Amor e outros vícios

78 39 2
                                    

POV Christian

Depois de darmos  varias voltas para qualquer lugar e virar várias ruas diferentes sem nenhum rumo, percebo que ja estamos perto da praia e começo a andar mais rápido para chegarmos lá logo.

Luise está quieta, parece não notar quando eu aponto para o mar perguntando se ela quer ir até lá, ela simplesmente está parada olhando fixamente para ele. - Você está bem? - pergunto.-
- Sim, eu estou.
- Quer ir?
- Podemos só ficar aqui?
- Claro, podemos sim. - sabia que ela ia ser dessas garotas nojentinhas que tem nojo de se molhar com a água do mar.
- Obrigada.
- Mas poderiamos molhar pelo menos os pés né? - não espero respostas quando a ergo em meu ombro  deixando-a  de cabeça para baixo.
- Me soltaaa. - ela grita e eu continuo indo em direção a água.
- Por favor, me solta - ela está realmente se debatendo, será que tem medo do mar?
- É só água, fica calma.- digo colocando- a novamente no chão.
- Nunca mais faça isso. -posso ver seus olhos marejados antes dela se virar furiosa para ir embora - Está chorando? Ei, me espere.- digo enquanto seguro em seu pulso a forçando a olhar para mim.
- Não me toca dessa forma- ela grita enquanto as lágrimas escorrem pelo seus rosto.
- Me desculpa, era apenas uma brincadeira não queria te assustar- tento me explicar.
- Eu... Eu só quero ir para casa.
- Ok, vamos eu te levo - coloco minha mão em suas costas e voltamos para achar o carro que está muito longe por sinal.

Depois de ter conseguido arruinar tudo, um silêncio constrangedor tomou conta do nosso passeio desde a volta até dentro do meu pequeno carro, quando a maldita música começa a tocar de novo, aumento o volume para tentar abafar o clima entre nós,  enquanto bato os dedos no volante seguindo o ritmo lento da música, olho para o lado do passageiro e vejo Luise, ela está olhando pela janela e mexendo os lábios, mas quase não sai o som de sua voz, ela está apenas sussurando a letra enquanto mexe em suas unhas. - -O que foi?
- Nada, eu só estou te olhando.
- É eu percebi.
-Desculpe.
- Tudo bem.
Paro o carro em um acostamento e me viro para ela - É sério desculpa por ter sido tão babaca, você não é obrigada a fazer coisas só porque eu quero, eu entendo você, eu só agi por impulso sabe, achei que seria divertido.
- Está tudo bem, já passou.
- Você tem medo?
- É quase isso.
- Não precisa me contar se não quiser.
- Eu, eu não gosto de falar sobre isso, me desculpe.
-Está tudo bem. - meu telefone começa a tocar.
- Droga- digo enquanto tiro o aparelho do bolso e atendo sem ao menos ver quem está me ligando.
* Alô?*
*Christian?*
*Ele mesmo*
*Você não vem hoje? O chefe vai descontar muita grana do seu salário se faltar de novo, não ta dando mais pra te ajudar.* -  a voz de Julia uma garota que trabalha comigo, com à qual  também ja me diverti, pergunta calmamente do outro lado da linha.
* Vou chegar um pouco atrasado,mas ja estou a caminho* - digo e desligo.
- Quem era?- Luise me pergunta com os olhos curiosos.
- Uma amiga do trabalho.
- Você trabalha? Com o que?
- Sim eu trampo desde os meus 15 anos, trabalho em uma loja de filmes e livros  perto de casa, lá tem um monte de romances literários como esses que você lê.
-Como sabe que é isso que eu leio?
- Bom quando eu te conheci você estsva lendo "Romeu e Julieta".
- Ah nem vem, aquilo é uma exceção, ganhei do meu pai é como uma herança para mim.
- Aham sei, sem desculpas senhora, você adora um melodrama, está na sua cara. -  ela sorri e da um tapa leve no meu ombro,  coloco a mão encima fingindo dor, ela fica assustada e eu começo a rir da cara dela, ligo o carro e volto a dirigir.
- Onde você mora?- pergunto e presto bastante atenção enquanto ela me explica.
- Depois de mais ou menos 20 minutos chego na casa de Luise, a casa é amarela, tem dois andares e é muito bonita, tem uma mulher arrumando alguns vasos de flores no jardim, acho  eu que ela não percebeu meu carro.

Olho para o lado e risadas escapam da minha boca quando vejo Luise dormindo, ela está com a cabeça encostada na janela e os lábios entreabertos, não notei que ela havia pegado no sono, estava ocupado tentando não olhar para ela. -Hey, Luise? acorda, ja chegamos.-coloco uma mão em seu ombro e balanço-a, abrindo os olhos bem de vagar ela fecha suas mãos em punhos  e coça seus olhos delicadamente.
- Bom dia margarida- brinco com ela.
-Bom dia- ela responde bocejando.
- Pelo jeito a soneca foi boa.
- Foi sim, muito boa, obrigada pela carona.- ela diz enquanto destrava o cinto de segurança e sai do carro.
-Desculpa por qualquer coisa.
- Está tudo bem não se preocupe e obrigada por hoje.
- Obrigado por aceitar.- digo enquanto ligo o carro e ela se afasta sorrindo para mim.
...

Depois de uma tarde longa trabalhando naquele inferno de loja, finalmente são 22:00 e eu estou livre para ir embora, penso em ligar para Luise mas  lembrei só agora que nem sequer tenho o número dela, entro no carro e quando vou colocar minhas coisas no banco de trás vejo que ela esqueceu sua mochila, pego sua bolsa e abro pegando um caderno, como eu ja suspeitava, ela colocou o telefone na capa de trás, salvo o número no meu celular e mando uma mensagem.
- * Hey *
- *Hey?*
- *É o Cristian, tudo bem? Você esqueceu sua mochila no meu carro*
- *Merda*
-* Eu posso te levar se quiser*
- * Não vai te incomodar?*
- *Nem um pouco, estou saindo do trabalho agora, daqui a pouco estou ai.*
- *Ok,obrigada!*
- *Por nada.*
...
Chego na casa de Luise em vinte minutos, pego sua mochila, saio do carro e tomo coragem para tocar a campainha, uma mulher com os cabelos presos em um coque alto, vestindo um roupão vermelho abre a porta, - Posso ajudar?
- Boa noite, eu só vim entregar o caderno de Luise. -digo mas não estendo o caderno para ela, afinal eu quero ver a filha dela.
- Christian! - Luise diz descendo as escadas.
- Hey!-
- Mãe esse é Christian um amigo da escola e Christian essa é Mariana minha mãe- a mãe dela não parece gostar muito de mim mas mesmo assim sorrio e aperto a mão dela.
-Filha ja está tarde não demore-
-Tudo bem mãe- ela diz enquanto saí para a área da frente comigo, nos sentamos em um banco embaixo da janela.
- Toma, isso é seu.-
- Muito obrigada, eu só fui perceber  quando você ja tinha ido.
- Você está bem?
- Estou sim e você?
- Cansado, mas muito bem.
- Você usou hoje?
- Um pouco, mas era muito cedo.
- Vai usar de novo?
- Acho que não, eu estou bem.
- Eu quero muito que um dia você pare sabe, você não merece viver dessa maneira.
- Eu sei, eu só.... Não consigo parar é como se ja fizesse parte de mim.
- Você precisa se ocupar com outras coisas para esquecer da droga.
- Acredita em mim, eu tento.
- Como? - me aproximo dela e seguro em seu queixo quando vou tocar seus lábios com os meus ela simplesmente se afasta colocando sua mão em meu peito para eu voltar.
-Desculpe.
- Não é assim que você vai parar com as drogas, não é se aproveitando de garotas.
- O que? Você acha mesmo isso? Eu não quero...
-Tudo bem está tarde é melhor você ir, te vejo amanhã - ela diz e entra na casa.- Fico parado por alguns segundos e volto para o meu carro.-
- Merda estraguei tudo outra vez.- ligo o carro e vou para casa.









Para todos os finais comunsOnde histórias criam vida. Descubra agora