Capítulo 19

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POV Eduardo

Já é a quarta vez que lavo meus cabelos e ainda está saindo glitter. Aquela menininha é um perigo. Quem mandou querer ser o tio legal? Agora aguenta e haja shampoo e água.

Encontro Inês sentada na sala lendo seu livro. Já deve estar terminando, pelo tempo que levei no chuveiro.

- Gastou toda a água do planeta, sapinho?

- Anjo engraçadinho. Vamos logo para o hospital ver seu sobrinho que o bebê deve quase estar fazendo aniversário e ainda não o vimos.

O filho de Joana e Pedro é uma gracinha, a mistura perfeita dos dois. Ver Inês com ele no colo aquece meu coração, já posso imaginar quando for o nosso bebê. Sei que é cedo, mas é ela a mulher da minha vida, não tenho dúvidas.

O pai está radiante, é bonito ver o amor que transparece nele tanto por sua mulher como por seu filho recém-nascido. E o mais interessante é seu carinho com Lívia, que não é sua filha biológica. Ninguém saberia só de olhar, pois ele a trata como se fosse sua e são muito ligados. Será que ele já passou por uma tarde de beleza como eu?

Despedimo-nos e levo minha namorada para casa. Joana terá alta daqui a 2 dias e até lá, a pequena ficará na cada de seu pai, o Leandro, irmão da Larissa do JC. Mundo pequeno...

Pela manhã, tenho nova sessão de fisioterapia e Inês me acompanha. Noto que Áurea está diferente, me trata com mais frieza e profissionalismo. Normalmente é só sorrisos e brincadeiras, mas hoje não fala nada além do necessário. Penso que talvez seja por causa de minha namorada, mas não há motivos. Deve estar com algum problema.

Inês vem para preparar o almoço e me ensinar a fazer lasanha. Aprendi muita coisa com ela e garanto que estou melhorando. Meu pai vem para o almoço e trás D. Mercedes. Eles estão namorando desde o Natal e só vi meu pai feliz assim quando minha mãe era viva.

Ajudo com a cozinha e quando estou terminando de guardar a louça, o telefone toca. Atendo e uma voz irreconhecível diz: "Sua felicidade tem prazo de validade. Vai sofrer como eu.". Ligo imediatamente para Gian e conto o que ocorreu. Ele diz que irá investigar, mas estou cansado de estar de mãos atadas.

- O que foi, sapinho? Quem era ao telefone?

- Ameaças outra vez. Falei com Gian, mas não tenho esperança de que possa me ajudar.

- Fique calmo. A polícia está cuidando do caso.

- Não conseguiram nada até agora. E se o maluco resolver agir invés de ficar nas ameaças? E se fizer mal a você ou ao meu pai?

Levo Inês para casa e decido não voltar a vê-la por um tempo. Se estou sendo vigiado, é bom que pensem que terminamos.

Porém, Inês não aceita. Não gosta de ceder ao criminoso. Preciso convencê-la de alguma forma. Passo a só conversar com ela por telefone e não vou mais a sua casa nem deixo que venha até a minha. Não aceito mais que me acompanhe nas sessões e ela está chateada, mas preciso protegê-la.

Esqueço meu celular na fisioterapia e só percebo à noite, no horário que ligaria para minha Inês. Fiquei tão focado em meus exercícios no piano que nem percebi a falta do aparelho. Sei que foi lá que deixei pois coloquei para carregar e não lembro de pegá-lo ao sair.

Ligo para a casa de minha namorada, porém Toninho me diz que ela já está dormindo. Acho estranho, mas talvez esteja cansada de trabalhar o dia todo na padaria.

Passo, logo pela manhã, pela clínica de fisioterapia. É também a casa da Áurea.

- Bom dia, Eduardo, aqui tão cedo – ela me recebe com um grande sorriso.

- Vim buscar meu celular, deixei carregando aqui ontem.

- Não percebi, mas entre, pegue onde deixou.

- Muito obrigado.

- Quer tomar café da manhã comigo?

- Agradeço o convite, mas não posso.

- Volte uma hora com mais tempo, gosto muito de conversar com você – ele me olha sedutora, e só agora percebo que está interessada em mim. Despeço-me rapidamente, constrangido.

No aparelho, há algumas mensagens de Inês do final da tarde, mas não há ligações perdidas. Ligo para ela, mas não atende. Envio mensagens e nem são visualizadas.

Volto para minha casa e encontro outra carta, diferente das demais porém:

"Pensa que me engana? Não adianta ver menos a moreninha, pois sei que ainda estão juntos. Inês é o nome dela. Você sentirá na pele o que senti. Perderá quem mais ama. Ela morrerá."

Fico apavorado, ligo para Gian e peço que coloque alguém para vigiar minha namorada. Ele diz que fará o pedido, mas não tem pessoal para segui-la 24h por dia.

Continuo ligando para Inês, mas ela não atende. Será que aconteceu alguma coisa com ela? Ligo em sua casa e me informam que está na padaria. Resolvo ir até lá.

Ela pede para dizer que não pode me atender. Insisto e ela sai para falar comigo, mas parece zangada.

- Estava preocupado, você não atende minhas ligações.

- Pelo menos não é outra pessoa atendendo.

- Do que está falando, anjo?

- Não se faça de desentendido. Te liguei ontem e foi a Áurea que atendeu.

- O que? Mas eu...

- Não quero desculpas. Quando disse que era para ficarmos afastados, pensei que era por causa das ameaças, mas não. Como fui tola...

Eu poderia explicar, mas num momento de desespero por causa da última carta, resolvo deixar que ela continue acreditando que a traí.

- Sinto muito, Inês, não queria te magoar – falo, mas meu coração se parte ao ver a dor em seus olhos. Saber que estou causando essa tristeza acaba comigo, mas é necessário.

- Vá embora, Eduardo, e leve isto – ela tira a correntinha com o pingente de anjo e me entrega. Vira as costas e volta para dentro da cozinha da padaria.

Arrasto-me para casa. Se o maluco das cartas queria me ferir, conseguiu. Mas este sofrimento é menor do que ela perder sua vida por estar perto de mim. Ela sempre foi o meu anjo da guarda, agora eu serei o dela.


O que acharam da atitude dele? Fez bem em afastá-la?

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora