa é péssimo e ela passa todas as datas comemorativas com seu amigo.

Abrimos os presentes à meia-noite e é muito divertido. As crianças adoram seus presentes, principalmente a Lívia, que ganhou outro traje de princesa e fez questão de colocá-lo e tirar muitas fotos.

- Vovó, é verdade que ganhou um anel de noivado de presente de Natal? – o Toninho não perde a oportunidade de brincar com D. Severina. Sr. Magalhães fica todo vermelho, mas o sorriso que tenta disfarçar sem conseguir entrega que gostou da ideia.

- Não, seu moleque abestado. Mas você vai ganhá uns cocorotes se não pará de buli comigo.

- O que foi então? Chocolates numa caixa de coração?

- Oxente, vô esquecê que é Natal e dá um jeito nesse menino.

-Fica quieto, Toninho. Deixe Mãinha sossegada – meu sogro interfere, mas vejo que está se divertindo como todos nós.

Meu pai entrega o seu para D. Mercedes num canto da sala, enquanto os outros estão distraídos, mas eu observo de onde estou. Ela olha assustada para o embrulho, sem saber como agir. Dentro, há um par de brincos muito bonitos e uma cartinha, que ela cora ao ler. O sorriso que ilumina seu rosto e o brilho amoroso em seu olhar entregam que meu pai é correspondido.

Quando ficamos a sós, Inês me presenteia com o box A Maldição do Vencedor, trilogia que estamos lendo juntos. Eu disse que gostaria de ter uma para mim e ela me deu com uma linda dedicatória:

"Para o sapinho que virou meu príncipe. Para que sempre lembre quando retornou da escuridão e nunca mais volte para ela. Com amor, Inês"

- Meu presente representa o que você é para mim, anjo – ela abre a caixinha e toca com delicadeza a peça.

- É linda, adorável - Seu sorriso é lindo e ela me abraça e beija agradecida. Pede que eu coloque a correntinha em seu pescoço e fica perfeita para ela.

- Meu anjo, que ilumina minha vida a cada dia. Que trouxe luz para minhas trevas e me ensinou a viver. Minha consciência quando estou no erro e minha inspiração para seu melhor. Te amo.

- Você trouxe o amor para mim. Antes de você, não sabia o que era estar apaixonada. Te amo, meu sapinho.

Aperto minha menina forte em meus braços. Que nada nem ninguém interfira entre nós e nos separe, pois não sei mais viver sem ela. Lembro-me das ameaças e temo que ela corra perigo ao meu lado.



Acham que Inês corre perigo?

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora