Capítulo 25

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POV Eduardo

Tê-la de novo em meus braços é a realização de todos os meus sonhos. Ela que me ensinou a sonhar e hoje é toda a minha vida.

Passei uma noite horrível, temendo que ela não fosse me querer mais, porém me recebeu de braços abertos, mesmo com um deles quebrado.

A beijo com tudo o que tenho e só me separo dela quando ouço a risadinha das senhoras que assistem a tudo. Inês sorri encabulada, e beija suas faces coradas.

- Te amo tanto, meu anjo. Obrigado por me aceitar de volta.

- Não posso dormir sem meu sapinho, preciso que você o devolva – responde rindo. Abro minha jaqueta e tiro o bichinho de pelúcia de dentro do bolso interno.

- Olha quem não suportava mais a saudade – seu sorriso é enorme e a beijo de novo, não resistindo. Ela aconchega o sapinho em seu pescoço e sinto inveja dele dormir assim abraçadinho com ela - Trouxe também seu anjo da guarda – coloco novamente sua correntinha.

Fico com ela até ser expulso, ao final do horário de visita. A enfermeira diz que o médico passará logo e talvez ela receba alta ainda hoje. Sento-me na recepção e aguardo notícias.

Como previsto, ela pode ir embora. Levo-a para casa, e, mesmo querendo ficar ao seu lado, sei que sua família também quer e respeito.

Vou para casa e vejo que há uma ligação perdida de mãe do Mauro. Eu não consegui falar com ela ontem e deixei um recado.

- Boa tarde, D. Cida. Como a senhora está?

- Estou muito abalada. Fiquei sabendo agora do que aconteceu. E sua namorada, já saiu do hospital?

- Sim, ela está bem, foi só um susto. Sinto muito pela Raquel.

- Eu que peço que me perdoe, menino. Mas não pensei que o caso fosse tão grave.

- Quem poderia imaginar? Não se preocupe, agora tudo acabou. Pena que não foi possível ajudar a moça.

- Pelo que fiquei sabendo, ela já havia surtado antes. O amor por meu filho a ajudou, mas não resolveu o problema.

- Mauro provavelmente não sabia de nada, já que éramos muito amigos e nunca comentou.

- Também acho. Vamos rezar pela alma da moça, é só o que podemos fazer agora. Se precisar de algo, pode contar comigo.

- Obrigado, D. Cida. Digo o mesmo.

Desligo, tomo um banho e preparo o jantar. Uma das receitas que meu anjo me ensinou. Meu pai chega e segue o aroma até a cozinha.

- Vejo que está animado. Como Inês está?

- Em casa, já teve alta. Tem dores ainda, mas logo estará bem.

- E vocês? Voltaram pelo visto – diz apontando as panelas.

- Sim, ela me perdoou. Estão tão feliz e aliviado. Finalmente aquela tortura psicológica acabou.

- Foi um fim trágico, mas é um alívio para nós. Aquelas cartas e telefonemas estavam me tirando o sono.

Jantamos e ele me conta de seu relacionamento com D. Mercedes. Nos aproximamos muito depois do acidente e com a ajuda do meu anjo. Ele errou em se trancar em sua dor quando minha mãe partiu, ele tinha um filho vivo afinal, mas hoje que amo Inês, sei que ficaria devastado se a perdesse e o entendo um pouco. Ainda acho que ele me abandonou, mas consigo perdoá-lo. Minha mágoa ficou para trás e estou feliz por ter meu pai de volta.

Após lavar a louça, vou para meu piano e dou os ajustes finais na música que compus para minha Inês. Agora é só conseguir tocá-la. Melhorei muito com as sessões, mas preciso contratar um novo fisioterapeuta para terminar o tratamento.

Visito minha menina e encontro a pequena Lívia cuidando da tia.

- Bom dia, meu anjo. Como está?

- Muito bem, sapinho. Tenho uma ótima enfermeira aqui comigo – a menininha faz uma reverência com sua fantasia de cinderela - Devo ser muito importante, para ser cuidada por uma princesa...

- É minha vida, meu amor. Merece o melhor.

- Titia, agola conta a histólia da pincesa e do sapo. O titio Dú está aqui.

- Tudo bem, sua malandrinha. Sente-se do meu lado. Era uma vez... – ela conta a historinha e só consigo pensar que quero ser este homem perfeito para ela, como os de seus romances e livros.

- Outra vez atrás de contos de fadas, Lívia? – Toninho entra no quarto trazendo um suco para a irmã.

- Eu goto, titio pequeno.

- Sabia que temos príncipes e princesas aqui em casa? - os olhinhos dela brilham.

- Eu sou uma. Tem mais?

- Sim, a titia Larissa é a Rapunzel, eu estava lá com o titio JC quando ele pediu que ela jogasse as tranças.

- Vedade?

- Sim. E aqui, nesta cama, está a Bela Adormecida acordada pelo príncipe, que antes era um sapo. Dois beijos de amor verdadeiro numa única história.

- Que legal. E o titio Manoel? Também é príncipe?

- Ele está mais para Gato Borralheiro, ou Gato Pedreiro – Toninho diz e nos arranca gargalhadas.

- E eu sou a Fada Madrinha – Vovó Severina entra e anuncia.

- Jula, bisa? – Lívia está muito empolgada, batendo palminhas e pulando em cima da cama – Faz uma mágica pla mim?

- Só quando crescê e for uma princesa moça. Já estou conversando com meu Santo Antônio, fique descansada.

O dia passa tranquilo. Cerco minha Inês de todo amor e terminamos o último volume da trilogia do Vencedor, que havíamos negligenciado. É uma história linda, épica, com muito sacrifício, abnegação e amor.

- Qual livro leremos agora? – pergunto ao fechar o volume e guardar em sua estante, lotada de livros.

- Que tal Crônicas de Amor e Ódio? Li boas resenhas. Ou prefere escolher algum dos que tenho aqui?

- Providenciarei hoje mesmo este que quer e começamos amanhã. Adoro ler com você.

Passo na livraria logo pela manhã e compro a trilogia toda, ela espera só o primeiro e ficará animada. Ama cheiro de livro novo e ficará muito feliz com seus novos amiguinhos.

Vou até uma nova clínica onde marquei uma consulta. O fisioterapeuta me examina e diz que estima mais 1 mês e meio de tratamento e estarei perfeito. O tempo será suficiente para meus planos e me dedicarei com afinco para estar bem para o aniversário de minha namorada.

Minha vida está excelente, nem acredito que há poucos meses pensava em acabar com ela. Aquele desespero parece uma realidade tão distante, mas a exemplo do que aconteceu com a Raquel, sei que preciso me manter atento e, ao menor sinal de recaída, procurarei ajuda.



O que acham da Raquel?

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora