Meus dedos seguraram com força a alça desgastada da mochila como se quisessem com esse gesto trazer tudo de volta ao lugar,ou ao que eu acreditava ser o lugar certo.
O ritmo cardíaco descompassado era tão alto que sentia doer a cada ressoar do meu pobre e já saturado coração.
A visão,já estava começando a ficar turva sem que eu sequer tivesse a coragem para largar meu estado débil e covarde diante da mais pura e dura verdade,não haveria um amanhã.
Segundos que pareceram horas,milésimos que pareceram séculos e naquele farol fechado , percebi o quanto caminhei na contramão de tudo que esperei e planejei.
Olhei para trás em um momento tênue de coragem daqueles que ainda conseguem sorrir diante das mais terríveis tragédias e pude por uma última vez,vislumbrar o que assolaria minhas madrugadas pelos próximos dias,semanas e meses.
Hoje,perguntado se há arrependimentos digo que sim. Não há arrependimento maior do que não ter sustentado o olhar.
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Fragmentos
Non-FictionPáginas rasgadas de um caderno chamado vida. Sobre o tudo e o nada. O caos puro da linha de raciocínio de alguém que busca conciliar sentimento e razão em um mundo acinzentado.