30.

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Kate P.O.V.

Acordei no dia seguinte num sitio que não consegui reconhecer ao primeiro abrir de olhos. Tinha também muitas dores no corpo todo mas especialmente nos braços, nas pernas e estava a morrer de dor de cabeça. Fechei os olhos e voltei a abri-los e foi então que reconheci o sítio, eu estou no hospital.

De repente alguém entra pela porta, tenho a visão um pouco cansada mas consigo reconhecer os cabelos castanhos longos, é a Emma.

Emma – Bom dia Kate, como te sentes? – Ela aproximou-se de mim e mexeu-me nos cabelos.

Eu – Mal, dói-me tudo.

Emma – Lembraste do que aconteceu no dia anterior?

Eu – Lembro-me, lembro-me perfeitamente. Como se tivesse acontecido há poucos segundos.

De facto lembro-me, lembro-me muito bem. Lembro-me de todo aquele sangue espalhado pela casa de banho, lembro-me das lâminas, lembro-me das caixas de comprimidos, lembro-me da Emma a chorar, lembro-me do meu ar de psicopata e lembro-me melhor que tudo a raiva que eu tinha ao Cody. O meu único objetivo com aquilo foi tirar a tatuagem a dizer “Paradise”. Por falar nisso será que a tirei mesmo? Levantei um pouco o meu braço para ver se ela tinha saído mas os meus braços estavam completamente ligados, não consegui ver nada senão ligaduras.

Emma – O médico já te deu alta mas vais ter de continuar com as ligaduras. – Ela colocou uma mala em cima da cama, a meu lado. – Tens aqui a roupa para te vestires mas antes, há uma pessoa que quer ver-te. – Ela caminhou para a porta e abriu-a, um rapaz loiro com olhos verdes e cara de abatido apareceu, era o Cody. – Vou deixar-vos a sós. – Ela saiu e o Cody aproximou-se de mim.

Cody – Olá princesa.

Eu – Eu não quero falar contigo. Já viste o que me fizeste?!

Cody – Eu não queria, amor…

Eu – Não me chames amor!

Cody – Eu não queria, só queria conversar e resolver as coisas. Estou a sofrer tanto como tu.

Eu – Pois eu não te vejo numa cama de hospital cheio de ligaduras.

Cody – Por favor princesa, deixa-me ajudar-te.

Eu – Ajudar-me?! Desde que chegaste que só criaste problemas! Tiraste-me a minha liberdade, lembraste-me do Tom, tiraste-me a meu “poder” (o facto de eu mandar muito por aqui) e ainda fizeste com que eu me cortasse! Tu só puseste sal nas feridas por sarar!

Cody – Estás a esquecer-te dos nossos bons momentos. Quando quase me deste com a porta no nariz, quando eu me declarei, a primeira vez que disse que te amava, a caça ao tesouro, a nossa primeira noite, o vestido de noiva, as nossas brincadeiras, os nossos momentos românticos, aqueles dias em que ficamos o dia todo na cama aos beijinhos e a ver filmes românticos, os nossos beijos, todos aqueles momentos que nós ficávamos simplesmente a sorrir e a olhar um para o outro, todas aquelas vezes em que eu te protegi, te defendi e te dei um ombro para chorares enquanto eu te abraçava forte. Nada disso conta?

Conta, de facto conta. Eu não me esqueci de nenhum dos momentos com ele mas acontece que os momentos maus saltam mais à vista, sobressaem.

Eu – Conta Cody, claro que conta mas… – Ele interrompeu-me.

Cody – Então eu não percebo! Eu amo-te e sei que tu também me amas! Porque não ficamos juntos?

Sim, eu amo-o de facto, amo muito e lembro-me da principal razão por eu me ter cortado para tirar a tatuagem foi porque tinha raiva de o amar tanto e queria que não houvesse nada que provasse isso.

Eu – Cody, por favor. Eu estou cansada, confusa, dorida e fraca. Falamos depois.

Cody – Então deixa-me cuidar de ti, por favor. Eu amo-te tanto, o dia de ontem foi tão horrível por não estares a meu lado. – Ele acariciou a minha face mas eu tirei-lhe a mão.

Eu – Cody, por favor. Depois.

Cody – Eu só quero que saibas que te amo e que eu não vou desistir. – Ele caminhou em direção à porta e saiu.

As palavras dele ficaram a ecoar-me na cabeça. “Eu não vou desistir”. Foram exatamente as palavras dele depois de se ter declarado. Suspirei, levantei-me da cama com cuidado e vesti-me. Tenho a cabeça cheia de pensamentos mas só quero esquece-los. Saí do quarto e vi a Emma sentada à minha espera. Saímos do hospital e fomos as duas para casa, fomos o caminho todo em silêncio e quando chegamos a casa eu suspirei de alívio por lá estar, mas rapidamente descobri que não me sinto bem em nenhum sítio da casa, nem mesmo no jardim. Regressei ao quarto e deitei-me na cama de barriga para cima a encarar o teto. A minha mente inundou-se de pensamentos; pensei no Cody, na Emma, na Kylie, no Tom, nos paparazzi, nos cortes… basicamente pensei no meu último mês de vida, desde que o Cody apareceu nela. Pensei também, como estaria a minha vida se o Cody nunca tivesse aparecido; pensei no bem e no mal que causou.

Passaram-se vários minutos, até que me decidi. Levantei-me da cama e fui ter com a Emma, tenho que comunicar-lhe a minha decisão.

Ela não Gosta das Luzes ➵ c•sOnde histórias criam vida. Descubra agora