Rabisco as linhas com a mesma vontade que toco a vida,de forma desinteressada e despretensiosa. O barulho da chuva bate de leve no vidro,o tempo ameno é perfeito pra um café e uma conversa sem hora pra acabar , algo que não sei o que é há tempos.
Meus dedos batem devagar contra a madeira desgastada da mesa,uma das dezenas de gotas que escorrem pelo vidro consegue capturar minha atenção por um momento,acompanho seu trajeto solitário até o final do vidro pensando o quanto temos em comum.
Quantas vezes em meio a multidões me senti só? Cortando o mar de gente em frente,rumo a algo que nem sequer sei explicar o que é,buscando algo que não sou capaz de definir.
Quem nunca se sentiu uma gota em meio a um temporal? Quem nunca se sentiu uma parte tola e pequena desse todo em que vive?
No final,somos todos soldados solitários lutando batalhas individuais e silenciosas mas,não dizem que a União faz a força? Então por quê insistimos no individualismo cruel e desgastante que é seguir só? Não quero ser gota,quero ser chuva torrencial,quero ser enxurrada.
O alarme avisando o final do tempo de descanso me trás de volta a realidade,meio de expediente ainda. Acho que por hora...me contento em ser apenas gota,parece mais fácil lidar.
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Fragmentos
Non-FictionPáginas rasgadas de um caderno chamado vida. Sobre o tudo e o nada. O caos puro da linha de raciocínio de alguém que busca conciliar sentimento e razão em um mundo acinzentado.