Voltei para viver

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POV LUISE
Depois que deixei Christian sozinho na varanda, comecei a pensar se havia dito algo errado, sera que peguei pesado demais? Ou apenas disse a verdade? Eu literalmente não sei, mas acho que ele gosta de mim um pouco, ou não? Eu juro que vou surtar , esse garoto está me deixando muito confusa e o pior ele nem parece se esforçar para isso, deixo de pensar quando o sono chega e eu acabo dormindo.

....

Cinco dias depois.

Acordei bem cedo hoje, mais do que qualquer dia de aula, consegui arrumar meu quarto e tomar um café bem demorado, ganhei uma bicicleta da minha mãe, ela estava guardando dinheiro para um carro na verdade, mas concordamos em deixar para mais tarde e só gastar quando eu decidir o que quero fazer no futuro,  agora posso ir mais rápido a escola e tenho dinheiro para uma boa faculdade.

Chego na escola e me sento no lugar de sempre ao lado do que costumava ser o lugar de Christian, não vejo ele desde o dia que foi em minha casa para devolver a mochila que esqueci no carro dele, pensei em ligar varias vezes mas sempre que discava o número desistia na hora de apertar o botão de chamada.

Hoje o dia foi muito chato, as aulas demoraram horrores para acabar, mas consegui fazer duas novas amizades um é da minha sala o nome dele é Liam ele é loiro e seus olhos são bem azuis ele parece um modelo mas acho que ele quer ser médico a segunda amizade conheci no intervalo acho que se chama Jéssica não me lembro bem agora, ela também é loira mas seus olhos são castanhos e ela quer ser fisioterapeuta, todo mundo dessa escola ja deve saber o quer fazer na faculdade menos eu, na verdade menos eu e o Christian, aqui estou eu pensando nele denovo.

Cheguei em casa e acabei me distraindo com uma série nova que achei na netflix, perdi totalmente a noção do tempo, pego em meu celular e vejo a mensagem antiga de Christian, tomo coragem e ligo para ele, o telefone chama três vezes até que ele atende.

- Alô? - Ele diz gritando.
- Oi Christian sou eu Luise, tudo bem?
- Ah é você, o que quer?- sua voz está afobada como se tivesse corrido uma maratona.
- Eu só liguei pra saber como está e perguntar porque esta faltando tanto.
- É que... É que estou com alguns problemas, ai...- ele geme como se estivesse com dor.
-Você está bem?
- Sim estou, eu só estou com um pouco de dor - posso ouvir ele suspirando baixo tentando não gemer de novo.
- Porque? Você apanhou?
- Não... Na verdade sim mas não é nada demais, enfim eu vou ficar bem.
- Onde você está?
- Porque quer saber?
- Eu... Eu posso te ver?
- Acredite em mim, você não vai querer ver isso.
- Sim eu vou querer ver isso, na verdade eu ja estou indo ver, me passa o endereço.
- Não sério, não precisa.
- Cristian eu quero te ver é sério.
- Eu também quero mas não hoje.
-Nem tudo é como queremos
- Sim eu entendo muito bem isso, você acha que eu quero que me veja da maneira que estou? Você acha que eu quero me esconder? Você acha que eu queria ser um viciado?Você acha que eu queria ter essa vida de merda? Realmente nem tudo é como queremos.
- Ei, me desculpe por aquele dia, eu só não queria que pensasse que eu era fácil ou algo do tipo, enfim eu sei que você não quer apenas me usar para esquecer da droga.
- Sim mas o que adianta?
- Como assim?
- Deixar de me viciar nas drogas para me viciar em você.
- Agora é sério, me passa o endereço.

Depois de inúmeras tentativas consigo fazer  Christian me passar o endereço de onde ele está, saí escondida e peguei minha bicicleta no fundo do quintal, cheguei em sua casa em menos de 10 minutos, bato na porta uma vez mas ninguém atende, quando vou bater novamente a porta se abre, e posso ver Christian mesmo através da escuridão que está atrás dele, ele esta usando um moletom preto com capuz, seus olhos estão roxos e tem um corte em sua boca, ele está parado olhando para o lado enquanto eu analiso o seu estado que está realmente muito deplorável.
- Oi
- Oi... Entra ai
- Obrigada - digo enquanto sigo ele até o andar de cima da casa.
- Pronto está me vendo - ele diz fechando a porta do seu quarto e logo depois sentando na cama.
- Sim, estou! O que... O que aconteceu?
- Como você pode ver, eu levei uma bela de uma surra.
- Mas porque?
- Eu usei a droga do idiota do meu padrasto, então ele surtou e chamou alguns amigos para me arrebentarem como forma de pagamento.
- Isso, isso é horrível, você está cuidando disso? - digo colando a mão em seu rosto e ele se afasta.
- Não eu nem sei como fazer isso sumir, só vou deixar assim e uma hora desaparece, como fiz das últimas vezes.
- O que? Essa não é a primeira?
- Não, acho que essa é a quinta,mas as outras não tiveram motivos ele só achava divertido chegar bêbado e me bater.
- Como você consegue?
- Eu sei lá, eu quase nem fico em casa, geralmente estou na casa de Monique- ele me olha atento, acho que ele não queria citar o nome dela.
- Porque?... Porque você ainda mora com ele?
- Porque eu preciso, eu não tenho nada.
- Sua mãe não te deixou nada?
- Sim ela deixou, mas eu não posso pegar, ele está com tudo até com a grana que meu doador de esperma me deixou quando foi embora.
- O que pretende fazer?
- Agora?
- Não, com ele e com a sua vida
- Bom, eu não tenho mais certeza do que quero, eu não me sinto bem na verdade, isso é algo que me estraga mais do que cheirar cocaína, isso é mais do que acabar só com a minha saúde, isso é acabar com a minha vontade de viver é acabar com a minha vontade de ter uma vida sabe, de acreditar que é possível e vai existir dias que eu vou sim, poder acordar sorrindo de verdade sem ter usado nada, apenas sorrir por estar feliz.
- Você vai sair dessa.
- Como?
- Eu...Eu não sei, mas você vai, porque eu vou te ajudar.
- Não é tão fácil assim
- Eu sei, eu nunca disse que seria.
- E como pretende começar?
-Bom primeiro vamos cuidar da sua cara, espera ai daqui a pouco eu volto.
- Onde vai?
- Só espera, ok?
- Ok.

Saio depressa da casa de Christian e vou a farmácia, coloco na cestinha, algodão, vários curativos, pomadas e um soro para limpar os machucados dele, vou até a área de bebidas e pego alguns Gatorades de morango, será que ele comeu hoje?peço quatro sanduíches naturais a moça do balcão e ela coloca no caixa para mim, pago com o cartão de crédito que minha mãe me deu, ela pediu para mim usar nas emergências e essa é uma emergência pelo menos eu acho.

Volto a casa de Christian e dessa vez não bato na porta, entro em silêncio, subo as escadas e vou até seu quarto, que está com a porta aberta, ele esta deitado, fecho a porta atrás mim e sigo até a pequena cama que ele está dormindo sentado, acho que cansou de me esperar e pegou no sono.
- Ei, Christian, acorda eu ja voltei - digo balançando seu ombro.
- Achei que não ia voltar - ele diz se espreguiçando.
- Eu nem demorei tanto assim vai - digo brincando e ele sorri.
- Onde foi?
- Comprar algumas coisas para nossa missão.
- Missão?
- Sim, nossa missão de te devolver a vontade de viver.
- Você está brincando?
- Eu não brinco em minhas missões, agora fica quieto e me mostre os seus machucados.
- Todos?
- Tem mais? - pergunto, enquanto observo ele tirar o moletom para me mostrar os hematomas em seus braços e na sua barriga.
- Meu Deus !! - eu digo colocando uma de minhas mãos na boca abafando o som.
- Ei, você está bem? - ele me pergunta enquanto meus olhos se enchem de lágrimas.
- Como?
- Como o que?
- Como você vive com um monstro desse, olha o que ele fez com você - não consigo parar as lágrimas que estão descendo sem parar de meus olhos.
- Ei, está tudo bem, isso vai sair.
- Sim, eu sei mas o que ele fez aqui com você, vai sair? - digo apontando para seu coração.
- Eu posso superar - enxugo meu rosto e respiro fundo.
-Tudo bem, eu vou limpar isso, pego o algodão, molho com soro e começo a passar em seu rosto, depois de limpar tudo passo a  pomada em todos os roxos de sua pele.
- Você está com fome? Trouxe sanduíches - pego um e estendendo para ele.
- Obrigada eu não comi nada hoje.
- Porque não comeu?
- Eu esqueci e também ...
- Já entendi, só coma e beba isso pois vai te manter hidratado.
- Tudo bem.
- Espera... Está sangrando denovo, pego novamente o algodão e me aproximo dele para limpar o corte em sua boca, mas algo mais forte me chama para perto dele é como um imã, estou olhando fixamente no fundo de seus olhos verdes e não consigo desviar, só paro de olhar quando fecho meus olhos e sinto nossos lábios se juntando em um beijo calmo, o beijo começa a acelerar mas   ele geme de dor quando forço meus lábios nos dele e eu me afasto.
-Desculpe, isso deve estar doendo.
- Não mais, acho que você curou - ele brinca
- Bom, ja está tarde eu vou indo nessa, se cuida e me liga qualquer coisa.
- Tudo bem, muito obrigado.
- É sério me liga tá.
- Não se preocupe eu vou, você não precisa nem pedir.
- Então... Boa noite.- ele se levanta da cama e vem em minha direção.
- Boa noite, se cuida.- Recebo um abraço super apertado de Christian, quando ele se afasta ficamos parados olhando um para outro, será que ele quer me beijar denovo?
-Eu, fecho a porta quando sair. - digo e saio do quarto.
Desço as escadas correndo, bato a porta e volto para minha casa.

Minha mãe ja deve estar dormindo a muito tempo, subo as escadas em silêncio para não acorda-lá e entro no meu quarto. Meu celular vibra com a mensagem de Christian.
*Obrigada por hoje, você salvou minha noite, vamos nos ver amanhã para continuarmos a nossa missão?*
*Será que devemos?*
*Bom eu ja estou quase curado*
* Então tudo bem*
*Não esquece aquele remédio*
* Qual remédio?*
* Seu sorriso*
* Não vou esquecer, boa noite Christian*
*Boa noite Luisa, ops*









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